Capítulo 16

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Pov: Mon

Alguns dias depois, minha mãe finalmente me liga.

- Mon, aqui é a sua mãe.

A voz dela não é nada amistosa e eu paro de andar. Acabei de chegar do trabalho e estou no jardim. Sento nos degraus da casa de Sam e ouço o suspiro exagerado que ela dá do outro lado da linha.

- Oi, mãe, – digo com educação

- Até quando pretende continuar com essa briguinha infantil? Perdeu o almoço de sábado. Já faz quinze dias, Kornkarmon.

- Briguinha infantil? – Repito, sentindo a raiva ferver dentro de mim.

- É claro que seu pai gosta de você. Ele só quer que faça algo mais rentável.

- Eu gosto do meu trabalho e não sei porque está me ligando se acha que a briga foi infantil e eu estou errada, mãe.

- Não acha que está na hora de parar de ser tão dramática? Seu pai está chateado.

- Então por que não é ele me ligando? –  Ela fica em silêncio e então suspira novamente.

‐ Vocês dois são iguais. Se resolvam sem mim. Estou exausta.

Ela desliga na minha cara e eu fico um tempo encarando a tela do celular sem conseguir acreditar. Mamãe quer mais uma vez colocar panos quentes ao invés de simplesmente resolver a situação.

- Problemas?

Tomo um susto ao ouvir a voz de Sam e olho para o lado, vendo que ela está segurando o regador. Ela adora cuidar das plantas, ainda mais agora que estamos na primavera.

- Minha mãe tentando fazer eu e meu pai conversarmos. – Ela arqueia as sobrancelhas.

- Pelo jeito não resolveu nada?

- Não. – Levanto e bato a poeira das roupas, pegando a minha bolsa. – Vamos ver até quando isso vai. Não estou com vontade de ser eu a ceder.

- Se fosse uma aposta, apostaria em você.

Sorrio para ela e vou para casa. Nos últimos dias estabelecemos uma rotina amistosa de sempre conversarmos quando chego do trabalho e não tenho mais vergonha dela por causa dos testes que já fizemos, ou daquela noite em que dormi ao seu lado no sofá. Na verdade, Sam agiu tão bem com tudo que eu acabei ficando mais confortável com a situação e de um jeito surpreendente, acabamos nos tornando amigas.

Ter feito todas aquelas coisas com Sam me deu coragem o suficiente para aprender a lidar melhor com a minha sexualidade. Então, depois que o artigo sobre o vibrador na calcinha foi ao ar, eu testei o sugador de clitóris e escrevi como é bom ser uma mulher que explora a própria sexualidade. A venda de sugadores disparou na Luxury, assim como o tal lubrificante que torna o sexo gelado e com sabor de chocolate. As cinco regras de Sam fizeram um sucesso danado e ela acabou tendo uma crise de risos quando contei outro dia.

Só que agora meu arsenal de brinquedinhos acabou e não me surpreendo quando Jim me chama a sua sala. Acho que as chances de eu ser demitida, ou considerada uma fraude sexual, estão bem pequenas Sam me fez ver que eu não minto sobre nada, apenas omiti o fato de ser virgem.

- Bom dia, Mon – ela fala assim que sento no lugar de sempre. – Aqui por dois motivos. Te chamei

- Quais? – Jim sorri e me entrega a já conhecida embalagem.

- Linha nova, – diz com um sorrisinho de lado. – E agora a segunda novidade. Está preparada?

- Não sendo nada envolvendo desemprego. – Ela joga a cabeça para trás e começa a rir. Ando falando tanto com Jim que estou ficando mais desinibida.

𝑨 𝒗𝒊𝒓𝒈𝒊𝒏 𝒆𝒏 𝒕𝒓𝒐𝒖𝒃𝒍𝒆Onde histórias criam vida. Descubra agora