LIV

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Boa leitura!



Os dias passavam rápido, minha rotina atual era dividir meu tempo entre estudar para as provas, ter meu tempo com meu namorado e meu nervosismo para a confirmação da entrevista como estagiário na empresa que meu pai trabalhava.

Hora eu estava muito confiante que eu conseguiria, hora sentia um medo absurdo por achar que não era capaz suficiente.

Além de claro, estar me acostumando com um pai que agora possuía um dia de folga durante a semana e parecia uma pessoa completamente diferente.

Inclusive no atual momento, Hoseok estava aqui em casa estudando comigo, com autorização do meu pai, enquanto ele havia saído para dar... um passeio. De acordo com ele. Sem dar pitaco ou muito menos falar qualquer coisa sobre o "pequeno" incidente de minha 1ª noite rebelde há tempos atrás.

Meu melhor amigo pareceu muito mais confuso que eu com a transformação que meu pai aparentava ter ganhado. E eu apenas disse para ele não pensar muito sobre isso. Era melhor.

Enquanto eu estava utilizando a escrivaninha para estudar, Hoseok estava deitado em minha cama e eu o ouvi suspirar novamente.

— O que foi, Hoseok? Acho que já é a sétima vez que você suspira assim. – Perguntei sem olhar pra trás.

— Finalmente ficou preocupado com seu melhor amigo sofrendo. – Ele disse com certa manha e eu ri nasalmente balançando com a cabeça, enquanto marcava uma linha do meu caderno com o marca-texto roxo e balançava minha perna vagarosamente pra lá e pra cá. – Estou com saudade do Yoongi. – Sua voz saiu mais manhosa ainda e um pouco chorosa.

Virei meu rosto para trás e arqueei uma sobrancelha: — Por que você simplesmente não vai vê-lo? – Disse de forma prática. – Eu sei que ele tá doente, mas... – Dei de ombros e gesticulei com a mão.

— Ele disse que não quer me deixar doente também... E eu não quero forçar a barra de qualquer maneira. – Ele afastou os livros e cadernos da sua frente e afundou o rosto nos lençóis da cama, fingindo choro.

— Bota uma máscara na cara e vai levar uma sopa pra ele, eu duvido que ele vá te mandar embora. – Voltei minha atenção para o livro em minha frente.

Ele suspirou mais uma vez, mas dessa vez não parecia ser dramático como antes.

— Eu só... sei lá. – Me virei por perceber seu tom mais sério e inseguro, ele se sentou na cama e ficou mexendo nas próprias unhas. – Ele pediu pra irmos com calma. E... eu também não sei muito bem o que fazer, sabe? É tudo meio novo pra mim. – Agora eu virei meu corpo completamente na direção dele. – partindo do princípio mais básico: eu nunca me imaginei gostando de um garoto. – Ele riu nervoso. – Além de... tudo que já aconteceu. – Disse um pouco abatido.

Respirei fundo e sorri minimamente, levantei da cadeira me sentando perto dele na cama: — Eu imagino que muitas coisas devem estar se passando na sua cabeçinha, sobre gostar de alguém do mesmo gênero, sobre o que fazer a seguir... Como lidar com tudo isso. E-...

Ele me interrompeu antes que eu continuasse: — Tem o lance da família do Yoongi também... Isso fica na minha cabeça as vezes. – Ele continuou sem olhar pra mim. – Quando aconteceu aquele lance... depois do jogo. – Ele engoliu a seco. – Lembra que eu até te disse que me sentia seguro com minha família porque eles bateriam em qualquer pessoa que fizesse algo contra mim e tal? – Concordei em silêncio. – As vezes fico pensando sobre isso, tipo, o apoio que o Yoongi deveria ter, ele não tem. – Ele me olhou com uma expressão entristecida. – Inclusive foi gente da própria família que fez aquilo com ele. – Engoli a seco lembrando do dia que ele chegou no antigo apartamento de Jungkook todo machucado. – Não é justo, não é nenhum pouco. Isso me deixa frustado, sei lá. Queria, não sei, poder fazer algo. – Ele olhou para o lado com uma expressão agoniada e um pouco perdida, ressentida.– E eu sei que ele se sente muito mal com isso, por mais que ele não demonstre. E ele... Ele tem medo que eu me afaste dele de novo. Que algo aconteça e eu me afaste. – Ele suspirou desabafando coisas que provavelmente rondavam a cabeça dele há um tempo. – Mas eu não sou tão bom com as palavras ou fazer algo pra que eu prove pra ele que não vou. É tudo novo, gostar de um cara nunca se passou pela minha cabeça, ainda mais ele. Mas a gente não controla essas coisas, né? – Ele deu uma risadinha fraca e eu sorri termo, concordando, ficando mais pertinho dele. Colando nossos braços e ele apoiou a cabeça em meu ombro e eu apoiei a minha na dele. – Por mais que seja algo novo pra mim... Eu sei o que eu quero. Eu tenho certeza sobre ele. Eu só... não sei o que fazer. – Ele disse um tanto quanto desanimado sua última frase.

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