O ANTIGO teatro era um dos grandes monumentos do país. Fora construído no século XVII e permanecia de pé até os dias atuais, claro sendo sempre muito bem conservado e restaurado de tempos em tempos. Porém, sua fachada histórica permanecia inalterada, as grandes janelas adornavam todo seu comprimento, dispondo de alguns vitrais decorados, a grande porta de carvalho era tão bem conservada que até mesmo parecia ter sido posta há pouco tempo, a escada de largos degraus já estava um pouco amarelada pelo tempo, mas contavam toda a história do lugar.
Assim que toda a escolta de carros parou em frente ao local, alguns agentes desceram, verificando o entorno, enquanto Dorian permanecia dentro do carro, apenas observando a comoção de repórteres do lado de fora. Nunca imaginou que pessoas se espremeriam umas contra as outras apenas para vê-lo, é claro, não exatamente ver quem ele realmente era. Sorriu satisfeito com aquele feito. Agora poderia se gabar que o mundo todo tinha os olhos nele e que havia enganado a todos. No entanto, não poderia deixar seu ego falar tão alto naquele momento, precisava se controlar, o mínimo deslize poderia arruinar tudo.
Quando a porta do carro se abriu, se apressou em sair e caminhar rapidamente até os degraus, evitando encarar diretamente os flashes das câmeras e as perguntas que eram lançadas contra si.
Agradeceu quando finalmente adentrou o teatro e tudo se acalmou, o salão de entrada estava praticamente vazio, dando a sensação de que era muito maior, apenas alguns seguranças circulavam por ali, enquanto uma recepcionista ficava responsável por uma lista. Dorian, no entanto, não precisou de nenhuma lista. Seguiram adiante pelo largo corredor onde ao lado direito havia uma porta que levava ao teatro e onde a plateia se acomodava, uma segunda porta ao lado dela, levava ao piso superior, onde se localizavam os camarotes. Mas foi por uma porta ampla da esquerda que adentraram, encontrando o amplo salão dourado, onde várias mesas haviam sido dispostas e os convidados já se acomodavam, ao fundo um balcão havia sido montado, com pessoas trabalhando atrás dele, servindo bebidas para quem se aproximava. Parado à porta, Dorian procurou conhecer todo o ambiente primeiro, fazendo questão de examinar cada entrada e saída, inclusive a porta do banheiro que se localizava nos fundos ao lado esquerdo, escondida o suficiente para não ser tão óbvia à vista.
A inspeção foi interrompida pelo senador Morgan que se aproximara com um enorme sozinho banhando suas feições, enquanto esbanjava uma simpatia que jamais haviam visto em sua pessoa.
— Alteza, é uma honra tê-lo conosco, fico feliz que tenha vindo.
— A honra é toda minha pelo convite, senador. É uma bela recepção. – Respondeu apertando a mão que o senador havia lhe estendido em cumprimento.
— O senhor merece, afinal não são todos os dias que contamos com a presença da realeza.
O sorriso que Dorian ofertou ao homem foi singelo o suficiente para encerrar a bajulação, embora no fundo se sentisse extremamente satisfeito em fazer aquele homem de otário, pensando que estava servindo muito bem a realeza, enquanto o verdadeiro Thomas Belmok estava confortavelmente acomodado em sua cobertura, desfrutando do tempo que tinha com a família.
— Posso lhe apresentar meus amigos? – Soou a voz de Morgan o tirando do devaneio.
— Mas é claro, estou ansioso.
— Eles estão mais, pode acreditar. – Começando a caminhar na direção de uma das mesas reservadas, o senador voltou a questionar – Sua esposa não quis vir?
— Ah, não. Ela preferiu ficar no hotel com as crianças.
Morgan apenas emitiu um rápido sorriso, quando já se aproximavam da mesa que acomodava vários parlamentares, e resmungou para que só Dorian ouvisse:
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Carte Rouge - Carte Ás 2
De TodoSérie: Carte Ás "Você é livre para praticar suas ações, mas lembre-se que elas vêm acompanhadas de seu preço." Dorian nunca pensou que ser consultor dos federais poderia lhe causar tantos problemas, admitia sem medo algum que sua vida era muito mais...