03 - A cidade dourada - Parte I

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 Azaban, a Joia Dourada do Sul, erguia-se majestosamente entre colinas verdejantes e rios serpenteantes, uma visão de esplendor e harmonia. Suas altas torres de pedra brilhavam sob o sol, refletindo tons dourados que cegavam os olhos dos viajantes que se aproximavam. As ruas eram pavimentadas com pedras brancas e lisas, cuidadosamente polidas ao longo dos séculos por gerações de mestres artesãos. A cidade era um centro de comércio e cultura, com portos magníficos repletos de navios de todas as formas e tamanhos, usando bandeiras de reinos diferentes. As embarcações, com suas velas coloridas, vinham de terras distantes, trazendo especiarias exóticas, tecidos finos e histórias de reinos além-mar. Os portos eram um espetáculo à parte, com cais de madeira escura que se estendiam como dedos na água azul profunda. Marinheiros carregavam barris e caixas, enquanto comerciantes negociavam animadamente, suas vozes se misturando em uma cacofonia harmoniosa.

Nas ruas de Azaban, a vida fluía com uma tranquilidade vibrante. As pessoas zanzavam de um lado para o outro, suas roupas ricas em cores e tecidos, refletindo a prosperidade da cidade. Crianças corriam e brincavam, suas risadas ecoando entre os edifícios. Vendedores ambulantes apregoavam seus produtos, desde frutas frescas até joias reluzentes, enchendo o ar com aromas e sons diversos.

Por entre as vielas e praças, exércitos de Azaban marchavam com precisão e disciplina. Os soldados, vestidos com armaduras brilhantes e capas brancas, patrulhavam em formação impecável. Suas lanças e espadas cintilavam ao sol, e seus escudos ostentavam o brasão da cidade – um leão dourado sobre um campo azul. Eles mantinham a ordem e a segurança, mas também eram símbolos vivos do poder e da glória de Azaban.

As construções de Azaban eram um testemunho da engenhosidade e da beleza. Edifícios altos e graciosos, com arcos elegantes e detalhes esculpidos, erguiam-se entre jardins exuberantes e praças pavimentadas. Árvores antigas e majestosas alinhavam as avenidas principais, oferecendo sombra e frescor aos passantes. Flores de todas as cores adornavam canteiros e varandas, perfumando o ar com sua fragrância doce.

No centro da cidade, erguia-se o Palácio Real, uma estrutura imponente de mármore branco e ouro. Torres altas e esguias tocavam o céu, e janelas amplas permitiam que a luz do sol inundasse os salões reais. O palácio era o coração pulsante da cidade, onde o rei governava com sabedoria e justiça. Salões de banquetes, repletos de tapeçarias e candelabros, abrigavam festas grandiosas e reuniões importantes. Jardins luxuosos, com fontes e estátuas, ofereciam um refúgio de paz e beleza.

Azaban era mais do que uma cidade; era um símbolo de harmonia entre a natureza e a civilização. Os rios que a atravessavam eram límpidos e cheios de vida, e os campos ao seu redor eram férteis e bem cuidados. A paz reinava em suas muralhas, protegida por acordos diplomáticos e pela força de seus exércitos numerosos. A vida em Azaban era uma dança delicada entre o passado glorioso e o presente próspero, um lugar onde tradições antigas encontravam a inovação, e onde cada habitante contribuía para a grandeza contínua da Joia Dourada do Sul.

Calum nunca havia visto um lugar tão magnífico e pacífico, uma visão quase irreal depois de suas experiências na Floresta Sufocante. Ele sabia, no entanto, que por trás da beleza e da tranquilidade, havia segredos e uma podridão que poucos conheciam. Azaban, com toda a sua glória, era um palco onde o destino de muitos se entrelaçava, e Calum estava prestes a descobrir seu papel nesse grandioso reino. Ainda havia vislumbres da traição. Uma cicatriz enorme da perfuração no pescoço era uma ferida de sua ressurreição. Ele não acreditava, é verdade. Sua sobrevivência foi algo sobrenatural, afinal de contas, segundo boatos, foi encontrado sem vida por viajantes que tomaram o caminho sombrio da floresta, mas por alguma obra do destino, retornou. A mudança foi sentida no corpo, parecia mais forte, mesmo que houvesse se passado algumas semanas desde o trágico acontecimento, os flashes iam e vinham na sua memória, como um presságio de que algo incomum estava prestes a acontecer.

Ladar - Sangue & Sacrifício - CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora