Reunião

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Não via o grupo há dez anos, desde que foram acusados de traição pela morte de Zaratras, mestre dos cavaleiros sagrados de Liones. Encontrá-los novamente era um misto de conforto e terror. Por um lado, era reconfortante ver que estavam bem, mas, por outro, o medo a consumia. Durante essa década, desenvolveu motivos pessoais para evitar a equipe: estava determinada a desvendar os mistérios de seu passado. Além disso, temia pelo bem-estar de seus companheiros, pois seus poderes estavam perigosamente instáveis, como uma bomba prestes a explodir

Desde que conheceu Meliodas, estava determinada a encontrar respostas sobre suas memórias, que desapareceram. Havia algo nele que despertava uma estranha familiaridade e sentimentos profundos, levando-a a crer que ele é uma peça importante de seu passado. No entanto, tantos anos se passaram e ainda não havia descoberto nada concreto. Sua identidade permanecia uma incógnita, um enigma que a atormentava constantemente. Curiosamente, Meliodas parecia conhecê-la melhor do que ninguém, o que só aumentava sua desconfiança e ânsia em desvendar os mistérios que cercavam sua vida e suas memórias perdidas.

A princesa Elizabeth era, sem dúvida, uma jovem incrivelmente corajosa. No entanto, sua coragem muitas vezes parecia ser acompanhada de uma certa imprudência e tolice. Desafiando todos os conselhos de suas irmãs e sem nenhum preparo aparente, ela decidiu confrontar diretamente os cavaleiros sagrados e procurar ajuda daqueles que eram rotulados como traidores. Meliodas propôs que ajudasse na missão de salvar Liones. Sua primeira reação foi recusar, mas ele tinha uma maneira única de convencê-la, com apenas um sorriso e um olhar

A decisão de retornar à equipe dos Pecados Capitais não foi fácil, mas acabou cedendo após Diane fazer o maior escândalo, chorando horrores e implorando para que voltasse com eles. A insistência de Diane, combinada com a habilidade de Meliodas de persuadi-la, tornou a recusa impossível

Agora, o capitão era dono de uma taverna chamada Chapéu de Javali, que ficava em cima de um porco verde gigante. Meliodas disse que você precisaria ajudar com o trabalho enquanto estivesse com eles. De prontidão, quis ficar na cozinha, mas ele negou e a obrigou a atender as mesas.

Olhou-se naquele uniforme ridículo, que nem sabia se podia chamar aquilo de roupa. Tudo era muito curto e tinha pouco pano, não tampava quase nada.

— (S/n), sai dai logo! Tem clientes para atender! — Meliodas bateu na porta, impaciente, e você abriu a porta irritada

— Não acredito que chama isso aqui de uniforme, capitão. Isso aqui é um trapo! — Reclamou, passando por ele, que ficou parado no corredor

— Ué, você não vem, capitão? — Perguntou, olhando ele por cima do ombro. O loiro parecia em estado de choque e logo desviou o olhar para a janela do corredor, ruborizado.

— Espera! Toma isso aqui, não pode sair por aí com o pescoço à mostra — Estendeu a mão que segurava algo

— Não acredito que ainda tem isso — Pegou o lenço roxo que usou para enfaixar o braço dele, quando o conheceu. O lenço estava limpo e parecia novinho em folha, como se não tivesse passado mais de vinte anos desde que se conheceram

— Obrigado, capitão — Agradeceu enquanto amarrava o lenço no pescoço, cobrindo a tatuagem de abutre

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Desceu até o salão do bar, que estava cheio de clientes. Ban estava na cozinha preparando os pedidos, enquanto Diane e Elizabeth serviam a clientela

— Dá licença, dá licença — Ouviu uma voz fininha, e uma coisa encostou em suas pernas, fazendo você olhar para baixo

Seus olhos piscaram várias vezes, não acreditando no que via. Seu corpo tremeu de emoção, e você se jogou no chão, abraçando o porquinho

