Confronto!

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Carlos

Quando cheguei em frente ao portão a mesma mulher me atendeu, me mandou entrar e disse que a senhora dela estava inquieta para me ver. Meu coração batia com força em meu peito, mas dessa vez eu iria me controlar, precisava ver com meus próprios olhos se realmente era a mesma mulher, a mesma que um dia chamei de mãe.

- O que faz aqui?! - Olhei ao redor buscando a voz conhecida e arqueei a sobrancelha para ela. - você me seguiu? É algum tipo de pervertido ou perseguidor? - mudou a expressão de raiva para medo, senti vontade de rir, apesar de estar tenso pra caralho!

- O que faz aqui Anastacia? - perguntei irritado, a mulher aparecia em todo lugar!

- Eu moro aqui! - me olhou irritada - e você o que faz aqui?

- A senhora o aguarda senhor Martínez! - a empregada me avisou, começou a subir as escadas e eu a acompanhei.

- Espere! O que você quer com a minha mãe? - travei no meio da escada e apertei o corrimão com força, ela era mãe dela? Como? Se Anastacia havia dito que estudamos juntos, então provavelmente ela sabia onde eu estava, então porque nunca foi me procurar?

Olhei para ela, agora eu percebia a semelhança, Anastacia parecia comigo, assim como eu era a cópia da mãe dela! Meu corpo tremeu com a raiva que eu sentia, a mulher me abandonou como um cachorro e estava vivendo feliz, com dinheiro e tendo filhos! Senti vontade de dar meia volta e ir embora, mas a raiva que me consumiu me fez subir o resto das escadas e entrar com tudo dentro do quarto, enquanto Anastacia gritava para que eu parasse.

Engoli em seco ao ver o estado dela, o corpo esquelético jazia deitado em uma cama de hospital rodeada por aparelhos e fios. Meus olhos arderam e senti vontade de gritar, queria gritar toda a dor que senti por causa dela e a sacudir até... eu não sabia o que fazer, não depois de vê-la naquele estado!

- Saia daqui! - Anastacia tentou me arrastar para fora, mas eu sou grande e ela não conseguiu me mover do lugar.

- Me solte! - rosnei para ela, meu olhar mortal deve tê-la assustado, porque ela me soltou e correu para perto da mulher.

- Mãe quem é esse homem? Porque o deixou entrar? - ela olhava preocupada para a mãe.

Diana puxou a máscara de oxigênio e susurrou algo para Anastacia e ela me olhou com os olhos arregalados.

- Você pode se aproximar, ela quer ver você! - Anastacia falou com a voz embargada.

Andei até perto da cama e olhei a mulher moribunda, morrendo a minha frente.

- Me..me..meu ga...garotinho! - a voz dela saiu rouca e com muito esforço.

- Não! - rosnei. - aquele garoto morreu Madalena! - meu peito ardeu, ela não podia me chamar daquele jeito, não depois de tudo.

- Me...me..per..doe f..filho - ela tossiu e Anastacia colocou a máscara de volta.

- Por favor não a force! Ela não vai aguentar! - Anastacia suplicou.

Eu ri em escárnio, a mulher não era digna de pena e eu não teria, mesmo que ela morresse eu contaria a ela as merdas que passei enquanto ela vivia no luxo e tendo filhos!

- Ah, você quer que eu pare! - sorri irritado - mas eu não vou parar! Por culpa dessa mulher eu vivi um inferno sobre a terra enquanto ela saia por ai fodendo e vivendo no luxo! - gritei exaltado.

- Cale-se! Você não sabe o que ela passou também! - Anastacia gritou, mas a mãe colocou a mão em cima da dela, pedindo para ela parar!

- Deixe...o...fa..la..falar! - susurrou e puxou o ar fechando os olhos e voltando a me olhar. Ela talvez não passasse daquela noite.

- Porque me abandonou naquele inferno Madalena? Por que me deixou ali para pagar sua dívida? Você não tinha o direito de fazer aquilo comigo! Eu tinha apenas oito anos e você me destruiu para sempre! - O ódio e a mágoa que saiam da minha boca queimavam meu corpo como uma fornalha, me consumindo e matando aos poucos.

