Quatro meses depois
Wonwoo caminhava por uma rua tranquila no distrito de galpões industriais de Seul, um lugar pouco movimentado da cidade, ocupado por várias empresas de moda com base na Costa Oeste. Depois de abrir uma porta não identificada, ele entrou num espaço fabril com paredes metálicas, piso de cimento e telhado exposto.
Uma sessão de fotos estava em andamento num dos cantos, e Wonwoo sorriu ao ver os modelos exibindo as mais recentes criações de Mingyu. Mal havia chegado o outono e as roupas já eram da coleção de inverno. Crianças entre cinco e doze anos posavam com terninhos de corte impecável, coletes com boinas combinando, suéteres e casacos com forro de pele.
Seokmin foi o primeiro a vê-lo. "Oi, Wonwoo." Ele acenou distraído antes de continuar uma conversa animada com a fotógrafa.
Mingyu parou de amarrar um laço dourado no vestido de chiffon de uma garotinha e ergueu os olhos para ela. A expressão dele se iluminou. "Você chegou mais cedo."
"Estava com saudade."
O sorriso dele se alargou. Mingyu deu um tapinha no ombro da menina e a direcionou para o set, onde a coordenação de produção cuidava de posicionar as crianças e os objetos de cena. Então se aproximou de Wonwoo, enfiando as mãos no bolso e lançando um olhar de admiração para o tailleur azul-marinho que ele usava, com um lenço amarrado frouxamente no pescoço. Wonwoo sabia que tinha gostado de sua escolha de vestuário para o dia, e comprimiu os lábios para não sorrir. Era cada coisa que o deixava feliz...
Quando chegou nele, Mingyu se inclinou e beijou sua boca, então segurou suas mãos. Ele levou sua mão esquerda, onde um respeitável trio de diamantes brilhava, à boca, acariciando-o com o polegar.
"Ainda não acredito que você se endividou para me comprar isso", Wonwoo falou.
No entanto, era obrigado a admitir que adorava tudo o que a peça representava. Nunca gostara muito de joias, mas várias vezes se pegava olhando para a aliança, mais do que esperava, invariavelmente pensando em Mingyu. Quando seus colegas o pegavam sorrindo sem nenhuma razão aparente no trabalho, reviravam os olhos e murmuravam entre si.
"É sinal do nosso comprometimento. Além disso, hoje de manhã minhas dívidas ficaram oficialmente para trás. Seokmin conseguiu novos investidores. Vamos abrir três novas lojas até o Natal."
Ele fez os cálculos de cabeça, e sentiu a empolgação borbulhar dentro de si. "Está acontecendo tudo bem depressa. Vocês estão superando minha projeção de crescimento."
"Estamos mesmo. E foi sua análise que convenceu os investidores, na verdade."
"Acho que foi mais por causa das suas criações e da estratégia de marketing agressiva."
"Isso pode ter influenciado também." Ele deu risada, mas com um olhar suave no rosto. "Ter você ao meu lado esse tempo todo significou tudo para mim. Espero que saiba disso."
"Eu sei." Os meses anteriores tinham sido agitados para os dois, mas, juntos, eles haviam feito tudo dar certo. "O mesmo vale para mim."
A expressão dele ficou séria. "Você disse que tinha uma reunião com os sócios da empresa hoje. Como foi?"
"Eles me ofereceram outra promoção. Com cinco subordinados além da minha fiel estagiária."
"E?"
Ele respirou fundo antes de responder: "Eu aceitei".
Mingyu abriu a boca para falar e, no instante seguinte, o abraçou com força e deu um beijo em sua testa. "Está arrependido?"
Wonwoo se aconchegou um pouco mais para sentir o cheiro dele. "Não. Estou apreensivo, mas, em termos gerais, feliz."
"Que orgulho de você."
Wonwoo abriu um sorriso tão largo que suas bochechas até doeram. "A promoção significa um bônus bem gordo. Já vou avisando que você vai ganhar um carro novo."
Quando Mingyu se afastou, Wonwoo temeu que pudesse ter ficado chateado. Era impossível ler a expressão no rosto dele quando falou: "Posso comprar meu próprio carro".
Ele mordeu o lábio para não fazer uma careta, mas entendeu que Mingyu queria conquistar as coisas por seu próprio mérito. Não precisava mimá-lo. Mas ele queria tanto.
"Mas eu bem que queria um igual ao seu", Mingyu continuou. "E gosto de carro preto."
Ele inclinou a cabeça para o lado e respirou fundo. "Isso significa que...?"
"Significa que, se você quiser me comprar um carro novo, vou usar." Mingyu abriu um sorriso sugestivo, e os olhos do mais velho pareceram dançar no rosto. "Se quiser me comprar cuecas, vou usar."
Ele ficou tão feliz que se agarrou à mão dele para não sair flutuando pelo galpão. "Isso significa que você me ama."
Mingyu entrelaçou seus dedos como sempre fazia e apertou sua mão. "Isso mesmo. É a economia que diz."
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the kiss quotient | meanie.
Ficción GeneralJá passou da hora de Wonwoo se casar e constituir família - pelo menos é isso que sua mãe acha. Mas se relacionar não é nada fácil para ele: talentoso e bem-sucedido, o econometrista é portador do Transtorno do Espectro Autista. Se para ele a anális...