10 - Caos & Sangue - Parte II

1 0 0
                                    

Calum acordou com uma dor aguda percorrendo seu corpo. Cada movimento parecia um esforço hercúleo, enquanto a magia dentro dele causava uma agonia penetrante, como se suas entranhas estivessem em chamas. Seus olhos abriram-se lentamente, ajustando-se à luz suave que invadia o quarto. Ele estava deitado em uma cama simples, cercado por velas que emanavam uma luz cálida e reconfortante. Ao seu lado, uma figura familiar inclinava-se sobre ele com um olhar de profunda preocupação. Morgana, a última dos homens antigos a possuir a magia, estava ao seu lado. Suas mãos hábeis e experientes, apesar da idade, trabalhavam incansavelmente para aliviar a dor de Calum. Ela usava um vestido simples, mas elegante, e um manto que a envolvia como uma segunda pele, conferindo-lhe uma aura de autoridade e sabedoria. Sua expressão era séria, mas havia uma ternura nos olhos que só se vê em quem dedica a vida ao cuidado dos outros.

— Calum, mantenha-se firme — disse Morgana com voz suave, mas firme. — A magia é traiçoeira, mas farei o possível para aliviar sua dor.

Ela mergulhou um pano em uma tigela de ervas e água quente, torcendo-o delicadamente antes de colocá-lo sobre a testa febril de Calum. O alívio foi imediato, embora a dor persistente ainda se fizesse sentir em cada fibra de seu ser. Morgana trabalhava com destreza, misturando ervas em uma tigela, criando uma pasta que ela aplicava cuidadosamente nas feridas do rapaz. Ele gemia de dor, mas suportava bravamente, sabendo que a ajuda de Morgana era sua única esperança naquele momento de agonia.

— A magia... penetra sob os ossos — murmurou Calum entre dentes trincados, a voz fraca mas determinada.

Morgana assentiu, compreendendo a extensão do tormento que ele estava enfrentando.

— Sei que a dor é intensa, Calum. Mas você deve resistir. A magia dentro de você é poderosa, e apenas aqueles com grande força de vontade podem controlá-la — Ela se inclinou mais perto, seus olhos encontrando os de Calum com uma intensidade que transbordava sabedoria e compaixão.— O destino do mundo repousa sobre seus ombros, jovem Corvo. Você deve aprender a dominar a dor e transformar essa magia em uma força para o bem.

Calum respirou fundo, tentando encontrar forças nas palavras de Morgana. Ele sabia que a jornada à sua frente seria árdua, mas a presença daquela mulher sábia e poderosa ao seu lado lhe dava uma esperança renovada. Ele fechou os olhos, deixando-se envolver pelo cuidado de Morgana, enquanto a dor lentamente diminuía, substituída por uma determinação feroz de cumprir seu destino.

— Morgana... — murmurou ele, sua voz carregada de gratidão. — Obrigado por não desistir de mim.

Ela sorriu levemente, um sorriso que carregava séculos de conhecimento e sacrifício por trás.

— Nunca desistiria de você, Calum. Você é o Corvo Branco, e juntos enfrentaremos qualquer escuridão que se aproxime.

O amanhecer trouxe uma nova luz ao quarto, banhando ambos em uma aura de esperança.

A Baixada dos Mestres em Azaban é um lugar vibrante e pulsante, onde a vida se desenrola em uma coreografia intrincada de sons, cheiros e cores. Localizada no coração do distrito dos plebeus, a Baixada é o centro de comércio e socialização, onde moradores e visitantes se misturam em uma sinfonia caótica, mas harmoniosa. As ruas são estreitas e sinuosas, pavimentadas com pedras irregulares que foram gastas pelo tempo e pelo tráfego constante de pessoas e carruagens. As casas e lojas, de arquitetura medieval, são construídas com madeira e pedra, apresentando fachadas que exibem uma mistura de fachos envelhecidos e toques de pintura fresca, resultando em uma aparência acolhedora, mas um pouco rústica. Telhados inclinados com telhas de barro variado adicionam um charme pitoresco à paisagem urbana.

Bandeiras e estandartes coloridos pendem de janelas e varandas, oscilando suavemente ao vento, enquanto cestas de flores dão um toque de cor vibrante às paredes de pedra. Ao amanhecer, a luz do sol inunda a Baixada, criando um jogo de sombras e brilhos que acentua a beleza arquitetônica do lugar. O ar é impregnado com uma mistura de aromas tentadores: o cheiro doce de pães recém-assados, o aroma picante das especiarias e o perfume delicado das flores frescas. Barracas de comerciantes alinham-se em ambos os lados das ruas, oferecendo uma variedade estonteante de produtos. Frutas e vegetais frescos, ervas medicinais, tecidos luxuosos, armas forjadas por habilidosos ferreiros, joias finamente trabalhadas e artefatos mágicos raros disputam a atenção dos compradores. O som das vozes negociando preços, o riso das crianças brincando, o clangor do martelo do ferreiro e a melodia dos bardos de rua formam um pano de fundo sonoro que dá vida à Baixada, é como se fosse um suspiro antes da morte.

Ladar - Sangue & Sacrifício - CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora