Capítulo 27

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Pov Mon

Sabe aquela expressão capotar de sono? É exatamente isso o que acontece comigo logo depois Sam sai do quarto para ligar para a farmácia.

Acordo somente quando a claridade invade o quarto e um raio de sol fica bem na minha cara. Surpreendo-me ao sentar e me espreguiçar e ver Sam sentada no chão com a cabeça apoiada na cama dormindo e com os óculos tortos e praticamente na testa.

Mordo o lábio ao constatar que provavelmente ela dormiu desse jeito para ficar cuidando de mim e isso mexe comigo de uma forma que não consigo começar a descrever, mas que ao mesmo tempo me deixa feliz e com uma vontade ridícula de chorar.

Eu não queria me apaixonar por ela, na verdade não queria gostar de mais ninguém e ponto. O simples pensamento de que se me permitisse sentir demais por alguém faria com que eu me tornasse vulnerável de novo foi apavorante o suficiente para que eu não deixasse ninguém se aproximar, mas isso aconteceu sem que eu me desse conta e agora estou aqui, olhando para esta mulher e desejando ter muito mais do que ela se dispôs a me dar.

Sem medir consequências, estico o braço e acaricio seus cabelos macios. Sam suspira, fazendo um beicinho, e murmura algo sobre batata frita ser proibido e isso me faz rir. Ela acorda ao ouvir meu riso e seus olhos castanhos sonolentos encontram os meus. Sinto vontade de contar a Sam todos os meus segredos, desde as neuras a respeito de eu ter peitos pequenos ao fato de eu ter medo do filme O Exterminador do Futuro, mas eu permaneço em silêncio e me pergunto se ela se sente da mesma maneira que eu, querendo que eu conheça cada detalhe seu e se sua pele pinica em contato com a minha do mesmo jeito que eu fico quando a toco. Eu não digo nada e afasto a mão dos cabelos dela.

- Dormiu aí no chão? – pergunto com minha voz horrível matinal.

- Você ainda estava um pouco quente depois que dormiu e eu quis esperar sua febre ceder e acabei dormindo. Minhas costas estão me matando nesse momento.

Dou um sorriso amarelo e afasto as cobertas, deslizando pela cama até conseguir colocar meus pés no chão. Levanto-me rapidamente e tudo gira, fazendo com que eu caia sentada.

- Mon? – Sam se endireita rapidamente, me olhando de uma forma preocupada.

- Apenas um fraqueza – explico e respiro fundo. – Queria fazer pelo menos um café para te agradecer por tudo...

- Você vai ficar deitada aqui hoje. Só vai levantar para ir no banheiro.

- Estou abusando, Sam...

- É ruim aceitar minha gentileza?

- Apenas não quero te atrapalhar.

- Você não está atrapalhando, Mon. –  Fico mais tranquila sabendo que está aqui comigo do que sozinha e prestes a se entupir de comidas que não deve.

- Nossa.

- Seu paladar é infantil. – Ela diz isso de uma maneira divertida e não em um tom de reprimenda e eu acabo sorrindo.

- Agora deita aí que vou fazer um chá e trazer umas bolachinhas de água e sal.

- Não dá.

- E posso saber o motivo?

- Preciso fazer xixi.

Ela faz uma careta, deixando claro que me acha impossível, e eu me levanto, com mais calma dessa vez.

- Precisa que eu vá junto?

- Não quero que me veja fazendo xixi. Isso é esquisito, Sam.

Ela começa a rir do meu ultraje e eu acabo rindo junto. É tão fácil ser eu mesma quando estou com ela. Não meço palavras, ou me preocupo em fazer aqueles joguinhos de quando se quer impressionar uma mulher. Estar com Sam é simplesmente fácil.

𝑨 𝒗𝒊𝒓𝒈𝒊𝒏 𝒆𝒏 𝒕𝒓𝒐𝒖𝒃𝒍𝒆Onde histórias criam vida. Descubra agora