Remorso

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A morte de seu irmão a destruiu. Tomada pela fúria e pelo luto, ela se lançou de cabeça no treinamento, dedicando horas intermináveis para aprimorar suas habilidades de combate. Cada golpe desferido era uma tentativa desesperada de aliviar a tensão que se acumulava em seu peito, um esforço frenético para suprimir a dor esmagadora

Evitar Meliodas tornou-se uma necessidade, não por medo ou aversão, mas pela urgência de manter uma distância emocional que a permitisse lidar com seu luto de maneira solitária. Não precisava dele a dizendo coisas óbvias, nenhuma das palavras dele iria diminuir a angústia e a dor que sentia dentro de si. Treinava como uma louca apenas para manter sua mente limpa de quaisquer pensamentos dolorosos e indesejados

A exaustão se fez presente em seu corpo, mas você ignorava os sinais. Estava a sete noites treinando sem uma pausa, movida por uma determinação implacável. Não iria parar agora; precisava atingir seu limite para ganhar mais resistência, para se tornar mais forte, para não falhar novamente

— Pare com isso, ou vai acabar se matando — a voz autoritária de Meliodas assombrou sua mente, ecoando pelo campo de treinamento

Continuou destroçando todos os manequins agressivos que a atacavam, seus movimentos eram precisos e implacáveis

— Eu preciso disso para ser mais forte — murmurou para si mesma, tentando convencer-se de que essa era a única maneira de lidar com a perda

Meliodas observava a cena, com uma expressão nervosa — Pare com isso, (S/n). Isso é uma ordem! — ele parou em sua frente, seus olhos fixos nos dela, cheios de preocupação e determinação

Você não obedeceu, cega pela dor e pela necessidade de continuar. Em um reflexo perfeito, em um movimento automático, acabou desferindo um golpe de espada nele. O impacto foi forte, mas Meliodas não recuou. Ele firmou os pés no chão e segurou seu punho, sentindo a força bruta e a frustração em cada fibra do seu ser

— Eu disse para parar! — Meliodas rugiu, sua voz ressoando pelo campo de treinamento — Você está se destruindo!

Você lutou para se soltar, mas ele não cedeu. A raiva e a dor explodiram dentro de você, e lágrimas começaram a rolar pelo seu rosto, misturando-se ao suor — Você não entende! — gritou, a voz quebrada pelo sofrimento — Eu preciso ser mais forte! Eu preciso! Eu falhei com ele! — sua voz estava carregada de culpa e desespero 

Meliodas tentou segurá-la firmemente, mas seu corpo tremia — Você não vai conseguir nada assim! — ele gritou, tentando fazê-la ouvir a razão

Enquanto lutava para se soltar, a imagem do corpo de seu irmão surgiu em sua mente. Você tremeu violentamente, sentindo uma força interna sair de seu corpo. Em um instante, uma explosão de poder emanou de você, fazendo o campo de treinamento balançar com o tremor da explosão

Meliodas, que estava próximo, foi lançado para trás pela força do impacto. Quando você dizia que era a única que poderia matá-lo, ele subestimava seu poder. Agora, o demônio estava gravemente machucado, com o sangue dele espalhando por todos os lados

Seus olhos se arregalaram com a visão, o sangue de Meliodas jorrou em seu rosto e seus movimentos enrijeceram — MELIODAS! — O desespero tomou conta de sua voz, suas mãos começaram a tremer quando o loiro caiu no chão

Você correu até ele, o coração disparado, os joelhos fraquejando quando se ajoelhou ao lado dele. Suas mãos hesitaram antes de tocar no corpo dele, sentindo o calor do sangue quente e a falta de resposta dele — Não, não, não... — sussurrou, quase como uma prece desesperada

— Meliodas, por favor, acorde! — implorou, sua voz falhando. O medo e a culpa se entrelaçavam, formando um nó na sua garganta. Você pressionou as mãos contra a ferida dele, tentando estancar o sangue que parecia não parar de fluir

Abutre Escarlate - Os sete pecados capitaisOnde histórias criam vida. Descubra agora