DORIAN havia se recusado a entrar no prédio que havia sido apontado, segundo ele, era insalubre adentrar aquele lugar, portanto, esperaria do lado de fora, aproveitando para se distrair um pouco. Aquela decisão teria sido o suficiente para ele se acalmar se do outro lado da rua, dentro de um beco, ele não notasse certa movimentação. Ouvia gritos altos de um homem vindo do lugar, acompanhados de latidos e ganidos de algum cachorro, aguçando mais a visão ele conseguiu ver um brutamonte acertar chutes em um cachorro de porte médio, as pessoas que ali passavam apenas seguiam reto, parecendo hesitantes de interferir.
No entanto, Dorian sentiu aquele horroroso sentimento voltar como uma torrente, seu corpo se moveu sozinho e quando percebeu já havia tomado em sua mão uma barra de ferro que havia em uma lixeira por perto, e atravessado a rua em direção ao beco.
Se aproximou vagarosamente do homem, sentindo a fúria aumentar a cada choro que o cachorro emitia, sem muito pensar, ergueu a barra de ferro e a desceu com força no exato momento que o homem erguia a perna para desferir outro chute.
O grito que soou naquele momento foi dele, enquanto o cão corria, se acuando no fundo do beco. Mas aquilo não bastou para aplacar a fúria de Dorian, ele continuou acertando as pernas daquele homem com a barra de ferro, sem remorso algum e no fundo, satisfeito por ouvir os gritos de dor.
— Gosta de bater em indefesos, valentão? E que tal agora? Vamos, levante e me enfrente. – Gritava.
— Pare, por favor!
— Por favor? Você pede por favor?
Mais um golpe de Dorian cortou o ar, daquela vez com tanta força que ele pôde ouvir o osso da perna daquele home quebrando. As pessoas que antes passavam ali, pararam para observar, mas em nada ajudavam, pelo contrário, alguns até se mostravam bem satisfeitos.
Dorian só parou de bater naquele homem quando Maxine e Melina apareceram e atravessaram a rua rapidamente, tirando a barra de ferro da mão dele, enquanto Melina verificava o homem que rolava no chão de dor, Max afastou Dorian dali, tentando fazê-lo se acalmar, mas os olhos vermelhos e injetados dele demonstraram que calmaria era um sentimento muito distante naquele momento.
As mãos ainda tremiam e a respiração estava ofegante, daquela vez o ataque de ira dele foi diferente das outras vezes. Era algo que já estava guardado há muito tempo.
Ele não deu ouvidos a nenhum dos pedidos de Max, se desprendeu dela e voltou para dentro do beco e quando ela pensou que ele atacaria o homem novamente, Dorian passou direto por ele, indo em direção aos fundos e se abaixando lentamente na frente do cão que ainda se mantinha encolhido e tremendo.
Em questão de segundos ele passou de alguém furioso para alguém extremamente delicado e paciente, esticando apenas a mão e dando a escolha ao animal de se aproximar.
— Eu bem que disse que um dia Hector pagaria pelo que faz, foi muito bem feito o que aquele rapaz fez. Esse homem vive maltratando os cães que tem, sempre os coloca em rinha. – Soou a voz de uma senhora atrás dela.
Max se virou rapidamente, surpresa com aquela informação, até o momento ela não fazia ideia do porque Dorian havia agredido aquele homem.
— A senhora sabia? – Questionou incrédula.
— Eu e toda a vizinhança, cansamos de chamar a polícia, mas eles nunca fazem nada. E o Hector ainda nos ameaçava. O que era dele estava guardado, demorou, mas não tardou.
A senhora ainda saiu resmungando coisas inaudíveis, enquanto Max encarava atônita as outras pessoas que se acumulavam ali e pareciam até felizes com a desgraça de Hector.
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Carte Rouge - Carte Ás 2
RastgeleSérie: Carte Ás "Você é livre para praticar suas ações, mas lembre-se que elas vêm acompanhadas de seu preço." Dorian nunca pensou que ser consultor dos federais poderia lhe causar tantos problemas, admitia sem medo algum que sua vida era muito mais...