"Não faz bem comer a sobremesa primeiro, sabia?", Wonwoo comentou.
Ele sabia que estava sendo pedante e tedioso, mas não conseguia deixar de tagarelar quando estava nervoso. Sua ansiedade em relação à casa noturna crescera exponencialmente desde a semana anterior, e o evento principal seria dali a poucas horas....
Além disso, Mingyu estava segurando sua mão.
Sua palma suava tanto que ele não sabia como Mingyu ainda conseguia tocá-lo, muito menos agir como se fosse a coisa mais natural do mundo. Estranhamente, ele lidara melhor com as preliminares do que com aquilo — até acabar interrompendo tudo, era verdade —, e no momento pelo menos estava vestido. Era impossível culpar sua habitual aversão ao toque. Ele gostava de ser tocado por Mingyu.
Os dois caminhavam de mãos dadas por uma calçada movimentada de Hongdae e parecia que todas as pessoas que passavam sorriam para eles. Um velhinho de boina até deu uma piscadela para ele. Todos pensavam que eram um casal.
Wonwoo teria dado risada da situação se não sentisse que de alguma forma era alvo de uma pegadinha maliciosa. Um grupinho de meninas de vestidos curtos passou, lançando olhares para Mingyu, dando risadinhas e cochichando. Encararam Wonwoo com uma inveja palpável de que ele até gostou, apesar de saber que não merecia.
De terno cinza e camisa social preta, Mingyu estava especialmente tentador naquela noite. "É aqui."
Ele soltou sua mão e abriu a porta para que entrassem em uma sorveteria à moda antiga, com piso xadrez preto e branco. Lustres cor-de-rosa iluminavam os congeladores cheios de sabores e coberturas. "Qual é seu sorvete favorito?"
Wonwoo não conseguia nem pensar com a mão dele pousada na base de suas costas. Mingyu sabia o que estava fazendo? Ele já tinha visto caras fazendo aquilo com seus respectivos namorados. Mas Wonwoo não era namorado dele.
"Menta com gotas de chocolate", ele respondeu.
"Sério? É o meu também. Vou pedir outra coisa então, pra gente dividir." Ele acariciava distraidamente a cintura dele enquanto avaliava os sabores, fazendo seu corpo todo esquentar.
"Espera, como assim?"
Um sorriso malicioso surgiu nos lábios dele. "Não quer dividir?"
A garota com jeito de universitária atrás do balcão olhou para Wonwoo como se ele tivesse acabado de dar um pontapé num filhote de cachorro.
"Não, não é isso." Não exatamente. Depois de tantos beijos, ela sabia que era bobagem se preocupar com a troca de germes. Ela fizera uma análise detalhada dos sabores de sorvete e escolhera o melhor. "É que já sei do que gosto."
"Isso a gente vai ver." Ele deu um tapinha no vidro do balcão. "Menta com chocolate para ela e chá verde para mim."
Wonwoo queria pagar, mas ele tirou as notas da carteira antes que Jeon conseguisse sacar o cartão de crédito. Quando eles se sentaram a uma mesa preta de metal perto da janela, Mingyu enfiou a colher no sorvete, saboreou e abriu um sorriso lento e largo enquanto tirava a colher da boca e pegava mais um pouco.
"Que coisa ridícula", Jeon comentou. "Parece que você está fazendo um teste para um comercial da Häagen-Dazs. Ninguém sorri desse jeito depois de tomar sorvete."
Ele achou graça. "É bom mesmo." O sorriso voltou com toda força.
"Agora eu preciso experimentar." Wonwoo levou a colher ao pote dele.
"Ahá!" Em vez de deixar que o mais velho pegasse uma colherada, ele levou a própria colher à boca dele. Os olhos dele se arregalaram, e pensamentos conflitantes surgiram em sua cabeça.
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the kiss quotient | meanie.
Fiction généraleJá passou da hora de Wonwoo se casar e constituir família - pelo menos é isso que sua mãe acha. Mas se relacionar não é nada fácil para ele: talentoso e bem-sucedido, o econometrista é portador do Transtorno do Espectro Autista. Se para ele a anális...