- O que? - Anastacia olhou para a mãe que chorava em silêncio.

Anastacia estava tremendo segurada na mão da mãe e seus olhos arregalados olhavam de mim para Madalena.

- O que? Você não sabia do passado sujo da sua mãezinha? - sibilei sarcastico.

- Cale-se! - Anastácia rosnou.

- Sua querida mãe roubou a casa em que trabalhava e fugiu deixando o filho para trás, para ser espancando e vendido! - falei com raiva.

- É mentira! - Anastacia gritou e começou a chorar olhando de mim para a a mãe.

- Não é mentira querida Anastacia, sua mãe é uma vagabunda! - rosnei - Por causa dela eu fui vendido igual um cachorro e espancado até desmair todos os dias durante anos - sorri em escárnio. A mulher começou a hiperventilar e os aparelhos apitarem loucos.

- Me...- puxou o ar - me... - mais uma tentativa de respirar - me... - madalena virava os olhos e os apertava com força tentando respirar.

Anastacia levantou e olhou assustada para os aparelhos e começo a examinar a mãe. A mulher puxava o ar e colocou a mão em cima do peito, talvez estivesse tendo um ataque cardíaco. Eu não me movi, apenas fiquei olhando a cena a minha frente, já havia visto aquilo varias vezes e não me afetava mais, nem mesmo sendo a mulher que um dia disse ser minha mãe.

Anastacia gritou pela empregada e ela entrou no quarto com os olhos arregalados. Gritou novamente para ela chamar uma ambulância e a mulher saiu correndo do quarto. Eu via aquilo como se fosse um espectador assistindo a um programa de tv bizarro. Aquela mulher desgraçada estava perto de mim o tempo todo, mas não teve coragem de me procurar! Eu só queria que aquilo fosse mais um dos meus pesadelos e eu acordasse em casa!

- Por favor me ajude! - Anastacia me suplicou em meio as lágrimas. - Por favor carlos!

- Merda! - me movi até lá e a ajudei a reanimar a mãe, meu lado médico gritou mais alto que meu lado ferido e nós a trouxemos de volta.

- Obrigada, carlos! Obrigada! - Anastacia agradecia chorando e passando as mãos pela mãe.

Saí daquela casa e daquela cidade no mesmo dia, aquela desgraçada não merecia meu tempo valioso, nunca mais eu colocaria meus pés nessa cidade miserável, nem procuraria saber dela! Mesmo que ela ainda vivesse por alguns meses, para mim estava morta! Assim como tudo o que nos ligava!

Cheguei a Nova York e pude enfim respirar aliviado, entrei em casa e zeus me saldou feliz, chorando e latindo. Abaixei e fiz carinho nele

- Por onde andou menino? - Estela me olhou curiosa. Levantei e a fitei.

- Precisei viajar para resolver algumas coisas Estela, obrigado por cuidar do zeus! Vou adicionar um bônus no salario desse mês. - sorri para ela.

- Que nada doutor, já basta o senhor pagar a faculdade do Jorge! Eu deveria trabalhar de graça pro senhor! - Estela me olhou materna.

Lembrei de Madalena, e fiquei triste pensando em como teria sido se tivéssemos ficado juntos. Pelo jeito que Anastacia tratava da mãe ela devia ter sido uma ótima mãe.

- Aconteceu alguma coisa menino? - Estela me olhou preocupada.

- Não aconteceu nada Estela, só estou cansado da viagem! - sorri para ela - Vou precisar fazer outra viagem em alguns dias, você pode cuidar do zeus pra mim de novo?

- Mas é claro doutor, vai ser um prazer cuidar dele, não se preocupe! - Estela sorriu.

- Vou tomar um banho e dormir por alguns dias Estela, se precisar de algo me chame! - Avisei indo em direção ao quarto e ouvi ela dizer sim doutor.

Agora era a vez de ir até Amalia e trazê-la de volta!

...

Redenção de um cretino irresistível - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora