- eu tô ridículo, preferia um vestido. - Cassian revirou os olhos escutando a humana se engasgar gargalhando.
A calça chegou até abaixo de seus joelhos, deixando suas panturrilhas expostas, e a camisa fazia parecer que ele tinha seios femininos, pois marcava seu peitoral, e deixava sua barriga de fora.
- haha engraçadinha. Tô achando muito engraçado. - Tamar sentia dor em suas costelas quando finalmente conseguiu parar de rir.
- certeza que quer o vestido? Uma pena que não tenha do seu tamanho. - ela percebeu.
Agora ambos estavam dentro de uma casa mais "moderna".
- venha para a cozinha, você deve estar faminto.
- leu minha mente?
- não, escutei essa sua barriguinha chapada roncando. - ela sorriu.
Ela era uma humana bem feliz aparentemente, a energia dela era algo que Cassian admirou mesmo conhecendo ela tão pouco tempo.
Ambos chegaram no cômodo, e com um pouco de desconforto ele conseguiu se sentar a mesa.
Com rapidez ela fez arroz, esquentou o feijão, e fritou ovos. Até mesmo fez Cassian cortar algumas batatas, o que ele fez com rapidez.
- então, quantos anos você tem?
- mais ou menos? Uns 530.- ele sorriu. - e você?
- 31.
- você parece bem jovem...
- humanos com 31 só parecem velhos se não se cuidam. E eu sempre pareci mais jovem. Finalmente meu rostinho de bebê serviu para algo. - ela deu uma risada maléfica fazendo Cassian se engasgar com a risada.
- mora sozinha ?
- sim, eu era filha única, a uns anos atrás meus pais acabaram falecendo. Eles me tiveram já estando velhos, mas não posso reclamar da minha criação ou educação, tudo foi cuidadosamente feito. - ela abriu um sorriso carinhoso.
- eu sinto muito, pela morte deles....
- eles foram em paz, se amavam tanto que quando um adoeceu e morreu o outro logo também foi.
- como... Como sabe que foram em paz ?
- quando os mortos tem uma expressão de paz, eles viram coisas belas antes de morrer, foram para um lugar bom. Mas quando seus rostos trazem uma expressão de agonia e horror, eles viram coisas horríveis, e é quase impossível terem ido em paz.
- entendo....
- Meus pais tinham as expressões mais calmas que eu já vi eles fazerem. Era uma paz sem igual. Ainda dói eles não estarem aqui, mas eu entendo que a morte vem para todos nós.
Cassian abriu um sorriso de compressão. Então decidiu compartilhar a própria história.
- bem, eu nasci de uma Illyriana que teve um caso com um macho de influência, mas eles jamais aceitariam um bastardo. Quando nasci fui separado e jogado nos acampamentos. Quando completei idade o suficiente fui atrás dela, e descobri que estava morta, não me deram nem ao menos a localização de seu corpo.
- isso parece extremo.
- sim.
- e o que você fez?
- destruí aquele vilarejo completamente. - ele a observava com cuidado, tentando saber qual seria a reação dela, mas tudo que viu foi compreensão.
- quantos anos dura o esqueleto de vocês?
- muitos.
- Unidos?
- depende do lugar. Por quê?
- eu tenho uma maneira de achar o que está perdido..
- sério?? - Cassian se levantou. Esperança brilhou em seus olhos.
- calma, primeiro temos que descobrir como te mandar de volta. E então eu posso cobrir algum artefato com a minha presença, e com ele você poderá achar o esqueleto de qualquer um. Mas tudo isso precisa de tempo.
- sim, mas se você for capaz de fazer isso. - Cassian se curvou. - eu serei eternamente grato a você.
- não precisa se curvar. - ela balançou as mãos rapidamente sem saber como continuar aquilo. - não precisa disso, Cassian. Bem... A comida tá pronta.
Cassian voltou a se sentar e se serviu, e provou.
- essa... É a melhor comida que eu já comi.
- não seja modesto, acredito que a comida do seu povo seja mil vezes melhor.
- não. - ele sorriu e a olhou de forma completamente honesto. - essa comida é muito melhor do que a dos féricos.
Tamar abriu a boca surpresa, ela acharia que ele estava mentindo, mas quando viu a sinceridade nos olhos avelã dele, se calou, mesmo que fosse difícil, ela acreditou nele.
- uau.- foi a única coisa que saiu da boca dela antes de começar a comer também.
- então... Assim, sem querer te chutar para fora. Mas o celeiro é o único lugar com uma cama imensa, você deve dormir lá.
- ok. - Cassian se levantou com cuidado para não derrubar nada com suas asas e ficou diante da pia. - vou lavar a louça.
- está bem. - ela achava justo, por isso não negou. - só seja delicado, as louças são frágeis.
- eu sou cuidadoso com coisinhas sensíveis. - ele sorriu e Tamar continuou sorrindo ignorando o duplo sentido que ele roronou.
- vou achar lençóis e cobertas. - ela saiu dali rapidamente fazendo Cassian sorriu divertido. Ela era incrivelmente tímida, e não sabia lidar com aquele tipo de investida. Ele percebeu isso.
Ambos chegaram até o celeiro e ela arrumou a cama.
- boa noite Cass, se por acaso você escutar alguém chegando voe até o teto. - ela apontou para cima. - lá tem uma janela que permite ver lá fora, mas não dá de ver nada lá de fora para dentro. Eu não quero que saibam que estou com um cara com asas, as autoridades cercam esse lugar imediatamente.
- certo, boa noite pequena humana.
Ela sorriu revirando os olhos.
Cassian ficou na porta do celeiro até que Tamar fechasse a porta da própria casa e desligasse as luzes. Depois disso ele foi deitar.
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Corte De Asas E Magia [Concluída]
Fiksi PenggemarO general Illyariano acaba sendo pego em uma tempestade mágica. Quando abre os olhos se vê em um mundo completamente desconhecido, e nele acaba conhecendo uma mulher que pode saber de uma maneira de enviá-lo de volta para seu mundo. O único problem...