O CAMINHO todo que fizeram foi em silêncio, Dorian se recusou a sentar no banco da frente ao lado de Adam, se acomodou no banco do passageiro na parte de trás e se recostou na janela, assistindo a cidade passar rapidamente pela janela.
Foi só quando adentraram uma rua diferente da que costumava percorrer que ele voltou os olhos na direção de Adam.
— Esse não é o caminho para o galpão.
— Vou passar na farmácia, isso tudo me deixou com dor de cabeça. – Respondeu Hastings, o encarando pelo retrovisor.
— Mas passamos por um monte de farmácias.
— Eu só compro na que eu estou acostumado.
Dorian não engoliu aquela desculpa, mas preferiu se calar, não queria iniciar uma nova discussão, mas quando continuaram percorrendo ruas estranhas e nunca paravam em nenhuma farmácia, ele começou a desconfiar.
Disfarçadamente arrancou a própria gravata e se arrastou até parar atrás do banco de Adam.
— Esse não é o caminho da minha casa. Aonde está me levando, Hastings?
— A lugar algum, Delyon. Sossega aí.
— Eu não vou perguntar de novo, Hastings, me diga agora para onde estamos indo.
Quando Adam não respondeu, Dorian rapidamente avançou contra ele, passando a gravata por sua garganta e puxando, tentando asfixia-lo. Por alguns segundos Adam perdeu o controle do carro, fazendo-o ziguezaguear no meio da pista, mas assim que retomou a reta, tentou agarrar a gravata de Dorian, na tentativa de se livrar do aperto, enquanto ainda se concentrava na estrada, tentando evitar que sofressem um acidente.
— Ficou maluco, Delyon? – Bradou ele com certa dificuldade – Me solte. Se eu perder o controle nós dois morremos.
— Estou pouco me fodendo, se eu morrer levo você junto comigo, Hastings. Agora me diga aonde está me levando.
Adam ainda relutava em responder e Dorian se recusava a ceder, mesmo que o carro por vezes derrapasse pelas ruas.
Com uma freada brusca, Adam parou o carro, atirando ambos para frente, fazendo Dorian bater o rosto no encosto do banco, enquanto ele acertava o rosto no painel do carro.
Antes que Dorian pudesse agir novamente, a porta de trás do carro se abriu, revelando Aquiles e seu monótono olhar, encarando o irmão mais novo.
Naquele instante Dorian sentiu um certo choque se assentar sobre si, não estava entendendo mais nada daquela situação. Notando a falta de reação de Adam e que ele apenas esfregava o pescoço dolorido, concluiu que ele conhecia seu irmão.
— Desce, Dorian. – Ordernou Aquiles abrindo espaço para ele.
Ainda receoso, Dorian obedeceu, encarando o irmão em confusão e logo depois voltando seu olhar para Adam, que também havia descido do carro.
— Que merda está acontecendo aqui? – Questionou.
Nenhum dos dois respondeu, Adam apenas mexeu em algumas coisas em seu celular antes de voltar os olhos para Aquiles, o informando:
— Vocês têm até o final do dia, depois disso a tornozeleira dele vai começar a emitir o sinal correto.
Como se aquela simples frase explicasse tudo, o agente voltou para dentro do carro sem nem mesmo dar mais explicações e logo partiu dali, deixando Dorian atônito para trás. Foi só quando sentiu a mão de Aquiles sobre seu ombro que ele voltou a si, encarando o irmão de forma incrédula.
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Carte Rouge - Carte Ás 2
DiversosSérie: Carte Ás "Você é livre para praticar suas ações, mas lembre-se que elas vêm acompanhadas de seu preço." Dorian nunca pensou que ser consultor dos federais poderia lhe causar tantos problemas, admitia sem medo algum que sua vida era muito mais...