PARTE II - CAPÍTULO 3

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Quem pode dirigir o próprio destino sem se deixar levar pelas circunstâncias que nos vem retirar do caminho reto para as misteriosas curvas da vida? Quem pode jactar-se de dizer ser o dono legítimo e único de sua sina?; que o livre arbítrio que De...

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Quem pode dirigir o próprio destino sem se deixar levar pelas circunstâncias que nos vem retirar do caminho reto para as misteriosas curvas da vida? Quem pode jactar-se de dizer ser o dono legítimo e único de sua sina?; que o livre arbítrio que Deus nos deu dá-nos a liberdade de nos dirigirmos e de refutarmos àquilo que não queremos para nós? Haverá ser tão venturoso sobre a face da Terra? 

Nos momentos de profunda acomodação, em que nos comprazemos com a tranquilidade e segurança que são como um bálsamo acalentador para nossos corações é que os desafios maiores aparecem. E essa força absoluta que governa o universo, a força do antagônico, que nos põe em prova a todos os momentos vai agir exatamente sobre aquele que mais seguro se sente; vai arder mais sobre aquele que mais tranquilo está; vai fazer incomodar aquele que se vê no regaço mais acolhedor!

É que o maior inimigo do sucesso, dizem os sábios, não é outro, senão o próprio sucesso!


* * *

Por longos e profícuos anos Euzébio reinou absoluto por aquelas paragens do sul das Gerais. Mas tão logo os grandes armazéns de São Paulo despertaram atenção àqueles rincões, o quadro mudou. Então passaram a conquistar facilmente espaço antes, só seus. E vinham vorazes. 

Mas nem por isso despertaram de pronto a atenção de Euzébio. Quando este notou o estrago no faturamento, era hora já de uma tentativa desesperada de retomada de crescimento. Ou se lançar a este voo, ou desistir de tudo aquilo. "Isto jamais", pensava o espavorido Euzébio, "desistir jamais...". 

Fiou o seu plano de crescimento; tratou deste plano em segredo, sem comunicar à família de seus intentos; promoveu reuniões; viajou dizendo ir fazer uma coisa quando ia fazer outra. Arquitetou tudo sorrateiramente, de forma que, na noite em que chegou em casa para levá-lo ao conhecimento da esposa e das filhas causou profundo admiração, um enorme espanto.

Vender tudo o que possuíam!

Unir-se a um empresário, amigo seu, de São Paulo, que lhe fizera tentadora proposta.

Comprar-lhe a metade da empresa, já constituída e torná-la ainda maior e forte.

Essa empresa, que já possuía um grande galpão na capital paulista, com trinta caminhões grandes tornar-se-ia com o impulso que Euzébio lhe daria em um dos grandes armazéns distribuidores do Brasil daquela época.

Era a solução, crescer ou morrer! Ir ou ficar!

Resolveram, de comum acordo, todos, ali mesmo, ir... mas nem todos...

A família ali reunida deliberou seu destino como alguém que joga na loteria. Apenas Antonieta, a primeira filha – e isto já imaginava Euzébio – iria ficar. 

Estava a moça de casamento marcado com um rapaz de família tradicional da cidade; tradicional porém aniquilada pelos caprichos da opulência; destituída dos portentos de antolho, rica em tradições, saliente nas aparências, pródiga em etiquetas, porém paupérrima. Andava tão apaixonada a moça que – sabia o pai – não os iria acompanhar.

O Fantasma do meio-diaOnde histórias criam vida. Descubra agora