Redenção de um cretino irresistível - Livro 2

Em casa!

Amalia

Falar sobre aquilo para ele foi como abrir uma cova e deitar sobre os restos mortais do meu abusador, sentindo o cheiro podre e agonizando sem ar. Em minha cabeça doente, eu achei que aquele homem me amasse e aquele era o jeito dele demonstrar aquilo. Eu era uma criança, abusada psicologicamente pelo próprio pai, o homem santo daquela maldita cidade. Que muitas vezes fez questão de espancar minha mãe na minha frente e me ameaçava que se eu chorasse ele faria o mesmo comigo!

Muitas vezes o via entrar em meu quarto e me tocar sussurrando palavras imorais e promessas do que me esperaria quando crescesse mais um pouco. E quando eu cresci mais um pouco, com medo de que suas promessas fossem cumpridas eu fugi. Fugi para longe daquele desgraçado e sem ter para onde ir ou alguém para me ajudar, acabei indo parar em um bosque fechado. Com medo dele estar me seguindo, me embrenhei cada vez mais para dentro e me perdi. Duas noites depois aquele homem me achou. 

Nos primeiro ano, eu fui torturada, perseguida e violentada psicologicamente. Ele tinha prazer em me ver gritar de dor, em me ver implorar para morrer! No ano seguinte ele continuava do mesmo jeito, mas eu havia mudado, entendi que quanto mais obedecia, mais era poupada dos seus acessos de ira e tortura! E ele passou a me mostrar qua a dor era prazerosa, que eu não precisava temer.

Foi inevitável não me apegar a ele, em me sentir confortável com uma coleira no pescoço! Mas de alguma forma, meu pai me achou e exigiu que eu fosse virgem para poder pagar o resgate. Ninguém desconfiou do homem, acharam que ele só queria defender a minha honra, um homem que não perguntou se a filha estava bem e saudável, mas sim se ainda não havia sido deflorada!

Mas ele era muito idiota e confiou na policia! Morreu antes de conseguir o que queira e eu? culpava a minha mãe por tudo aquilo, a mulher não tinha coragem de denunciar o marido, de proteger a filha, antes, passava maquiagem para continuar a farsa do bom samaritano e eu, quem sobrevivi, fui a culpada pela morte do casal perfeito daquela cidade!

A única parente que me restou foi minha avó, quem eu nunca vi, por ter sido proibida de me ver pelo próprio filho. Até aquele dia, quando ela apareceu com dinheiro para calar a boca de quem queria me culpar por toda aquela merda! A única pessoa que merecia viver até ir de forma natural, mas o destino cruel a levou de forma terrível! 

E agora, aqui nos braços desse homem, me falando coisas tão lindas e profundas, eu me senti agradecida! Agradecida por ele ter me dado um filho, me dado vontade de continuar a viver! Mesmo com toda nossa bagagem ruim, todo o sofrimento que passamos, eu era grata a ele. 

E Pela primeira vez ele não usou do seu poder sobre mim para me usar novamente. Sim, eu era fraca quando estava com ele. Meu corpo correspondia ao seu toque e ansiava que ele me tomasse para si. Eu era dele, sempre fui desde o começo e bastava ele me tocar para me ter a seu bel prazer!

Mas carlos não o fez, me prometeu coisas tão lindas que meu peito doía sabendo que não aconteceria e hoje eu e Vinícius meu filho amado, voltamos para casa, sim, a Itália agora era nossa casa, foi onde eu me encontrei e esqueci minha dor. Onde fiz novos amigos e comecei a trilhar o meu sonho, ser arquiteta sempre foi o meu sonho, mesmo que eu mentisse dizendo que era por minha avó, eu ansiava poder criar meu próprios projetos e vê-los fora do papel.

Victor e Matteo viraram meu porto seguro, pessoas que eu podia confiar e me apoiar, amavam meu filho como se fosse deles e eu sempre brincava que Vini parecia amá-los mais do que a mim.

- Deixe de besteira querida, ele me ama enquanto você está conosco, quando fica sozinho comigo chora como um bezerro desmamado! - Matteo falou com sua voz fina nos fazendo rir.

Já fazia um mês desde que voltamos dos EUA e nós quatro estávamos no centro de Roma tomando sorvete. Ao observar o lugar notei uma cabeleira preta ao longe e franzi o cenho tentando reconhecer quem era. A pessoa estava de costas mexendo no celular, sentado um pouco afastado da nossa mesa.