Jab, jab, cruzado. Jab, jab, cruzado. Cruzado, cruzado, cruzado...
O suor escorria para os olhos de Mingyu, fazendo-os arder. Ele passou o antebraço no rosto antes de cerrar o punho e atingir de novo o saco de pancadas. Quando algum pensamento se infiltrava em sua mente, batia mais forte. Pensamentos demais, sentimentos demais.
Jab, esquiva, gancho. Jab, cruzado.
Seus braços queimavam. Era uma dor bem-vinda, que incinerava tudo dentro de sua cabeça. Não havia nada além da resistência pesada da areia dentro do saco e do grave impacto que provocava ondas de choque pelos braços e pernas.
Jab, jab, jab, cruzado, cruzado, cruzado. Mais forte. Será que conseguiria derrubar o saco de pancadas preso por correntes? Talvez. Cruzado, cruzado, cruzado, cruzado...
Batidas escandalosas na porta o interromperam no meio de um soco, e ele olhou feio naquela direção. Sua irritação logo se transformou em receio. Poderia ser o senhorio querendo falar sobre o aluguel?
Jogando uma toalha sobre o pescoço, Mingyu abriu a porta.
"E aí?" Seokmin passou por ele, colocou um pacote com seis long necks na mesinha de centro e atirou a jaqueta de motoqueiro sobre o sofá. Sem se dar ao trabalho de olhar para Mingyu, foi até a cozinha e abriu a geladeira. "Tem alguma coisa para comer?"
"Quem trabalha num restaurante é você", Mingyu respondeu, voltando aos socos.
O saco de pancadas ainda balançava por causa da sequência de golpes que tinha desferido. Mingyu o endireitou antes de cravar o punho outra vez no couro gasto. Enquanto atingia o equipamento, ouviu uma série de bipes de micro-ondas.
"Vou comer as sobras que encontrei aqui", Seokmin avisou. Mingyu o ignorou e continuou batendo.
O micro-ondas apitou. Pouco depois, Seokmin apareceu com uma tigela fumegante, sentou no sofá e começou a devorar o jantar de Mingyu. Fazendo bastante barulho.
Quando cansou de aturar aquilo, Mingyu parou de bater e falou: "A maioria das pessoas come na mesa da cozinha".
Seokmin deu de ombros. "Prefiro o sofá." Ele enfiou um hashi recheado de lámen na boca e chupou os fios pendurados. Em seguida lançou um olhar para o primo como quem pergunta "que foi?".
Mingyu cerrou os dentes e tentou retomar o ritmo.
"Você anda puxando ferro? Seus braços estão maiores. Parece até que você tem uns pãezinhos escondidos aí, cara."
Endireitando o saco de pancadas, Mingyu perguntou: "O que está fazendo aqui?".
"Você vai se desculpar comigo ou não? Porque está sendo um primo de merda. De verdade."
Ele fechou os olhos e soltou o ar com força. "Desculpa."
"Vou ter que pedir para você tentar de novo."
Ele se afastou do saco de pancadas e se jogou no sofá ao lado do primo. "Desculpa mesmo. As coisas estão complicadas para mim e..." Mingyu apoiou os cotovelos nos joelhos e cobriu o rosto com as mãos enfaixadas. "Desculpa."
"Não entendo por que mentiu sobre ter namorado. 'Ninguém especial' o cacete. Está com medo de que ele não goste da família ou coisa do tipo?", Seokmin perguntou com um risinho de deboche.
Mingyu teve que se segurar para não arrancar os cabelos. "Não quero falar sobre isso."
"Porra, Mingyu." Seokmin pôs a tigela na mesinha ao lado das cervejas e pegou a jaqueta. "Tô caindo fora então." Ele foi até a porta e virou a maçaneta.
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the kiss quotient | meanie.
Ficción GeneralJá passou da hora de Wonwoo se casar e constituir família - pelo menos é isso que sua mãe acha. Mas se relacionar não é nada fácil para ele: talentoso e bem-sucedido, o econometrista é portador do Transtorno do Espectro Autista. Se para ele a anális...