08 - Uma nova visão - Parte I

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Calum estava em um sonho vívido, caminhando por uma terra fria e desolada. A paisagem ao seu redor era coberta de gelo e neve, e o ar estava impregnado de um silêncio profundo, interrompido apenas pelo som de seus próprios passos esmagando a crosta gelada sob seus pés descalços. O céu acima era de um cinza opaco, sem qualquer sinal de sol ou estrelas. Enquanto ele avançava, um poder começou a emergir de dentro dele, como chamas, mas de uma cor esverdeada e tangível. As chamas subiam de sua pele, irradiando um calor sobrenatural que contrastava com o frio cortante ao seu redor. Seu corpo, delineado por tatuagens que pareciam pulsar com uma energia própria, brilhou sob o efeito das chamas esverdeadas, criando um espetáculo hipnótico de luz e sombra.

Calum tinha uma aparência marcante, seus cabelos negros, molhados e desordenados, caíam em cachos ao redor de seu rosto esculpido. Gotas de água escorriam por sua pele, misturando-se com as chamas esverdeadas que continuavam a emanar dele, criando pequenos vapores ao contato. Seus olhos, semicerrados, refletiam uma intensidade profunda, como se estivesse imerso em uma batalha interna, lutando para controlar ou entender aquele poder que emergia de si. Seu peito nu, definido e tatuado, exibia cada músculo em tensão, realçado pelas chamas dançantes. Uma corrente simples com um pingente pendia de seu pescoço, movendo-se suavemente com cada movimento. As chamas esverdeadas se entrelaçavam ao redor de seu corpo, subindo por seus braços e envolvendo seu tronco, até desaparecerem em uma névoa luminosa.

A sensação era de uma mistura de poder e vulnerabilidade. O calor das chamas contrastava com o frio ambiente, criando uma dicotomia que refletia a própria essência de Calum naquele momento. Ele estava perdido, mas ao mesmo tempo, parecia estar descobrindo algo profundamente enraizado em sua própria alma. Em meio ao frio e ao silêncio da terra congelada, Calum sentia o peso de uma força antiga e poderosa que começava a despertar dentro dele, prometendo mudar tudo que ele conhecia. Mas este sonho foi muito diferente dos outros passados; este, por sinal, o fez acordar sem tumulto, sua respiração calma, como se estivesse sendo controlada. Seu rosto tocava o chão frio, ainda nu, parecendo fraco. Seus olhos se abriram lentamente à procura de alguma luz na escuridão daquela caverna onde estava preso. Ele observou atentamente quando viu o homem loiro sentado do outro lado da cela.— Que bom que acordou — ele disse, sem expressão, mas parecia aliviado. — Pensei que morreria sonhando.

Calum fez um esforço para se sentar nas pedras frias, seu corpo todo dolorido depois de ser brutalmente violado. Apanhou as mudas de roupas e as vestiu enquanto Rasmus o encarava no escuro, lutando contra um mal que ele não sabia discernir. Absorto, preocupado, ele moveu a língua por cima dos lábios, mudando de expressão, conferindo os passos enquanto encurtava o espaço e segurava firme nas barras de ferro.

— Quem é você? — a pergunta fez Calum frear os passos. — Me diga!

Calum terminou de colocar a camisa, olhando para as paredes de pedras escuras com musgos e limo. Baixou o olhar e, depois, fitou o loiro impassível.

— Como assim, quem sou eu?

— Os sonhos — ele começou, suavemente. — Tem algo em você que é impossível passar despercebido. Seus olhos, sua forma, e como veio parar aqui, neste lugar. Uma energia cruel desmascara os homens mais tementes, e eu sou um deles. Eu sonhei com você. Estávamos em um jardim, tão belo que é impossível ter neste mundo e... havia uma mulher.

Calum sentiu o coração errar uma batida.

— Ela colhia frutos de uma árvore brilhante, os frutos eram dourados, mas podres quando mordíamos. O nome dela ainda ecoa na minha mente, eu a vejo me chamando, sua voz como uma melodia calma e suave ecoando com notas frias. E algo me intrigou... ela disse que cabia a você... Corvo Branco.

A revelação deixou Calum perplexo. Ele sabia que os sonhos eram mais do que apenas sonhos; eram visões, mensagens de um destino que ele ainda não compreendia. A menção ao "Corvo Branco" fez sua mente correr por memórias vagas e símbolos antigos, tentando juntar as peças do quebra-cabeça que estava sendo apresentado a ele.

Ladar - Sangue & Sacrifício - CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora