04 - O Festival da Lua - Parte I

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O primeiro raio de sol despontou no horizonte, tingindo o céu com um espectro de cores douradas e rosadas que anunciavam a aurora na cidade dourada de Azaban. A luz suave e acolhedora infiltrou-se pela janela aberta, acariciando delicadamente as cortinas de linho que balançavam com o sussurro do vento matinal. As cortinas dançavam como espíritos, movidas pela brisa que trazia consigo o aroma fresco de terra molhada e flores desabrochando nos impávidos jardins.

Calum, ainda embrulhado nos lençóis finos de seda, sentiu o calor reconfortante da luz solar contra sua pele. Lentamente, seus olhos se abriram, piscando para ajustar-se ao brilho crescente. Ele inspirou profundamente, sentindo-se revigorado pela serenidade da manhã que o envolvia. Com um movimento fluido e gracioso, levantou-se da cama, permitindo que os lençóis escorressem de seu corpo como uma segunda pele, revelando a musculatura firme e esculpida pela disciplina.

Caminhou descalço até a varanda, seus pés tocando o chão frio de mármore, cada passo um circunstantes da magnificência do castelo. Ao alcançar a varanda, foi recebido por uma vista que tirava o fôlego. A muralha imponente do castelo de Azaban se erguia como um depositário sisudo, protegendo a cidade que pulsava com vida logo abaixo.

Na Baixada dos Mestres, a atividade era frenética. Homens e mulheres trabalhavam com uma energia vibrante, hasteando enfeites coloridos e bandeiras que dançavam ao vento. Os estandartes eram adornados com os brasões das antigas casas, suas cores e símbolos contando histórias de glórias passadas e esperanças futuras. A música de uma flauta distante e o riso das crianças enchiam o ar, fundindo-se em uma sinfonia alegre que celebrava a chegada iminente de uma grande festividade: O Festival da Lua.

Os mercados estavam repletos de mercadorias exóticas: especiarias raras que perfumavam o ar com fragrâncias intoxicantes, tecidos de seda e brocado que refletiam o brilho do sol, e joias que cintilavam como estrelas caídas do céu. Os mestres artesãos exibiam seus talentos, esculpindo madeira e pedra com habilidade primorosa, enquanto os vendedores anunciavam suas mercadorias com vozes entusiasmadas, tentando atrair a atenção dos nobres e plebeus. Calum apoiou-se no parapeito da varanda, observando o espetáculo abaixo com um sorriso suave nos lábios. A cidade dourada, com suas torres elegantes e telhados reluzentes, resplandecia sob a luz do sol nascente. O castelo, símbolo de poder e proteção, parecia imperturbável, uma fortaleza de segurança em meio à vibrante azáfama da vida cotidiana.

No horizonte, as montanhas erguendo-se majestosamente serviam de moldura para a beleza de Azaban, suas cúpulas cobertas de neve refletindo a luz como diamantes. O rio Serpente, serpenteando por entre as colinas, brilhava como um fio de prata, alimentando os campos verdejantes que se estendiam além da cidade, assim como o Mar de Safira, tão azul e tenebroso.

Calum respirou fundo, absorvendo cada detalhe da cena que se desdobrava diante de seus olhos. Sentiu-se parte de algo grandioso, um elo na cadeia interminável de história e tradição que definia Azaban. A festa que se aproximava prometia ser uma celebração de vida, esperança e renovação, e ele sabia que cada momento seria gravado na memória coletiva da cidade dourada.

Com um último olhar para a movimentação abaixo, Calum voltou-se para dentro, preparado para enfrentar o dia com a mesma determinação e graça que a cidade ao seu redor inspirava. A luz do amanhecer havia despertado não apenas seu corpo, mas também sua alma, relembrando-o do poder da beleza e da alegria em um mundo muitas vezes marcado pela escuridão e pela luta. Calum foi arrancado de seus pensamentos quando a porta do quarto se abriu com um ranger suave, e uma fila de servos homens entrou, suas vozes soando como um murmúrio coletivo de reverência e deferência.

— Bom dia, meu senhor — saudaram em uníssono, inclinando levemente a cabeça.

À frente do grupo, um dos servos, vestido com um uniforme de veludo azul escuro e adornos de prata, aproximou-se com um porte de humildade reverente. Em suas mãos, carregava um conjunto de roupas de tecido fino, ricamente bordado com fios de ouro e prata que brilhavam à luz suave do amanhecer.

Ladar - Sangue & Sacrifício - CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora