Capítulo 15

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O ônibus me sacode até a faculdade como se tentasse me acalmar. Sem sucesso. É claro que eu não conseguia parar de pensar no que estava prestes a fazer — e se estava parecendo uma idiota por isso. 

Desci no que aparentava ser o ponto certo e cambaleei até o campus, sem noção do que faria dali em diante. Como eu iria descobrir onde ficava o prédio de Ciências Políticas? E a sala onde Danilo estava? Era um gelo agoniante dentro da minha barriga mas eu continuava andando, tentando seguir as pessoas, ler as placas espalhadas por todo o canto e disfarçar que eu ainda era uma estudante repetente do ensino médio. 

E quando, enfim, eu parecia ter achando o bloco correto, não teve mais jeito: precisava pedir informações.

— Licença — me aproximei de duas meninas no corredor do primeiro andar, com um sorriso forçado. Estava tremendo igual vara verde com a ideia de falar com desconhecidas.

Mulheres.

E bonitas.

Ai, Deus, por favor, tenha piedade.

— Oi! — elas responderam em uníssono. Pra minha sorte, pareciam simpáticas.

— Tudo bem? — solto um riso, nervoso. Droga. O que eu estava fazendo? Por que perguntar se duas estranhas estão bem? Só diga logo o que você quer, Lorena. —  Por acaso, uma de vocês conhece o Danilo? — desembucho.

— Danilo? — elas se entreolham, como se perguntassem uma para outra.

— Ah! Deve ser aquele da jaqueta roxa! — disse uma delas, de cabelo cacheado, batendo no ombro da outra. 

Quase soltei um gritinho de felicidade. Elas o conheciam! E eu não havia pego quase uma hora de ônibus à toa. 

Até que tinha sido fácil

— Sei! O nerd gostoso! — disse a loira.

Engulo minha animação em seco e pisco algumas vezes. Elas realmente o conheciam.

— É, esse mesmo — assinto, me arrependendo logo depois do que eu havia acabado de concordar. Que seja. Não dava tempo pra discutir isso. — E, por acaso... vocês fazem alguma ideia de qual sala ele tá agora? — as garotas me encaram, incertas. — Ele tinha um seminário pra apresentar.

— Alguém falou alguma coisa sobre seminário...

— A Pietra! Ela comentou com a gente, lembra? — a loira perguntou pra amiga e depois virou pra mim. — Ela é uma sortuda, foi a única que pegou aula com ele. — ela ri, mas logo depois de aflige. — Espera. Você não é namorada dele ou algo assim, é?

A outra menina arregala os olhos. 

— Não! Podem falar dele à vontade, como se eu não me importasse, porque eu, obviamente, não me importo — me embolo em minhas próprias palavras e franzo o cenho.  

— Ai, graças à Deus! Imagina, a gente falando aqui, sem nem pensar... — elas riem, aliviadas. — É que, pra mim, todo mundo aqui é solteiro. Até porque o que o amor constrói...

— A faculdade destrói! — a outra completa.

Dou uma risada nervosa.

— E... a amiga de vocês...?

— Ah, é! Só um segundo... — a cacheada puxou o celular de seu bolso e começou a digitar. — É isso mesmo! Ela disse que estão apresentando um seminário pra professora Kátia, na sala 403.

— Nossa, muito obrigada! — respondo, saindo correndo pro quarto andar.

— Nada! — ouço ao longe. 

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⏰ Última atualização: Oct 28 ⏰

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