Nota da autora e agradecimento.

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Nota e agradecimento da Minni:

Oi, gente. Tudo bem? Espero que sim e que tenham se apaixonado pelo Wonwoo e pelo Mingyu como eu me apaixonei pela Stella e pelo Michael da versão original. A priori, gostaria de me desculpar com qualquer um que, em algum momento, tenha se sentido frustrado com a história. Eu me apaixonei por ela, foi uma leitura gostosa que me fez sair da minha ressaca literária e eu pensei "por quê não adaptá-la para o meu couple favorito?", e então, surgiu a adaptação Meanie.

De forma alguma o que fora escrito condiz com a realidade de ambos e não há intuito de ofender ou algo do tipo. Também gostaria de especificar que sou estudante de Psicologia, mas ainda não tive aulas aprofundadas sobre o TEA, então optei por não interferir no roteiro. Segui completamente a risca e, se pegarem o livro para ler, verão que está realmente igual e a única distinção é o encaixe dos personagens e seus pronomes.

Agradeço primeiramente a Gi (@/sobsinkidult), que quando eu compartilhei a ideia, aprovou e incentivou. Também gostaria de agradecer a Nininha (@/lovelysvt__) e a Mih (@/mihilsvt), que são mutuals queridas para mim e que sempre estão lendo a adaptação. Além delas, uma menção extremamente honrosa a Isa (@/gyuldaengie0), que além de também acompanhar, me aconselhou a voltar a publicar a história quando eu pensei que estava sendo uma péssima estudante. Agradeço também a quem me enviou mensagem no Retrospring e deixo claro aqui que fico triste que não tenhamos conversado pela DM e assim, você poderia expor o que te fez se sentir como sentiu. De qualquer forma, reforço que torço para que uma outra escrita minha faça com que o gelo se quebre entre nós. Quem sabe em uma possível au? Eu espero, de coração.

Nota da autora original:

A primeira vez que ouvi falar de autismo de alta funcionalidade, foi numa conversa particular com a professora da minha filha na educação infantil. Fiquei completamente chocada com o que ouvi. Minha garotinha dava trabalho, mas não se encaixava no conceito que eu tinha de "autista". Aos meus olhos, ela sempre fora como deveria — uma menininha linda com personalidade forte. O que encontrei em uma pesquisa rápida na internet não parecia bater com as características dela. Só para ter certeza, pedi a opinião de familiares e da pediatra, e o veredicto foi unânime: minha filha não era autista. Eles deviam ter razão, então deixei a questão para lá.

Ou pelo menos foi o que pensei. Minha versão da vida real seguiu em frente, mas meu lado escritora ficou fascinada pelo assunto. Eu já vinha pensando em uma versão de Uma linda mulher com gêneros invertidos fazia um tempo, mas não conseguia arrumar um motivo para uma moça bonita e bem-sucedida querer contratar um acompanhante. Um dos traços do autismo que encontrei na minha pesquisa ficou na minha cabeça: falta de traquejo social. Estava ali uma coisa com que eu me identificava — e um bom motivo para contratar um acompanhante. E se a heroína da minha história fosse autista? Eu precisava aprender mais a respeito. Comecei a pesquisar para valer e descobri uma coisa interessantíssima: existem livros específicos para mulheres dentro do espectro do autismo. Por que isso é necessário? Somos todos seres humanos. Pensei que homens e mulheres fossem iguais nesse sentido. Então resolvi comprar um livro sobre o assunto, de Rudy Simone.

Uma sensação estranhíssima se instalou dentro de mim quando comecei a ler, que só foi se fortalecendo à medida que eu avançava no livro. Aparentemente, existe uma enorme diferença na maneira como o autismo é percebido em homens e mulheres. O que eu havia descoberto em minha pesquisa dizia respeito a homens autistas, mas muitas mulheres, por uma série de razões, mascaram suas peculiaridades e escondem seus traços para se tornar socialmente aceitáveis. Até mesmo nossas obsessões e nossos interesses são adaptáveis nesse sentido, passando a cavalos e músicas em vez de placas de carro que começam com o número três. Por causa disso, mulheres muitas vezes não são diagnosticadas, ou só o são num estágio avançado da vida, com frequência depois que seus filhos o são. As mulheres estão naquilo que se costuma chamar de "parte invisível do espectro".

Enquanto lia, comecei a me recordar da minha infância e a me lembrar de um milhão de pequenas coisas, como alguém ter dito na escola que minha expressão facial era assustadora, fazendo com que eu passasse horas praticando diante do espelho. Ou que às vezes eu ficava imitando o jeito de agir e de falar da minha prima porque ela era popular, de modo que devia ser o certo — só que era uma coisa exaustiva para mim. Ou que eu costumava batucar meus dedos no padrão 1-3-5-2-4 sem parar, então percebera que aquilo irritava as pessoas e começara a usar os dentes no lugar, para que ninguém visse, de modo que hoje sofro de periodontite precoce, mas não consigo parar nem se minha vida dependesse disso. Ou que eu tinha uma obsessão por George Winston que me levou a aprender a tocar piano sozinha quando era pequena, e que continua viva décadas depois. Ou, ou, ou...

O que começou como uma pesquisa para o livro se tornou uma jornada de autodescobrimento. Aprendi que não estou sozinha. Existem outras pessoas iguaizinhas a mim, muito provavelmente incluindo minha filha. Ao buscar e enfim obter meu diagnóstico (aos trinta e quatro anos), Stella, a heroína deste livro, pôde nascer. Nunca foi tão fácil para mim criar uma personagem. Eu a conhecia intimamente, porque ela vinha do meu coração. Não precisava censurar minhas ideias para torná-la socialmente aceitável, algo que eu vinha fazendo de forma inconsciente fazia anos. E essa liberdade me permitiu encontrar minha voz. Eu vinha usando o estilo de escrita de outras pessoas, tentando ser algo diferente. Quando escrevi este livro, passei a ser eu mesma, e continuo sendo desde então, sem o menor peso na consciência. Às vezes, em vez de confinar a pessoa, um rótulo pode ser libertador. Pelo menos no meu caso foi. Comecei a fazer terapia para superar dificuldades que nunca soube que eram comuns em pessoas como eu.

Dito isso, vale a pena assinalar que cada pessoa dentro do espectro tem suas próprias experiências, limitações, perspectivas e também seus próprios pontos fortes. Minha experiência (e portanto a de Stella também) é só mais uma entre muitas, e não pode ser encarada como padrão, porque não existe um.

Para quem se interessar, encontrei fontes de informação sobre o espectro do autismo que são muito úteis:

Olhe nos meus olhos, de John Elder Robison;

O que me faz pular, de Naoki Higashida;

Os vídeos do psicólogo clínico Tony Attwood disponíveis no YouTube;

the kiss quotient | meanie.Onde histórias criam vida. Descubra agora