Capítulo 28

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EU ESTOU BONITO. TRAJANDO UMA BELA CALÇA CINZA, camisa social azul-marinho, sapatos novos. E, além disso, acabei de tomar um banho daqueles.

Meu pai me levou para fazer compras e depois fomos à casa dele, onde ele me deixou usar o chuveiro do seu quarto de hóspedes. O resultado? Eu estou novo em folha, é claro. Porém ele não me deixou telefonar para Scarlett. Sim, eu sei o número do telefone dela. É um dos dois telefones que eu consigo guardar de memória: O número dela e o do restaurante chinês que faz entrega em domicílio.

Então, em vez de me deixar telefonar, meu pai ligou ele mesmo para Scarlett e perguntou gentilmente se ela ainda estaria livre para se encontrar
comigo esta noite. Evidentemente, ela disse que sim e ele a avisou que eu a
buscaria às seis. Quando o carro de luxo que eu contratei estaciona em frente ao prédio de Scarlett, eu me sinto como um adolescente a caminho do baile da escola. Exceto pelo fato de que não comprei uma pulseira de flores para dar a ela e nem tenho mais a estamina própria dos adolescentes — já passei dessa fase há muito tempo, graças a Deus. Mas o nervosismo é o mesmo e os meus nervos estão à flor da pele. Eu saio do carro e vou falar com o porteiro. Ele interfona para avisar Scarlett que cheguei e eu espero, andando para lá e para cá na portaria,
contando a quantidade de peças do piso. Três intermináveis minutos depois, ela aparece no saguão.

Scarlett está vestindo uma saia de cor vermelho-amora e uma blusa preta. É a mesma roupa que ela usou quando fomos comprar o anel. Quando me dou conta disso, uma estranha sensação de ansiedade me invade. É como um sinal. Ela se aproxima de mim e eu agora posso vê-la em detalhes. Seus cabelos caem sobre os ombros de maneira solta, encantadora. Seus lábios estão vermelhos e brilhantes. Acompanho com os olhos toda a extensão de suas pernas à mostra, até me deparar com os sapatos pretos de salto alto. Não sei com certeza se já disse a ela que esses são os meus sapatos favoritos; e, de repente, fico ainda mais animado de saber que aqueles que ela mais gosta de usar são os que eu gosto de vê-la usando. Eu mal posso acreditar que fiquei apenas oito horas sem vê-la.

Scarlett fica parada diante de mim, olha bem nos meus olhos e encosta o dedo indicador no meu peito.

— Eu não sei se beijo você ou se bato em você. Eu mandei mensagens de
texto o dia inteiro. Para a minha bolsa! — ela diz, enfiando a mão dentro da
bolsa e vasculhando seu interior.

Ela tira o meu telefone celular dali, o empurra em minha mão e a primeira
mensagem que vejo na tela me faz sorrir:

ESSA FOI A MAIOR MENTIRA QUE JÁ CONTEI NA VIDA. ME LIGUE.

— E como se não bastasse, eu telefonei para você várias vezes, até me lembrar de que o seu celular estava comigo. Passei o dia inteiro mandando milhões de mensagens para mim mesma. Você deixou o celular no silencioso, seu idiota!

— Bom, tenho que reconhecer que se alguém merece ser chamado de idiota hoje, esse alguém sou eu. — Apesar de tudo eu sorrio, porque esse é um dos motivos que me fazem amá-la loucamente: ela não tem receio de
partir para cima de mim e me dar uma bela bronca.

— Você ao menos quer saber o que as mensagens diziam?

— Quero — respondo, pegando a mão dela e entrelaçando seus dedos nos
meus.

Deus, como é bom tocá-la de novo!
E eu sinto que a felicidade existe
quando ela aperta a minha mão também.

— Mas agora, primeiro, o que eu
quero é levá-la para sair.

— Para o restaurante em Chelsea? — ela pergunta quando chegamos à
porta da resplandecente limusine preta.

— Sim, mas ainda não. Primeiro vou levar você para um passeio temático
por Nova York. O nome do passeio é: "Lições que Aprendi na Última Semana", e esta é a primeira parada. — Eu aponto o prédio dela. Ela arqueia
as sobrancelhas, convidando-me a falar mais.

Between Precious Jewelry & Drinks - EVANSSON #CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora