Abutre Escarlate - Os sete pecados capitais

Merlin

A tensão na torre de Merlin estava esmagadora. O aroma das ervas e ingredientes mágicos misturava-se com a eletricidade no ar, criando uma atmosfera quase sufocante. O tratamento do rei foi basicamente um experimento onde Merlin usou Bartra de cobaia. Merlin queria testar a magia demoníaca, no final com um trabalho em equipe deu tudo certo. O rei estava finalmente descansando em um dos aposentos do castelo de Camelot

Merlin, com sua aura enigmática, estava concentrada em seu trabalho, mexendo cuidadosamente em uma poção que borbulhava em um caldeirão antigo. As chamas sob o caldeirão lançavam sombras dançantes nas paredes de pedra, criando um ambiente quase místico. Você a observava, cada movimento calculado, cada gesto meticuloso. Havia um passado turbulento entre as duas, um passado cheio de segredos e traições

— Você é igual uma cobra — Você pontuou, a voz carregada de uma mistura de desprezo e resignação — Está sempre se esgueirando pelos cantos, vive cheia de segredos — Balançando a cabeça em negação, cruzou os braços sobre o peito, que estava protegido por um peitoral prata, um coração roxo no centro adornava a armadura, um símbolo de um passado não tão distante como cavaleira sagrada de Liones. Você se encostou na escrivaninha cheia de papéis de feitiços, criando uma barreira entre as duas, enquanto observava a feiticeira trabalhar meticulosamente

Merlin soltou uma risada desdenhosa — Ora, não seja hipócrita (S/n), nós duas sabemos muito bem que você não é tão diferente de mim — Afirmou, virando apenas o rosto para olhá-la por cima do ombro, os olhos brilhando com um misto de desafio e diversão

— Você diz isso como se me conhecesse, Merlin — Retrucou, os olhos fixos na feiticeira que parava momentaneamente de mexer na poção

Merlin se virou lentamente, cada movimento carregado de uma confiança fria — Talvez eu conheça mais do que você pensa — Seus olhos cor de mel, profundos e repleto de desconfiança, cravaram-se nos seus. — Saiba que nunca me enganou igual enganou a todos da equipe. No fundo, você sempre vai ser uma ameaça para todos — A feiticeira apontou, a acusação clara em seu tom

Revirou os olhos com a acusação de Merlin e continuou em seu lugar, colocando os braços atrás do pescoço, despreocupada com a irritação da maga

— Talvez você esteja certa, eu nunca fui uma boa mocinha — Disse sorrindo e piscando para Merlin em provocação 

Os olhos cor de mel seguiram para a espada no coldre de sua saia, e ela sorriu — Vejo que conseguiu outro tesouro sagrado — Disse com interesse, sentindo a magia emanar do sabre desconhecido por ela

— Sim, você despedaçou em cinzas a Claymore que eu tinha — Você a relembrou do encontro que as duas tiveram

— Não tenho culpa que você tentou me matar — Disse Merlin, dando de ombros, enquanto ia até a escrivaninha e pegava um dos papéis de feitiços.

— Você é ridícula, você que me atacou primeiro! — Se defendeu, rangendo os dentes com a hipocrisia de Merlin. Quando ela se aproximou o suficiente, observou a pequena cicatriz que tinha deixado no queixo da feiticeira

Merlin tocou levemente a cicatriz, um sorriso sem culpa nos lábios — Eu tive meus motivos. — Disse, enquanto voltava para a bancada de trabalho

Você a observava, ainda incrédula — Nem uma desculpa? — Perguntou, a voz carregada de frustração e uma ponta de mágoa

Merlin parou por um momento, sua mão pairando sobre a poção. — Desculpas não mudam o passado, (S/n) — respondeu finalmente, sem olhar para ela — E não vão nos ajudar a enfrentar o que está por vir

Você acenou bufando, contrariada com a declaração de Merlin — Claro, é demais querer que você se retrate, né?  Afinal você só suga o conhecimento que eu tenho e depois age com desprezo 

Merlin riu baixinho, um som quase inaudível em meio ao borbulhar da poção — Sugando o conhecimento? — perguntou ela, com um tom de diversão — Querida, eu estou sempre buscando mais conhecimento, de onde quer que venha

