04 - O Festival da Lua - Parte II

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Calum caminhava lentamente pela praça movimentada, onde mesas abarrotadas de iguarias e bebidas se estendiam sob o céu dourado do final de tarde. O ar estava impregnado com o aroma de especiarias e assados, misturado ao som das risadas e conversas animadas. Os enfeites do Festival da Lua adornavam cada canto, desde os arcos das construções até os postes ao longo das ruas. Bandeiras vermelhas e douradas balançavam suavemente com a brisa, refletindo a luz do sol poente.

— Olhe ali, Calum — disse Cole, apontando para uma grande estrutura coberta de vinhas e flores —, aquele é o Pavilhão dos Reis. É lá que os nobres se reunirão com os outros quatro reis e seus vassalos.

Calum observou o imponente castelo dourado ao fundo, cujas torres brilhavam intensamente, como se fossem forjadas do próprio sol. Ele se sentia pequeno diante da grandiosidade do lugar, mas também maravilhado com a beleza e a riqueza dos detalhes.

— É realmente impressionante, Cole. Nunca vi nada igual — comentou Calum, tentando absorver a magnitude da celebração.

— Eslandrill, a mãe de todas as plantações, é a divindade mais reverenciada nesta região — explicou Cole enquanto caminhavam. — Sem a sua bênção, não teríamos a fartura que desfrutamos hoje. É por isso que o Festival da Lua é tão importante para todos.

Calum parou diante de uma mesa repleta de espigas de milho, cada uma decorada com fitas coloridas e símbolos antigos.

— Eles realmente associam Eslandrill ao milho, não é?

— Sim — assentiu Cole —, para eles, o milho representa a dádiva mais generosa da deusa. É o alimento que sustenta e fortalece o povo.

Enquanto continuavam a caminhar, Calum observou as pessoas ao seu redor. Havia uma diversidade de rostos – camponeses, mercadores, artesãos, todos compartilhando a alegria do festival. Crianças corriam e brincavam, suas risadas ecoando pelas paredes de pedra da cidade antiga.

— Veja aqueles homens ali — Cole apontou discretamente para um grupo próximo ao portão principal do castelo — são vassalos de um dos reis visitantes. Cada um deles é responsável por trazer tributos e presentes para a reunião.

— É tudo muito mais grandioso do que eu imaginava pelas histórias e canções do meu povo em Enya — Calum confessou, sentindo-se um pouco sobrecarregado pela magnitude da celebração e a importância dos eventos que estavam por vir.

— É um momento crucial, Calum — Cole respondeu com um tom mais sério. — As alianças que se formarão aqui podem mudar o destino de muitas vidas. Precisamos estar atentos e prontos para qualquer eventualidade.

Enquanto Calum e Cole se afastavam do centro da festividade, caminharam em direção a uma parte mais isolada da cidade, onde os sons de comemoração gradualmente davam lugar ao som de espadas se chocando e gritos de comando. À medida que se aproximavam, um grande portão de ferro apareceu diante deles, marcando a entrada da Academia Real.

A academia era um vasto campo de treinamento cercado por altas muralhas de pedra. O chão de areia branca estava coberto de pegadas e marcas de batalha. Em volta, havia barracas e armas dispostas caprichosamente: espadas, lanças, machados, arcos e flechas, todas organizadas em suportes robustos. Escudos de diversos tamanhos e formas pendiam das paredes, ao lado de armaduras reluzentes.

No centro da arena, dois jovens recrutas estavam em pleno combate. Villien e Leon moviam-se com uma agilidade impressionante, cada golpe trocado refletia a intensidade e o rigor do treinamento que recebiam. Villien, com cabelo escuro e olhos determinados, manejava suas espadas com uma precisão letal. Leon, loiro e de olhos afiados, esquivava-se agilmente, contra-atacando com uma rapidez fulminante. Ambos vestiam uniformes negros, ajustados para permitir total liberdade de movimento.

Ladar - Sangue & Sacrifício - CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora