— Magia, Calum. As Cinco Espirais do Tempo: o fogo, a água, a terra, o ar e o gelo. Um portador é capaz de manipular cada um desses elementos, trazendo tanto paz quanto desgraça. No entanto, as Cinco Espirais do Tempo podem, a qualquer momento, cobrar um preço por seu uso — disse a velha Morgana, sua voz rouca e fraca, entremeada por tosses. — Seu poder é algo novo, nunca antes visto. Você tem visões do passado, contato com seres mágicos e consegue, de alguma forma, dobrar tudo ao seu favor. Mas, no meio de tudo isso, há algo mais tenebroso. É como se sua vida estivesse interligada com o Caos. Cada parte do seu corpo carrega uma centelha de poder, e isso não é nada bom.
Calum e Morgana estavam do lado de fora da cabana, sentados em bancos de madeira rústica, tomando chá quente sob o céu nublado.
— Como assim, isso não é nada bom? — perguntou Calum, seu olhar preocupado fixo na velha feiticeira.
Morgana esboçou um sorriso tímido antes de voltar-se para o rapaz ao seu lado.
— O poder que você herdou é mais forte que qualquer magia neste mundo, Calum. É como se os deuses tivessem lhe agraciado e, ao mesmo tempo, sentenciado à morte. Essa magia cobra um preço alto ao ser usada. Ela esteve adormecida por muito tempo em seu corpo, até ser despertada na Floresta Sufocante — explicou Morgana, com uma voz que misturava compaixão e gravidade. — Mesmo que eu ensine você a controlá-la, chegará um momento em que ela se expelirá do seu corpo e destruirá tudo ao seu redor.
Calum engoliu em seco, o peso das palavras de Morgana o esmagando.
— E se eu não quiser? — perguntou ele, a voz trêmula.
— Você a reivindicou perante centauros, homens e outras criaturas. Não pode voltar atrás. Nem mesmo se Sangue & Sacrifício existisse. Você deve controlar o poder, e não o contrário. Eu posso ajudá-lo, mas com o tempo, você deve aprender quando e como usá-lo.
Calum balançou a cabeça, desesperado.
— Eu... eu não sei se consigo, Morgana. Não faço ideia de como usá-lo... de como despertá-lo. Eu sou um fiasco.
Morgana pousou a mão enrugada sobre a de Calum, seus olhos cheios de uma sabedoria antiga.
— Você não é um fiasco, Calum. Todo grande poder vem com grandes desafios. E é exatamente por isso que você deve acreditar em si mesmo. Vamos começar com pequenos passos. Cada dia, um pouco mais. E, eventualmente, você verá que pode controlar as Cinco Espirais do Tempo.
Calum respirou fundo, tentando encontrar alguma força nas palavras de Morgana. Ele sabia que o caminho à frente seria árduo, mas a presença da velha feiticeira lhe dava uma centelha de esperança. Ela levantou-se lentamente, indicando que a lição estava encerrada por agora.
— Vamos, jovem senhor. A jornada começa agora, e eu estarei ao seu lado em cada passo.
Era como em Noron, mas ao invés de árvores, grandes pedras formavam um círculo no meio de uma floresta sombria. O canto dos corvos parecia um prenúncio, e uma neblina escorria das montanhas, envolvendo todo o ambiente. O ar era sempre denso, as folhas e gravetos quebrando com o contato e a pressão que os pés de Calum adicionavam aos passos. Seus olhos azuis corriam sobre as relvas, troncos grossos e nos símbolos gravados nas pedras, tentando entendê-los. Porém, Morgana preferia deixar oculta parte da história, pois se Calum soubesse como aqueles selos foram gravados, iria se descontrolar.
— Como se chama? — ele quis saber. — Qual o nome deste lugar?
A velha Morgana apoiou-se no cajado, olhando para o chão e, depois, para os olhos intensos do rapaz.
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Ladar - Sangue & Sacrifício - CONCLUÍDO
FantasíaSetecentos anos antes de Sangue & Honra. Em um mundo onde a lua ilumina um terreno de trevas e traições, Calum Fireblade emerge das profundezas da Floresta Sufocante. Criado como um simples caçador, o destino o leva a um caminho de sangue e glória q...