— Meu deus, um porquinho falante! — Abraçou o porco, que reclamou

— Eu hein, esse povo se emociona com qualquer coisa — O porco disse e logo deu um grito, sentindo dentes em sua bundinha rosada. O porco correu pelo salão, tentando se livrar do cachorro verde que o abocanhou. O porquinho parou na sua frente de novo

— Tira ele de mim, tira! — Ele gritou desesperado

— Cachorro malvado, solta! — Você pegou o cachorro verde pela orelha, e Oslo soltou o porco, que suspirou aliviado

— Vai para fora, Oslo! — Ordenou, e o cachorro passou por você com as orelhas baixas e desapareceu de sua vista

Não acreditava no que via em sua frente: um porco falante que estava xingando Oslo de todos os nomes por tentar comê-lo

— Me desculpe por isso. Qual é seu nome, Sir Porquinho? — Perguntou acariciando onde o cachorro mordeu

— Eu me chamo Hawk, sou o capitão da ordem limpadora dos restos — Disse orgulhoso

— Hm, eu nunca ouvi falar dessa ordem, deve ser muito importante e super secreta, né? — Disse se levantando e ouvindo alguns assobios dos clientes

— Fala sério? Eles estão assim por causa desse trapo? Tenho certeza que isso é alguma fantasia pervertida do capitão— Murmurou irritada e foi atender as mesas

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No final do dia, estava desmaiada de bebida no meio do bar junto com Ban, Meliodas e Diane, que estava no tamanho humano devido à poção que deu a ela

— Eu estou tão feliz que voltou, (S/n)! — Diane te abraçou pelos ombros, seus olhos brilhando de alegria

— Eu estava com saudades disso, de todos vocês! — Respondeu com a fala enrolada, abraçando Diane de volta

— Eu tive uma ideia! Canta para gente, (S/n)! — Diane disse empolgada, jogando-se para trás, e você rapidamente a segurou pela cintura para ela não cair

— Hm... não sei... não — Soluçou, sentando Diane no travesseiro de King, que estava vazio

— Nossa, aqui é tão fofo! — Se aconchegou no travesseiro, e pelo canto dos olhos viu o nariz de King escorrer sangue de tanta emoção 

— É, CANTA PARA GENTE — Ban gritou junto com Hawk e levantou o porquinho no ar, como se estivesse torcendo 

— Por favor Lady (S/n), cante para nós! — Elizabeth pediu com olhos brilhantes

— Canta, (S/n)! — King implorou com as mãos juntas

Suspirou e fez um violino mágico aparecer na sua frente. O instrumento começou a tocar uma melodia calma

— Como cortar pela raiz se já deu flor... — Cantarolou suavemente a melodia que sempre esteve em sua mente

— Como inventar um adeus se já é amor... — Cantou as letras que seu coração sabia de cor.

Continuou cantando o refrão, pois era a única parte que sabia. Quando terminou, viu que todos tinham caído no sono, encantados pela sua voz

— Como conhece essa música? — A voz calma de Meliodas te fez encará-lo

— Eu só sei — Deu de ombros, fazendo o violino desaparecer

Pegou outra cerveja e bebeu o líquido rapidamente

— Você tem um péssimo hábito com álcool desde que nos conhecemos — Meliodas disse, observando você beber outra cerveja em menos de um minuto

— É, eu acho que sim, mas quem se importa? — Soluçou, indo pegar outra, mas Meliodas a pegou de sua mão

— Qual foi? Eu ia beber essa, capitão! — Reclamou, chateada com ele

— É que essa tava mais perto, eu tô com sede! — Ele sorriu despreocupado 

Uma risada suave rúptil pela sua garganta, balançando a cabeça. Apesar de tudo, era bom estar de volta, cercada por seus amigos e pela camaradagem que sempre compartilhavam. Sentiu uma onda de nostalgia e gratidão enquanto olhava ao redor do bar, observando cada um dos seus companheiros adormecidos

Abutre Escarlate - Os sete pecados capitaisOnde histórias criam vida. Descubra agora