15 | Superestima

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Dois capítulos indo para compensar a demora, ok? Espero mtmtmt que tenham uma excelente leitura :)

Vivienne Barbieri

— O que você ainda está fazendo aqui? — eu perguntei no segundo em que localizei Haziel deitado no sofá da sala, fazendo com que ele abrisse os olhos bruscamente, alerta. Ele transferiu sua atenção para a escada, onde eu estava, e só então relaxou um pouco, como se percebesse que eu não era um grande perigo.

Grande erro.

O garoto se espreguiçou como um gato, bocejando, e eu acabei de descer os degraus.

— Não tem trabalho para fazer, não? — murmurei, ríspida, e só então ele me respondeu.

— Tenho. Você.

Arqueei as sobrancelhas.

— Tá falando do quê?

— Se quer ganhar o Ragnarok, Vivienne, se quer pelo menos continuar viva após as três lutas, você tem que treinar.

— Ah, então deixe-me adivinhar: meu treinador vai ser você?

— Quem mais se deixaria ser usado como um saco de pancadas por você, duquesa?

— Eu conheço uma porção de homens.

Ele fechou os olhos ainda sonolentos e riu.

— Pode até ser, mas ninguém mais sentiria tanto prazer na tarefa quanto eu.

Babaca.

— Agora me diz, tem algo para o café da manhã senão vodka?

— Para você nem isso tem — resmunguei, indo para a cozinha para abrir os armários. Tudo que tinha para um café rápido eram bolachas de maizena e pães velhos. Peguei o pão e a manteiga da geladeira, e em segundos Haziel já estava atrás de mim. Pegou o resto de leite que ali tinha e se sentou à mesa. Fiquei parada, encarando-o. — Você é a merda de um encosto, sabia? Não te quero aqui.

Não era nem para ele ter dormido ali.

Eu tinha ignorado sua presença pelo restante do caminho de volta, e mesmo quando ele subiu comigo, eu não disse nada. Estava focada demais em conseguir alguma maldita bebida. Peguei minha garrafa de vodka e sumi no andar de cima, pensando que me veria livre dele, ao menos temporariamente.

Não tinha sido o caso.

— Você deveria ser um pouco mais grata pela minha presença, Vivienne — disse, um pouco mais sério, enquanto se servia. — Sabe que não tem chance de vencer aquelas lutas treinando por si própria.

— Você me subestima muito.

— É para tentar abaixar um pouco seu ego — retrucou, dando um gole no leite. — Está funcionando?

— Nem um pouco.

Um canto de seus lábios se ergueu quando ele lançou o olhar para mim.

— Ainda. Você sabe que eu não desisto fácil.

— No dia em que eu te deixar me afetar, Milani, pode me entregar embrulhada para Grego.

O sorriso que ele abriu mostrou os dentes perfeitamente alinhados, e não tive dúvidas de que ele estava se divertindo imensamente ali. Odiei aquilo mais do que tudo.

— Vou ter outras coisas em mente para você. Não cedo o que é meu para absolutamente ninguém, duquesa.

Irritada, fui até ele e puxei seu copo com leite pela metade.

Criaturas BrutaisWhere stories live. Discover now