25| Quando a noite cai - Parte 2

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DORIAN AINDA estava incerto sobre o que de fato queriam com ele. Desde que haviam chegado naquele enorme complexo e se instalado em um dos inúmeros galpões ali existentes, os agentes que o sequestraram nada mais disseram. Apenas o arrastaram para o quinto andar daquela instalação e o fizeram se sentar sobre uma cadeira, o amarraram com as mãos para trás e o deixaram bem no centro daquele lugar velho e enferrujado. A iluminação precária não ajudava muito a visualizar tudo o que havia a sua volta, mas tinha a plena certeza de que pelo menos mais outros dois homens haviam se juntado aos outros quatro.

Tentou enxergar algo através das grandes vidraças, mas estavam sujas e embaçadas demais para que ofertassem qualquer tipo de visão, além disso, a noite do lado de fora podia facilmente ser classificada como uma das mais escuras daquele ano.

Enquanto os via conversar entre si, enquanto um deles estava mais afastado falando ao celular, e as vezes lançando um olhar rápido, Dorian tentava se soltar, fazendo o mínimo de movimento possível. As cordas estavam bem atadas, mas ele estava convicto de que encontraria um ponto fraco nelas, ou então, teria de encontrar uma alternativa mais dolorosa para se soltar.

— Quem contratou vocês? – Questionou ele, atraindo a atenção dos seis.

Os homens apenas lhe lançaram um olhar rápido e desdenhoso e logo voltaram a conversar.

Bom, aquilo era vantagem para Dorian, quanto menos lhe dessem atenção, menos chances de ser descoberto teria. Além disso, não precisava que lhe respondessem quem contratara aqueles homens, era muito claro para Dorian quem era a pessoa por trás de tudo aquilo. Somente alguém com muito poder, influência e dinheiro poderia corromper agentes do serviço secreto. O que ele ainda não sabia era o motivo pelo qual o senador poderia ter feito aquilo.

As cordas começavam a cortar seus punhos com os movimentos que ele fazia, sentia a pele arder com a fricção, mas ainda assim não se permitia desistir. Continuaria até sangrar se precisasse.

Ainda continuava tentando se soltar quando sentiu dedos esguios agarrarem seu punho, impossibilitando os movimentos. Sentiu um arrepio percorrer a coluna ao imaginar a possibilidade de ter sido pego, mas a voz que veio de trás de si, sussurrando em seu ouvido, o tranquilizou para logo em seguida o deixar alarmado.

— Não mova um músculo. – Disse Thomas.

Dorian permaneceu paralisado, se questionando como diabos ele havia ido parar ali e como conseguira entrar.

— O que está fazendo aqui? – Sussurrou ele de volta.

— Suas amigas me passaram sua localização, calculei para qual galpão teriam trazido você e acabei acertando.

— Não deveria estar aqui. Se te pegarem é o fim, você que deveria estar no meu lugar agora, temos sorte de não terem descoberto a verdade ainda.

Sentindo as cordas se afrouxarem um pouco, Dorian mais uma vez ouviu a voz de Thomas vir em tom baixo:

— E é justamente por isso que estou aqui agora. Quem eles pensam que são para tentarem algo contra mim?

— Levou para o lado pessoal, é?

— O que você acha?

Assim que as cordas cederam e Dorian sentiu seus punhos livres do aperto, teve de se segurar para continuar na mesma posição e não esfregar o local dolorido. Escutava atentamente as instruções que Thomas lhe passava, conseguindo visualizar perfeitamente o plano que seu amigo tinha em mente. Se trabalhassem de forma sincronizada, poderiam sair dali rapidamente.

A questão era que contavam com um tempo curto demais, o serviço secreto, juntamente dos federais já estavam a caminho e provavelmente muito perto de invadirem o local, o que significava que teriam que agir naquele momento. Caso contrário, aquele galpão viraria um campo de guerra. Quanto mais pessoas estivessem ali, menor seria a probabilidade de conseguirem algum êxito.

Carte Rouge - Carte Ás 2Onde histórias criam vida. Descubra agora