Capítulo 24

930 101 16
                                    

Pov Mon

Minha cabeça dói tanto que parece que tem alguém usando ela de bumbo em alguma fanfarra e piora muito quando a droga do meu celular começa a tocar sem parar em algum lugar da casa.

- É sábado! – berro para o aparelho perdido. – Não fode a minha vida! – Só que é claro que a porcaria não para de tocar e eu tenho que me arrastar para fora da cama com os olhos parcialmente abertos no que deve ser a pior ressaca de todos os tempos.

Chuto as roupas do chão para longe e encontro minha bolsa em cima da mesa, mas o celular não está lá dentro, mas sim na saladeira.

- Alô! – Grito no auge do mau-humor, só querendo me esconder na cama com uma aspirina.

- Mon, aqui é a sua mãe. – Resmungo um palavrão e me deixo cair no sofá, meu estômago girando como um carrossel.

- Oi, mãe. E aquele papo de não me ligar mais?

- Seu pai quer conversar com você, então venha almoçar aqui hoje.

- Se ele quer tanto conversar, por que não é ele quem está me ligando?

- Mon, apenas obedeça e venha aqui.

- Eu não quero, mãe. Estou exausta para discutir.

- Ele não quer discutir. Venha, ou então o Nop vai te buscar.

- Então manda ele vir perto do meio-dia. Até lá morri para o mundo.

- Já passa das dez.

- Puta que pariu!

- Olha essa boca. Vai tomar um banho e se aprontar que seu irmão já está indo. – O jeito imperativo dela faz com que eu me sinta com dez anos e estou cansada demais para gastar energia protestando.

Tomo um longo banho e sequer seco os cabelos, ou passo maquiagem. Simplesmente visto um macacão preto e calço minhas Havaianas, jogando tudo dentro da bolsa e me arrastando para fora de casa.

Vejo meu irmão conversando com Sam no portão e sinto meu estômago dar uma cambalhota. É claro que eu me lembro do fiasco da noite anterior. Como eu pude cogitar fazer uma serenata pra ela? Eu não sou o tipo de garota que acha gestos públicos de amor bonitos, na verdade é meio que o cúmulo da cafonice em minha concepção.

- Quanto você bebeu? – Nop questiona assim que me vê. Olho para Sam de uma forma acusadora, mas ela apenas dá de ombros.

- É visível que está de ressaca, – meu irmão explica me analisando. – Vai ser lindo o almoço de hoje com você nesse estado e o pai querendo sair por certo.

- Você pode simplesmente ir para casa e me deixar voltar a dormir – sugiro de maneira esperançosa.

- E eu ficar sendo o culpado pela filhinha não dar as caras? Deus me livre. Te jogo nas costas e te arrasto para lá feito um homem das cavernas. – Se fosse em qualquer outro dia, eu teria rido, mas agora simplesmente abro o portão e vou para dentro do carro, fechando os olhos para tentar aliviar a dor de cabeça.

- O que deu com ela? – Ouço Nop perguntar.

- Ressaca de vinho – Sam responde com uma voz de escárnio.

Sinto vontade de mostrar o dedo do meio para eles, mas isso faria com que eu tivesse que me mexer e tudo em mim dói.

- Vai ser um almoço e tanto. – Nop comenta ao entrar no carro. – Não dá para você simplesmente aceitar as desculpas do velho?

- E ele continuar criticando minha forma de viver?

Ficamos em silêncio por todo o caminho depois disso e eu só abro os olhos quando Nop estaciona na frente de casa. Minha mãe, como sempre, está nos aguardando no portão e faz uma careta ao ver a forma como estou vestida. Sabiamente não comenta nada e apenas me abraça, ressaltando estar com saudade.

𝑨 𝒗𝒊𝒓𝒈𝒊𝒏 𝒆𝒏 𝒕𝒓𝒐𝒖𝒃𝒍𝒆Onde histórias criam vida. Descubra agora