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Deixa a estrelinha 🥹

Haziel Milani

Os dias estavam turbulentos.

Não tivera uma hora sequer de paz desde a interferência no Niflheim.

Grego continuava a pressionar os Fenrirs e Kelpies pela minha cabeça, e a desordem dentro da sociedade começava a refletir do lado de fora. As comunidades começavam a se agitar com os apostadores mais importantes se retirando progressivamente e levando todo seu dinheiro consigo.

Outra reunião tinha acontecido há poucas horas e eu insistira que minha interferência tinha sido causada com justificativas plausíveis. A última luta em que Natália se intrometera era fichinha, coisa de novatas. Já na última, a substituição ocorrera por um veterano. Isso tinha sido demais.

Não chegamos em nenhum consenso. Grego, o único líder de fora da reunião, deixara bem claro que os Skolls estariam se retirando do Niflheim caso eu não fosse deposto, enquanto eu dissera aos demais que os Hatis se retirariam comigo caso tentassem me substituir. Não havia um acordo de meio-termo. Terminamos da mesma forma que começamos.

As coisas estavam perigosas diante desse impasse, eu sabia. Em breve retaliações mais graves dentro das próprias comunidades começariam, e eu estava em alerta esperando por isso.

Era quase duas da madrugada quando voltei para casa. Passei pelo bar, que estava funcionando a todo vapor, o que era bom para a lavagem de dinheiro. Certifiquei-me de que tudo corria bem antes de tomar rumo em direção ao andar debaixo, mas parei quando vi Natália sentada em frente ao balcão, perto do corredor.

— Como estão as coisas? — eu perguntei para ela ao me aproximar, mas ela não me encarou. Não estava bebendo, a garota não tinha esse costume, mas estava fumando um cigarro de papel.

— Não me arrisquei me mudando para o seu lado para ser babá de uma bebezona — disse apenas. — Quero que me dê outra tarefa.

— Não confio em ninguém mais para cuidar dela.

— Ela não é tão importante assim.

— Ela é, e você sabe.

Natália não continuou argumentando, mas disse:

— De todo jeito, ela provavelmente vai acabar no fundo do poço por conta própria. Nem precisa da ajuda de Grego pra isso.

Não precisei de mais para entender o que estava acontecendo.

— Aparentemente a garota não superou o passado tanto quanto achou que tivesse.

— Espera que eu sinta pena ou coisa do tipo?

— Não, Natália. Não espero. Esse sentimento é algo que não podemos ter o luxo de sentir por aqui — respondi cruamente sincero antes de pegar o cigarro da boca dela para mim e seguir para o corredor. Escutei suas reclamações por vários metros pela frente.

Joguei o cigarro fora antes de passar pela porta que dava para minha sala, e de imediato uma careta domou minhas feições. Estava tudo uma... bagunça. Fazia apenas dois dias que estivera fora. Algumas almofadas estavam jogadas no chão, o tapete estava fora do lugar, havia dois cobertores embolados no sofá. Na cozinha, tinha louças espalhadas por todo canto.

A filha da puta...

Passei pela TV ligada em um filme aparentemente teen, deixando as chaves no apoio, e segui para o quarto, buscando por ela. Honestamente, eu vira, em nosso último encontro, que Vivienne não estava de todo perdida. Havia uma parte dentro de si, ainda que minúscula, que podia ser boa.

Criaturas BrutaisWhere stories live. Discover now