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Depois do jantar, os dois caminharam pelas ruas ladeadas de lojas de departamento chiques e arranha-céus ostentando o nome de grandes instituições bancárias. O fluxo de pedestres — turistas, locais bem agasalhados e jovens em roupas de sair — entupia as calçadas e se espalhava pelas vias, por onde os veículos se arrastavam com vagar.

Wonwoo nunca se dera ao trabalho de vivenciar Hongdae à noite. Para sua surpresa, estava se divertindo. Em termos de acompanhante, Mingyu era o pacote completo. Ótimo na cama e fora dela. Suas demonstrações de carinho em público tinham tudo para deixá-lo envergonhado, mas até então ele tinha adorado. Quem não gostaria de ser beijado por ele em locais públicos, para que as pessoas pudessem ver, admirar e morrer de inveja? Ele segurava sua mão sempre que podia, e a conversa fluía com facilidade. Em geral, ele não gostava de novidades, mas se sentia seguro com Mingyu. Ao lado dele, Wonwoo se sentia parte da agitada noite de Seul, não apenas um espectador. Era incrível estar em meio à multidão e não se sentir sozinho.

Eles se aproximaram das cordas de veludo onde mulheres com pouquíssima roupa e homens de terno aguardavam em uma longa fila. Um segurança esquadrinhou o corpo e o rosto de Wonwoo, fazendo-o se inclinar contra Mingyu.

"É aqui o lugar?", ele perguntou, sentindo a ansiedade vir à tona. Mingyu o abraçou e confirmou com a cabeça. Então falou para o segurança: "A gente deve estar na lista. O nome é...".

O segurança apontou com a cabeça raspada para a entrada. "Podem entrar."

Mingyu deu um beijo de leve na têmpora de Wonwoo, segurou-o pelo cotovelo e entrou com ele pela porta da frente da 212 Fahrenheit. Outro segurança, que cuidava da porta, acenou para ele.

"Deixaram a gente entrar porque acham que sua presença vai ser boa pros negócios", Mingyu murmurou em seu ouvido.

Suas bochechas esquentaram, e ele tentou não deixar aquelas palavras subirem à sua cabeça. Wonwoo havia se maquiado e arrumado o cabelo para aquela noite. Não era ele de verdade.

Um número razoável de pessoas circulava pelo lugar. Wonwoo cerrou os punhos e tentou se preparar para o que viria. Já havia ido a jantares beneficentes e festas da empresa. Aquilo não seria problema. O ruído das conversas, misturado com a batida da música eletrônica, preencheu seus ouvidos. Por sorte, nada muito alto. Ele ainda conseguia pensar. O espaço era amplo, decorado num estilo minimalista e moderno, com vigas metálicas expostas em ângulos agudos. Um bar enorme ocupava os fundos do recinto, e um DJ comandava a música de uma cabine no alto da parede adjacente. Havia poucos lugares onde sentar, só alguns sofazinhos dispostos ao redor de mesas baixas de metal. Havia quatro delas em toda a casa, duas já ocupadas.

"Quero uma dessas mesas." A voz dele saiu convicta e firme, o que o tranquilizou, aliviando o buraco no estômago. Estava se saindo bem.

"Não são de graça."

Ele pegou o cartão de crédito de dentro da calça e entregou para Mingyu, dando risada quando ele abriu um sorriso surpreso.

"Eu não tinha onde mais colocar."

Mingyu passou as mãos pelas suas costas e o puxou mais para perto. "O que mais tem aí?", perguntou, tentando espiar.

"Minha carteira de motorista."

"Eu tenho bolsos, sabe? Posso guardar suas coisas."

"Nem pensei nisso. Deixei meu celular em casa porque não tinha onde enfiar." Devia ser por motivos como aquele que as pessoas namoravam. Só que ele não era seu namorado.

A ponta do dedo de Mingyu se insinuou para dentro da calça. Acabou esbarrando em seu pau, fazendo o sangue de Wonwoo disparar e o pulmão encher de ar antes que o outro encontrasse e retirasse a carteira de motorista. Pelo brilho no olhar dele, Jeon percebeu que não havia sido por acidente.

the kiss quotient | meanie.Onde histórias criam vida. Descubra agora