Ladar - Sangue & Sacrifício - CONCLUÍDO

09 - Outrora era assim - Parte I

Aylan emergiu das águas cristalinas dos Portos-Brancos, sua figura imponente causando admiração e temor nos presentes. O sol brilhava intensamente no céu, refletindo na superfície do mar e criando um espetáculo de luz ao redor do príncipe das sereias. Seus seguidores, uma fileira de guerreiros sereianos igualmente impressionantes, acompanhavam-no com disciplina e respeito, suas armaduras escamadas reluzindo sob a luz do dia.

Com passos firmes, Aylan avançou em direção à costa. Seus músculos bem definidos e a tatuagem tribal em seu peito destacavam-se, reforçando sua aura de poder e invencibilidade. O tridente em sua mão, símbolo de sua autoridade, parecia pulsar com uma energia antiga, conectando-o às profundezas do oceano.

Os habitantes de Azaban, acostumados às maravilhas do reino, não podiam deixar de admirar a figura majestosa que agora caminhava entre eles. Os murmúrios de respeito e curiosidade se espalhavam pela multidão enquanto Aylan e seus seguidores faziam seu caminho em direção ao Castelo Dourado, a residência do rei Rowan.

O percurso pelo reino era uma exibição de poder e supremacia. As ruas estavam decoradas com bandeiras e flores, em homenagem ao ilustre visitante. Os guardas reais abriram caminho, seus olhares fixos e vigilantes, enquanto o príncipe sereiano avançava com passos seguros.

Ao chegar às portas do castelo, Aylan foi recebido por uma escolta de soldados que o conduziu através dos corredores adornados com tapeçarias e ornamentos de ouro. O som de seus passos ecoava pelos salões vastos, cada movimento reforçando sua presença imponente.

Finalmente, ele entrou na sala do trono, um espaço grandioso com paredes douradas e janelas altas que permitiam a entrada de luz natural. O trono, feito de ouro e adornado com pedras preciosas, destacava-se ao fundo, simbolizando o poder e a riqueza do reino.

Diante do trono estava o príncipe Zian, um jovem de apenas doze anos, mas cuja postura e expressão sombria transmitiam uma maturidade além de sua idade. Seus olhos fixos em Aylan eram frios e avaliadores, refletindo um preconceito e uma arrogância inabaláveis.

— Bem-vindo, Aylan, príncipe das sereias — Zian disse, sua voz carregada de desdém e autoridade. — Meu pai, o rei Rowan, convocou sua presença para que você possa guarnecer nossa enseada. Assegure-se de cumprir suas obrigações com a lealdade e a eficiência esperadas de alguém de sua posição.

Aylan manteve-se firme, seus olhos encontrando os de Zian com uma visão inabalável.

— Eu estou aqui a pedido do rei Rowan — respondeu ele, sua voz profunda e controlada. — Meu povo e eu defenderemos estas terras como foi solicitado. No entanto, lembre-se, príncipe Zian, que respeito e lealdade são uma via de mão dupla.

A tensão no ar era palpável, mas Aylan permaneceu inabalável, sua presença dominando a sala do trono. Ele sabia que, apesar da atitude do jovem príncipe, sua missão era crucial para a segurança de Azaban. E com a força e a determinação dos sereianos, ele estava pronto para cumprir seu dever, mostrando ao reino o verdadeiro poder do Senhor dos Mares do Oeste, ainda que fossem submissos aos homens.

O silêncio que seguiu as palavras de Aylan foi cortante. Zian, o jovem príncipe de Azaban, manteve seu olhar fixo no príncipe das sereias, seus olhos estreitos com uma mesquinharia que parecia inapropriada para sua idade.

— Você pode ser poderoso no mar, Aylan, mas lembre-se de que está em terra firme agora — disse Zian, sua voz carregada de um desprezo mal disfarçado. — E aqui, o poder pertence a nós.

Aylan não se deixou abalar pelas palavras do príncipe. Sua expressão permaneceu imperturbável, sua postura imponente e digna. Ele sabia que Zian estava testando-o, tentando afirmar sua autoridade de uma maneira imatura e mesquinha, porém engoliu em seco.