Capítulo 3

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Já no seu quarto, Uraraka foi tomar um banho para poder descansar um pouco. Afinal, a semana foi extremamente cansativa, e pelo que ela podia ver, as próximas duas semanas não seriam diferentes. O som da água caindo do chuveiro era reconfortante, e Uraraka sentiu a tensão acumulada em seus músculos se dissolver lentamente sob o calor reconfortante.

Enquanto a água escorria pelo seu corpo, sua mente divagava para os eventos dos últimos dias. As batalhas intensas, os treinos exaustivos, e, acima de tudo, os momentos que passou ao lado de Midoriya. Lembrou-se de como ele a apoiou durante as lutas, sempre com palavras encorajadoras e um sorriso que parecia iluminar os dias mais sombrios.

Após terminar seu banho, Uraraka se enxugou, vestiu seu pijama confortável e se jogou na cama. Sentiu-se grata pelo momento de paz e silêncio, mas sua mente ainda estava agitada com questionamentos e incertezas sobre seus sentimentos em relação a Midoriya. Ele era um amigo inestimável, mas ela não conseguia evitar pensar se havia algo mais entre eles.

Fechando os olhos, Uraraka lembrou-se de um momento específico daquela semana. Estavam treinando juntos, e em um breve instante de distração, ela quase caiu. Midoriya a segurou rapidamente, e seus olhos se encontraram por um segundo que pareceu uma eternidade.

"Será que ele sente o mesmo?" ela se perguntou, virando-se na cama. "E se eu estiver confundindo as coisas? Não posso arriscar nossa amizade."

No entanto, uma parte dela ansiava por mais do que amizade. Queria saber como seria segurar sua mão de verdade, sem a desculpa de um treinamento ou uma batalha. Desejava sentir o conforto de seu abraço não apenas como um colega, mas como alguém especial.

Decidida a resolver seus sentimentos, Uraraka prometeu a si mesma que, nas próximas semanas, tentaria descobrir a verdade.

Com essa resolução, finalmente, a exaustão tomou conta, e Uraraka adormeceu, sonhando com um futuro onde seus sentimentos encontrassem reciprocidade.

O dia seguinte, um domingo, amanheceu chuvoso, adicionando uma atmosfera nublada e acochegante ao ambiente. Para o azar de Ochako, ela acabou perdendo o sono, atormentada por pensamentos e sentimentos bagunçados. Com um suspiro, decidiu se levantar e tentar aproveitar o dia da melhor forma possível.

Tomou um breve banho para despertar completamente e fez sua higiene matinal. Ao descer para a cozinha, percebeu que nenhum de seus colegas havia levantado ainda. Decidiu então preparar algo para tomar café, buscando ocupar sua mente e afastar as preocupações que a assombravam.

Enquanto preparava a refeição, a chuva lá fora fornecia uma trilha sonora suave. Ela cantarolava baixinho uma melodia, perdida em seus próprios pensamentos, até ser interrompida por uma voz familiar.

— Belo show, cara redonda.

Ela reconheceu imediatamente aquela voz. Bakugou estava parado na entrada da cozinha, observando-a com um olhar curioso.

— O que faz acordada tão cedo em pleno domingo? — perguntou ele, com um tom surpreendentemente gentil.

— Perdi o sono e resolvi levantar. E você? — respondeu Uraraka, oferecendo um sorriso tímido.

— Eu sempre me levanto mais cedo para conseguir tomar meu café em paz.

— Se importaria de ter uma companhia hoje? — Uraraka perguntou, com um sorriso tímido nos lábios.

— Se você não ficar chorando pelo Deku, por mim tudo bem — disse Bakugou com um sorriso travesso.

— Até parece — Uraraka retribuiu o sorriso.

A conversa fluiu de forma tranquila e natural entre eles, quebrando o silêncio confortável que se estabelecera. Uraraka ficou surpresa com a companhia agradável de Bakugou, que revelou um lado mais descontraído e amigável.

Após o café, Bakugou se ofereceu para lavar a louça, surpreendendo Uraraka com sua atitude prestativa. Ela observou-o trabalhar, notando o brilho em seus olhos enquanto admirava a chuva lá fora.

— É um bom jeito de passar o domingo, não acha? — comentou Uraraka, observando a chuva cair pela janela.

— Não gosto de dias chuvosos. Atrapalham o uso da minha individualidade — respondeu Bakugou, ao lado dela.

— Não acho que um pouco de chuva atrapalhe o seu desempenho. Você é incrível com ou sem o uso de sua individualidade — disse Uraraka, virando-se para ele com um sorriso sincero.

Katsuki corou ligeiramente diante do elogio inesperado, mas antes que pudesse responder, foram interrompidos por uma entrada repentina na cozinha.

— Kacchan, Uraraka? — perguntou Midoriya, surpreso ao vê-los juntos.

— Bom dia, Deku! — cumprimentou Uraraka

— Bem, já vou indo agora que seu namoradinho chegou — sussurrou Katsuki para Uraraka, saindo da cozinha.

— Desculpa, Uraraka, atrapalhei algo? — perguntou Deku, confuso.

— Não, Deku, imagina. Bem, já vou indo também, o tempo está bem frio.

Ao se despedir de Midoriya e voltar para seu quarto, Uraraka se viu ainda mais surpresa por aquele momento compartilhado com Bakugou. Com uma coragem repentina, ela decidiu enviar uma mensagem para ele.

"Namoradinho? Sério, Bakugou?"

Ela enviou a mensagem sem muitas expectativas, mas foi surpreendida pela resposta rápida de Bakugou.

"Ele é um idiota que não enxerga que você vive babando nele."

"Eii, não exagere."

"Tsc... vocês são patéticos."

"Como você pode ser a mesma pessoa que há alguns minutos atrás estava ao meu lado sendo amigável e agora está sendo o Bakugou sarcástico de sempre?" ela retrucou.

"Você vai descobrir, cara de lua. Afinal, vamos passar duas semanas bem amiguinhos, não é verdade?" respondeu Bakugou, provocando-a com seu apelido característico.

"Será interessante, estalinho" retrucou Uraraka, sentindo-se animada com a perspectiva de passar mais tempo com Bakugou.

"Eu te explodo, cara de lua" finalizou Bakugou, encerrando a conversa com sua típica ameaça.

Uraraka sorriu ao ler aquelas palavras, percebendo que, apesar de suas diferenças, ela e Bakugou poderiam construir uma amizade.

Com o som reconfortante da chuva ao fundo, Uraraka deixou seu celular de lado e se permitiu relaxar.

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