Um pergaminho veio voando em sua direção, e você o segurou no ar, lendo o conteúdo com olhos arregalados de choque — Como? Isso é quase impossível — Comentou, ainda sem acreditar no que via

Merlin sorriu, convencida — Impossível não existe no meu vocabulário, querida

— Não é à toa que você é o pecado da gula — Murmurou, lendo o pergaminho novamente, ignorando o tom de deboche na fala dela

Merlin deu de ombros, um brilho de satisfação nos olhos — A busca incessante por conhecimento e poder é o que me define. E é por isso que estou sempre um passo à frente

Não pode deixar de revirar os olhos com força vendo a maga convencida a sua frente — Contemplem a maga Merlin, ela é implacável! — Disse com um tom irônico e divertido 

Merlin arqueou uma sobrancelha, um sorriso de satisfação brincando em seus lábios — Pelo menos reconhece a verdade quando a vê

Cruzou os braços, seus olhos não deixando os de Merlin — E você, pelo menos, admite que está sempre sugando o que pode dos outros. Inclusive de mim

— Apenas dos melhores — Merlin respondeu, seu tom era frio e calculista — E você, minha querida, é uma das melhores

A tensão no ar pareceu aumentar, mas havia algo diferente agora. Um reconhecimento mútuo de suas habilidades e da necessidade de trabalhar juntas, mesmo com todo o rancor e desconfiança

Você deu um passo para trás, segurando o pergaminho com mais firmeza — Talvez você esteja certa. Mas não espere que eu siga cegamente suas ordens

Merlin deu uma risadinha, o som ecoando suavemente na torre — Eu não espero. Eu conto com isso

Com um último olhar cheio de desafio e resolução, (S/n) virou-se e saiu da torre. A tensão entre elas permanecia, mas havia uma nova camada de entendimento. Ambas sabiam que, apesar de suas diferenças, suas forças combinadas seriam necessárias para enfrentar os desafios que estavam por vir

────────⊹⊱✫⊰⊹────────

Quando voltaram para Liones, a capital estava em destroços, pedaços de construção por toda parte. O rei Bartra parecia outra pessoa depois do tratamento, ou melhor, experimento. O olhar e forma cansada dele foi substituída por pura energia, ele estava revigorado

— Sinto como se eu tivesse quinze anos novamente! — Bartra disse, sorrindo animado e começou a se esticar estralando os ossos

Você riu com se divertindo com a agitação do rei — É ótimo que se sinta assim, meu rei! Mas preciso avisar que ainda precisa se cuidar. Mesmo que se sinta jovem, a idade o deixa mais vulnerável — Disse, dando alguns tapinhas nas costas dele

— Você e Merlin são excepcionais, têm minha eterna gratidão! — Respondeu Bartra com um sorriso

 A batalha contra Hendrickson parecia ter sido difícil, e por algum motivo, Hawk tinha diminuído de tamanho. Elizabeth estava diferente, não parecia a mesma menina frágil que tinha encontrado chorando agarrada ao pai. Algo tinha mudado nela, e aquela mudança não era uma boa coisa. Ela parecia carregada por uma força oculta, algo que não podia identificar, mas que a deixava inquieta

Sentiu um arrepio por todo o corpo no momento que seu olhar cruzou com o de Meliodas. Um estalo de cacos caindo pelo chão ressoou pelo campo e uma aura sombria rompeu pelo campo onde ocorreu a batalha, olhou para os lados tentando ver se mais alguém tinha sentido, porém, todos pareciam absortos, focados na devastação ao redor

— Você está bem, (S/n)? — Merlin perguntou séria, com as sobrancelhas erguidas, olhando-a com desconfiança

Você murmurou incerta, virando o rosto, observando atônita o grande buraco na montanha que continha uma grande criatura demoníaca, aquilo era um demônio vermelho. King tinha contado sobre a nova geração beber sangue de demônio, por isso tantos estavam se tornando criaturas da escuridão e surtando

Oque estava acontecendo? Tudo estava ficando estranhamente familiar, um sentimento sombrio corroeu seu coração

O sentimento sombrio em seu coração era um aviso. Algo grande estava por vir, algo que mudaria o destino de todos