13| Rainha de copas - Parte 3

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O HOSPITAL estava um completo caos quando Melina chegou, havia acabado de sair do quarto de Max e vagueava pelos corredores abarrotados de gente, procurando por Dorian. Quando ele lhe ligou, havia dito que estava bem e seus ferimentos não passavam de escoriações, sendo assim, sabia que ele estaria na ala de atendimento com menos prioridade. Só não imaginava que haveria tantos pacientes. Em várias salas, os enfermeiros trabalhavam, cuidando dos ferimentos e dividindo os leitos dos pacientes com biombos.

Quando passava por mais um quarto, avistou de relance Dorian sentado em uma maca, enquanto uma enfermeira parecia cuidar do ferimento dele. Adentrou rapidamente o quarto, parando ao lado dele e observando a pequena sutura que havia sido feita em sua testa, bem rente ao cabelo desgrenhado. O observou atentamente, vendo todo o respingo que sangue que sua camisa possuía e como os vários arranhões se espalhavam por seu rosto e se misturavam com a tonalidade preta da fuligem. Esperou até que a enfermeira se afastasse, para se aproximar mais dele e questionar preocupada:

- Como está se sentindo?

- Com uma dor de cabeça horrível, mas vou ficar bem.

Tocando o rosto dele levemente, Melina se aproximou mais e acariciou sua bochecha, enquanto a outra mão tirava os cabelos que haviam caído sobre a testa.

- Desculpa a demora, estava no quarto da Max.

- Como ela está?

- Dormindo por enquanto, mas o médico disse que ela vai ficar bem. O corte foi profundo, mas não atingiu nenhuma artéria. Alguns dias de repouso vão fazê-la se recuperar.

Expirando aliviado, Dorian deixou os ombros cederem e abaixou a cabeça, antes de questionar Melina novamente:

- E o imbecil que atirou na gente?

- Ele já foi atendido e está sob custódia, mas vamos ter que esperar até que ele se recupere para interrogá-lo, já que você causou uma concussão nele.

- Foi legítima defesa. - Resmungou ele, irritado.

- Eu sei que foi.

Quando Melina acabou com a distância entre eles e o abraçou, Dorian passou os braços ao redor do corpo dela, a apertando contra si, mesmo que aquilo lhe causasse certa dor. Permaneceram abraçados por alguns instantes, até ele retomar o assunto.

- Perdemos nossa pista, não é? Agora que Alexander Martin virou carne moída e defumada.

Se afastando, Melina tentou segurar o riso com aquela piada de extremo mau gosto.

- Que horror, Dorian!

- O quê? Só por que ele morreu vou ter pena? Tinha que ver como ele tratou a Max, até a ameaçou. Babaca.

- A maioria deles são. Mas talvez agora tenhamos que recomeçar do zero, nossa maior pista acabou de morrer e não temos ideia de como retomar a investigação.

- Indo direto no senador. - Ele apontou.

- As coisas não são assim, Dorian. Nós não temos prova alguma.

- Mas já não está claro?

- Pode ser que esteja, mas teorias não fundamentam uma investigação. Além disso, se um mero secretário ameaçou Max, imagina o que o senador pode fazer.

Contrariado, Dorian torceu os lábios, parecendo completamente irritado com aquilo e sabendo que Melina tinha razão. Não poderiam mexer em um vespeiro sem ter proteção.

- Eu estou com raiva. - Declarou ele.

- Eu te entendo. Também estou, mas não podemos agir imprudentemente.

Carte Rouge - Carte Ás 2Onde histórias criam vida. Descubra agora