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Destruir. Derrotar. Despistar...

Mingyu examinou a silhueta vestida de negro de seu parceiro de treino em busca de fraquezas que pudesse explorar. Aquele instante, no calor do enfrentamento, era o único em que liberava os instintos mais básicos e egoístas que passava os dias combatendo. E era bom pra caralho. Por mais que se esforçasse para negar, no fundo, era igual a seu pai. Tinha herdado sua maldade.

Ele avançou e partiu para um golpe na cabeça. Quando a espada de seu parceiro de treino subiu para bloquear o golpe, Mingyu buscou um impulso extra para arquear a arma para baixo. A ponta da espada acertou a lateral do corpo do oponente.

Contato claro. Fim do confronto.

Eles se cumprimentaram com uma reverência e largaram as espadas no chão azul acolchoado antes de se ajoelhar. Mingyu detestava aquela parte do treino, não porque significa que tinha chegado ao fim, mas porque era hora de tirar a armadura e voltar à vida normal.

Naquilo residia a beleza do equipamento. Era capaz de transformar uma pessoa em alguém completamente diferente. De camiseta ele era uma coisa. Com uma armadura preta e o rosto escondido atrás de uma grade de metal ameaçadora, outra. Em seu conjunto, os apetrechos pesavam uns quinze quilos, mas ele sempre se sentia mais leve quando os usava.

Ao remover as camadas de proteção, o ar frio tocou sua pele e a realidade retornou com tudo. Pensamentos pesados se empilhavam como tijolos, transportando-o ao seu estado habitual, de alguém que carrega um fardo. Responsabilidades e obrigações. Contas. Famílias. Um emprego diurno. Outro noturno.

Depois que a aula foi oficialmente encerrada, Mingyu guardou seu equipamento na prateleira da parede dos fundos. O vestiário era dos mais apertados, com um monte de caras aglomerados, então ele foi se trocar no corredor. Não mostraria nada que metade das pessoas de Seul já não tivesse visto.

Duas estudantes deram risadinhas e entraram correndo no vestiário feminino. Ele revirou os olhos enquanto vestia a calça jeans por cima da cueca. Kim Mingyu: prestando serviços a metade das pessoas de Seul e agora a mais duas garotas.

"Isso deve nos render meia dúzia de alunas novas na semana que vem", disse Seokmin, seu primo e parceiro de treino.

"Vou deixar para você a tarefa de ensinar os movimentos de ataque para elas", Mingyu falou enquanto pegava uma camiseta amarrotada do avesso na mochila e a desvirava.

"Elas vão se decepcionar."

"Sei..." Ele vestiu a camiseta, tentando em vão ignorar o reflexo contrastante dos dois no espelho da parede.

Um monte de garotas preferia Seokmin. Com seu corte undercut e tatuagens cobrindo os braços e o pescoço, parecia um traficante asiático barra-pesada. Olhando para ele, ninguém adivinharia que trabalhava no restaurante da família para pagar a faculdade de administração. Mingyu, por outro lado, era a imagem do bom moço.

O que não era nenhum problema — afinal, pagava suas contas —, mas com o tempo a reação das pessoas tinha se tornado maçante. Bom, a não ser pela reação de certo economista. A atração que Wonwoo sentia por ele era óbvia, mas ele não o olhava como um pedaço de carne com uma etiqueta de preço. Wonwoo o encarava como se não existisse mais ninguém. Era impossível esquecer a maneira como o beijara depois que ele conquistara sua confiança, a maneira como se derretera todo e...

Quando Mingyu se deu conta do rumo que seus pensamentos tomavam, forçou-se a cair na real. Ele era um cliente, e tinha lá seus problemas. Não era certo pensar em trabalho naqueles termos.

the kiss quotient | meanie.Onde histórias criam vida. Descubra agora