√ eleven.

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Wonwoo estava retraído durante a caminhada de volta até o Model S branco. Diversas vezes Mingyu o viu massagear as têmporas, mas quando perguntou se ele estava com dor de cabeça a resposta foi um resmungo ininteligível. Talvez ele não estivesse falando por causa do beijo, mas aquilo não parecia ser do seu feitio.

Bom, ele era do tipo que ia embora sem avisar. Ouvir Seokmin dizer que Wonwoo queria pegar um táxi sozinho foi como um soco no estômago de Mingyu. Lembrava-o do abandono do próprio pai, que o deixara com um problema gigantesco para resolver. Já Wonwoo ia deixá-lo com a chave do carro e o cartão de crédito dele. Quem faria uma coisa dessas?

Mingyu achava que não merecia aquilo. Em ambos os casos.

Tentara evitar que uma antiga cliente fizesse um escândalo na frente de Wonwoo. Youngsun era chegada em um drama. Enfim tinha se divorciado do marido milionário e queria Mingyu só para si. Estava disposta a pagar o que fosse preciso.

Ela se recusava a admitir que Mingyu preferia pisar em brasas a aceitar aquilo. Insistiu por vários minutos, citando cifras extravagantes uma após a outra, e então simplesmente o beijou.

Mingyu sempre associaria o gosto de chiclete de canela, cigarro e uísque a Youngsun.

Já Wonwoo tinha gosto de... sorvete de menta com gotas de chocolate.

Eles entraram no carro do mais velho, que acionou o aquecedor de assentos, se afundou no encosto, apoiou a cabeça e ficou olhando pela janela, batucando nos joelhos distraído. Mingyu ligou o rádio para quebrar o silêncio, mas Wonwoo o desligou de imediato e logo recomeçou a batucar. Era um movimento hipnótico, um pouco irritante.

Mingyu lhe lançou um olhar incomodado, mas ele nem percebeu.

Depois de saírem da cidade e entrarem no tráfego iluminado da estrada, ele cansou de se segurar e perguntou: "Quando você faz isso com os dedos... é uma música? Como se tocasse um piano?".

Ele interrompeu o movimento e sentou sobre as mãos. "É o Arabesque, de Debussy. Gosto muito da combinação de quiálteras e oitavas."

"Então você sabe tocar?" Quando fora encontrá-lo na casa dele, no centro de Seul, tinha sido impossível não notar o piano de cauda que dominava a sala quase vazia. Se ele tivesse talentos artísticos além de inteligência, sucesso profissional e beleza, seria oficialmente a encarnação do homem de seus sonhos. E tão fora de seu alcance que chegava a ser risível.

O peso das merdas feitas por seu pai ainda não havia recaído sobre ele, mas Mingyu não tinha quase nada a oferecer a um garoto como Wonwoo. Só seu rosto e seu corpo, mas aquilo qualquer uma com algum dinheiro podia ter. Talvez Wonwoo tivesse se atraído por quem ele era antes, alguém que podia se dedicar a suas paixões. Aquele cara tinha potencial. Mingyu quase não se reconhecia mais.

"Sei", respondeu Wonwoo. "Comecei a tocar antes de aprender a falar."

Ele ergueu as sobrancelhas. Além de ser o homem dos seus sonhos, ele também era uma espécie de Mozart.

"Não é tão impressionante quanto parece", Wonwoo comentou com um sorriso ácido. "Demorei para começar a falar."

"Não consigo imaginar uma coisa dessas. Você parece perfeito."

Wonwoo baixou a cabeça e soltou o ar com força. Mingyu perguntou qual era o problema, mas uma minivan lenta à sua frente chamou a sua atenção. Ele mudou de faixa e pisou fundo, numa ultrapassagem silenciosa. Adorava carros potentes.

Mas pensar em carros o fazia pensar em sua BMW M3, e em como a havia conseguido.

"Ela é a cliente louca", ele contou. Mingyu sentiu o peso do olhar de Wonwoo sobre si. "A mulher que você viu."

the kiss quotient | meanie.Onde histórias criam vida. Descubra agora