Compromisso e lealdade

122 23 5
                                    

  Madara continuou saltando sobre os galhos o mais depressa que pôde, enquanto segurava Kai. Sempre se concentrando em sentir o grupo de Konoha partindo e tentar localizar inimigos. O garoto já estava mais calmo, mas parecia abalado psicologicamente. Ele para em um galho e coloca Kai a sua frente de pé. Ele já conseguia sentir o chakra de Sakura e Natsumi, ambos estavam oscilando um pouco. “— Sakura… eu estou voltando com Kai, ele está bem. Apenas alguns arranhões.” Madara esperou que ela respondesse, o que aconteceu alguns segundos depois. “— Naoki-San… ele… ele se foi. Eu não consegui salvá-lo. Eu não… não consegui.” Ele suspirou, não precisava ver o rosto dela, para saber que estava chorando e se culpando, assim como fez com Mio. Ele se ajoelhou, ficando na altura de Kai. Em sua mente, se recordava de fazer o mesmo com Izuna, quando perderam um de seus irmãos. 

  — Kai, seu pai foi gravemente ferido, Sakura ficou cuidando dele e de Natsumi. Ela não foi ferida gravemente, e já estava bem quando eu vim em seu resgate.

  — Meu Otōsan vai ficar bem, Uchiha Sama? A voz trêmula de Kai não soava confiante, era mais uma súplica. Madara respirou fundo, ele já fez isso outras vezes, porque continuava a ser difícil?

  — Você lembra o que expliquei a você sobre chakra? Que é a energia espiritual das pessoas e outros seres vivos? O menino assentiu, vendo que ele compreendia, o Uchiha prosseguiu usando um tom de voz mais brando. — Lembra que eu disse que um sensor Shinobi pode sentir a presença de chakra de outros seres? Eu sou um sensor, consigo sentir a presença de outros chakras, mesmo que estes estejam a quilômetros de mim. Foi assim que encontrei você. Eu consigo sentir o chakra de Sakura e Natsumi daqui onde estamos. Mas… não consigo mais sentir o chakra de Naoki. Kai pareceu pensar, então arregalou os olhos, e depois baixou a cabeça, mordendo o lábio.

  — Meu Otōsan… ele morreu, não foi?

  — Sim. Kai então virou de costas e tapou o rosto com as mãos, enquanto tremia os ombros de forma compulsiva, tentando controlar os soluços e o choro. Madara não disse nada, apenas colocou a mão no ombro dele, enquanto esperava que o garoto se acalmasse um pouco.

  Depois de alguns minutos, ele secou o rosto, controlando os soluços remanescentes e puxando o ar com força. Então levantou a cabeça e olhou para Madara, que o encarava sério.

  — Porque dói tanto?

  — Porque quando amamos alguém e perdemos essa pessoa, uma ferida é aberta no nosso coração e na nossa alma.

  — E um dia isso se cura? Ou vou sentir isso para sempre? Madara olhou para o céu, pensativo. Ele passou décadas com a mesma dor. A dor de não ter mais ninguém, a dor de ter perdido todos os que amava, nada nunca diminuiu a sua dor, ele apenas se acostumou a ela. Mas talvez ele tenha descoberto algo que poderia começar a curar essa ferida que sempre esteve aberta dentro dele. 

  — Eu perdi minha família, ainda muito jovem. E meu irmão alguns anos depois. Essa dor… ela nunca vai embora completamente. Você aprende a conviver com ela. Eu tinha meu clã para cuidar na época. Kai arregalou os olhos e olhou para a direção em que eles seguiam antes.

  — NATSUMI! Minha Imouto precisa de mim agora. Eu preciso cuidar dela, só temos um ao outro. A tristeza do rosto de Kai deu lugar à determinação. Algo que Madara respeitava e reconhecia naquele menino.

  — Tenho certeza de que Sakura está cuidando dela. Mas sim, ela precisa do oniisan dela. Kai então suspirou e assentiu. 

—//—//—







  Como esperado, aquele momento era o mais difícil. O adeus definitivo era sempre o pior. Madara deixou clones de madeira recolhendo os pertences que pareciam ter algum valor para família, e pertences pessoais para uso de Natsumi e Kai. Depois juntou os destroços e o corpo do cavalo, os incinerando até as cinzas rapidamente. Ele não queria deixar rastros, e sabia que para as crianças, seria difícil passar novamente por ali, e olhar tudo. Enquanto ele próprio preparava com estilo terra e madeira um túmulo digno para Naoki, mais afastado da estrada, entrando em uma clareira. Sakura ajudou as crianças a prepararem flores e as abraçava o tempo todo. Enquanto Natsumi se agarrava a ela e ao irmão, deixando lágrimas caírem em sua face assustada, Kai secava constantemente algumas lágrimas, enquanto encarava o agora túmulo de seu pai.

Destinos Entrelaçados Onde histórias criam vida. Descubra agora