Capítulo 26

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Pov Mon

É o auge do mico entrar em uma UPA sendo carregada no colo e com uma amiga histérica ao lado que pede urgência por achar que eu estou morrendo. Não é que eu me sinta muito bem, mas é que até para quem sente que está fazendo a passagem tem de a ver algum limite.

A sorte é que uma enfermeira simpática vê a situação e logo traz uma cadeira de rodas.

- Vocês podem esperá-la aqui – ela diz quando Sam me acomoda na cadeira.

- Eu vou com ela. – Ela fala isso de uma forma tão imperativa que eu arregalo os olhos, um feito e tanto com a dor de cabeça dos infernos que estou.

- Que seja.

O resmungo da enfermeira é feito um segundo antes dela começar a me empurrar para a parte interna da UPA e o movimento é o suficiente para que eu tenha uma nova crise de náuseas, mas não tenho nada para vomitar, então fico apenas fazendo barulhos horríveis e assustando outros pacientes.

Sam fica perto de mim enquanto entro na sala de triagem e começam a me examinar, constatando que estou com febre e a pressão um pouco alterada. Sou mandada para o corredor logo em seguida e ela me empurra até ao lado de uma poltrona, me deixando próxima e sentando.

É reconfortante estar perto de Sam e quero agradecer, mas estou muito fraca para isso.

- Você está péssima. – Ela fala isso e começa a secar meu rosto molhado de suor com um lenço azul perfumado.

- Não sei o que está acontecendo. Será que vou morrer? – Sam parece estar segurando o riso quando pega em minha mão.

- Acho que não, Mon.

O médico não demora a me chamar Sam me empurra para dentro do consultório, ficando ao meu lado enquanto explico tudo o que estou sentindo e sou examinada.

- Você está com intoxicação alimentar e início de desidratação. Deve ter comido algo estragado. – O doutor informa isso depois de me examinar minuciosamente e eu fico um pouco aliviada. Pensei que poderia ser algo muito pior.

- Foi depois de tomar um sorvete que comecei a me sentir mal. Estava meio esverdeado o fundo.

- E você continuou tomando?! – A pergunta indignada é feita por Sam.

- Achei que fosse do sabor – justifico.

- Provavelmente estava vencido – diz o médico e me entrega uma folha. – Só ir até a enfermaria.

Sam me conduz para fora do consultório e ainda está resmungando quando chegamos a enfermaria.

- Precisa ser mais responsável, Mon – repreende como se eu tivesse cinco anos. Penso em mandá-la voltar para a ex-namorada e bancar a escrota ingrata, mas isso demanda gastar uma energia que não tenho, portanto permaneço quieta enquanto a enfermeira nos conduz para uma sala vazia e me pede para sentar na poltrona cinza e confortável e apoiar o braço no suporte de metal ao lado. Fecho os olhos com força quando ela começa a aplicar o soro, meu braço ardendo demais.

- Você é bem difícil de pegar veia.

Ela diz isso e passa para o outro braço, me cutucando até conseguir o que quer e me dizendo para descansar porque vai demorar um pouco até eu poder ser liberada. Encolho-me na cadeira e olho para o teto branco, o cheiro de álcool me deixando enjoada.

- Desculpe por ter brigado com você – Sam fala de repente, se aproximando de mim e me cobrindo com a manta que o hospital oferece, parecendo ter adivinhado que estou com frio. – Fiquei muito preocupada. Você come muita besteira, Mon e teve toda aquela bebedeira de ontem.

𝑨 𝒗𝒊𝒓𝒈𝒊𝒏 𝒆𝒏 𝒕𝒓𝒐𝒖𝒃𝒍𝒆Onde histórias criam vida. Descubra agora