24 | Tentativas e acertos

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Vivienne Barbieri

— Foram dois coelhos com uma cajadada só, certo, garotinha inconsequente? — Foram as primeiras palavras de Haziel após quase duas horas desde que saímos da arena de Grego.

Ele avançou para a área de trás do extenso balcão seu bar, deixando que Gringo fechasse a porta de entrada. Eu e Natália avançamos um pouco, em silêncio.

Sentei-me a uma mesa um tanto quanto distante de onde Haziel estava, analisando toda a situação. Natália se escorou em um pilar, Gringo ficou perto da entrada e Matias se sentou perto de mim enquanto o líder dos Hatis servia um copo com seu melhor uísque.

Eu analisei o líquido.

Fazia alguns dias que eu não bebia. Andara ocupada demais traçando o plano para aquela noite. Claro que isso não significava que eu não tinha pensado em beber. Eu apenas... tenrara me concentrar ao máximo no que estava prestes a acontecer, e o álcool me tiraria do foco. A sensação inebriante tinha feito falta, mas eu ficara bem tendo um objetivo em que me centralizar. Mas agora que tudo tinha acontecido de acordo com minhas melhores perspectivas...

— Na verdade, não estou surpreso com isso — Haziel continuou, fechando a garrafa de vidro. — De você eu sempre espero o pior, Vivienne. O que me surpreende mesmo é de quem você teve ajuda.

E então seu olhar impenetrável foi desviado para Gringo, que permanecia imóvel, escorado na parede.

— Foi você quem colocou o Barbieri para dentro, você tem controle sobre quem entra e sai de todos os espaços dos clãs do Niflheim como um dos fundadores neutros. E quanto aos comprovantes de apostas... — ele desviou a atenção fria à outra garota do recinto — foi Natália quem conseguiu. Além de mim, ela é a única que tem acesso a arquivos dos Hatis. Vocês dois tramaram contra mim. Sabiam que, ao deixarem Vivienne fazer essa merda, não estaria acabando apenas com a reputação de Grego, e sim do Niflheim. A organização não podia sofrer mais um dano sequer. Vocês sabiam de tudo.

— Não de tudo — Gringo disse em um tom de voz baixo, porém rígido. — Ela nunca nos disse que pretendia desafiar Grego para lutar contra ela no Ragnarok — ele murmurou como se pensasse que aquele fosse o maior dos problemas com os quais Haziel estava preocupado.

— E você esperava que ela fosse esclarecer tudo que passava pela mente dela? — Haziel vociferou, falando como se eu não estivesse ali. Não me importei. Continuei encarando o copo cheio até a metade, lembrando-me do quanto precisava de álcool em meu organismo.

Iria acalmar meu coração acelerado e relaxaria meu corpo. Eu tinha enfrentado muito nas últimas horas. Eu merecia. Iria me distrair do que estava vindo ao meu encontro.

— Eu esperava muitas coisas dela, mas nunca que ela fosse ser ingênua o bastante para assinar seu acordo de suicídio.

— Acontece que foi exatamente isso que ela fez. E com a merda da permissão de vocês! — A fúria era quase palpável em seu tom de voz. — Como vocês podem ter deixado isso acontecer? O que estava passando por suas mentes, me diz, porra? Vocês pelo menos sabiam que estavam prestes a acabar de vez com o Niflheim.

Todos permaneceram em silêncio.

— O que eu devo fazer com essa merda? Como devo lidar com a traição das pessoas que considero mais próximas de mim? Como devo lidar com o fato de que vocês foram tão manipuláveis por uma menina que deu as costas para nosso mundo?

— Nós não te traímos — Natália se pronunciou, chamando a atenção irada de Haziel para si.

— Então por favor, Natália, me diga exatamente o que vocês fizeram, porque estou extremamente curioso.

Criaturas BrutaisWhere stories live. Discover now