O certo a se pedir, o certo a se fazer

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Sem dizer nenhuma palavras, Adrien dirigiu o percurso inteiro. 

Ao seu lado, Marinette tentava se manter concentrada ao horizonte, mas seu coração sangrava tal como o rosto do seu amado. Estava preocupada, queria levá-lo para casa, para cuidar daqueles ferimentos, limpar tudo o que estava ferido, machucado. 

Não sabia ao certo que iria acontecer. Nada mais fazia sentido. Não conseguia parar de chorar, olhando para frente, olhando para baixo, para cima como se estivesse olhando para o céu, só pedindo para Deus que de alguma forma, as coisas se resolvessem da melhor maneira possível mas... no meio daquele turbilhão todo, não conseguia enxergar nenhuma luz. 

Dessa vez, não iria ter saída. Como poderia pedir para que Adrien continuasse ao seu lado, quando o mundo inteiro parecia não querer deixá-los em paz? 

Primeiro Kinn, depois aquele outro cliente no shopping, agora Luka...quem mais? Quantos mais iriam aparecer? Até quando?! 

Não dava mais, para envolvê-lo nessa lama. Não iria fugir como da ultima vez, até porque precisava ser sincera com ele. Teria que dizer tudo, talvez fosse melhor terminar com tudo... mesmo que desistir daquele sonho, fosse a sua pior ruína. 

Por fim, perdida em seus pensamentos, não percebeu que Adrien tinha estacionado o carro. Olhando ao redor, estranhou por estarem ali. Tinha imaginado que os levaria para casa ou para qualquer outro lugar, até mesmo a igreja, mas ele os levou para a torre Eiffel, que estava linda e toda iluminada. 

Saiu do carro depois que ele abriu a porta. Mesmo com tudo aquilo, Adrien não deixava de ser um cavalheiro. Seu coração apertou mais. Porque sabia, que não iria existir outro como ele, e droga, não queria compartilhar com outro homem, o que estava vivendo juntos. Não queria deixá-lo! 

- Me acompanhe por favor...

O ouviu pedir com a voz tremula e baixa. Céus, como desejou abraçá-lo. Estava tão frágil, tão machucado, e tudo tinha sido por sua culpa! 

Caminhando devagar, um pouco mais atrás, chegaram a um determinado ponto, onde Adrien se manteve em uma pequena distancia. 

De costas, e olhando para o chão, ele suspirou, antes de começar a falar pausadamente. 


- ...faz um tempo que me ensinaram algo, que infelizmente acabei me esquecendo... quando nós...pedimos alguma coisa para Deus, seja um dom, uma graça...uma maneira de ser...tal como a inteligência, a sabedoria, o autocontrole...esperamos que essas coisas caiam do céu, como se Deus, o todo poderoso criador de tudo isso aqui...fosse apenas o nosso criado, cumprindo com os nossos caprichos...

Cada palavra que saída de sua boca, entrava pelos ouvidos de Marinette uma por uma. Ela as ouvia atentamente, fechando os olhos quando o sentiu resmungar baixo por causa do incomodo que deveria estar sentindo pelo machucado que havia ao lado esquerdo do queixo. 

Mesmo assim, Adrien não quis parar, aquela dor não era nada. Precisava ir até o final. 

- Esse é o nosso maior erro, é a nossa maior arrogância. Esperar que Deus nos dê tudo, quando nós, não merecemos...absolutamente nada. - olhou para as mãos ainda sujas de sangue, feridas pelos socos que havia dado em Luka.

Nunca tinha passado por nada disso antes. Se quer se viu em alguma briga dentre palavras, o que diria, em algo físico, tão baixo. 

Era um fato... não adiantava ignorar. Havia perdido tudo, todo o controle que levou anos, a vida inteira para moldar. Sendo um homem tão temente a Deus, considerando qualquer tipo de violência repulsiva...estava ali agora, sangrando, e apaixonado, por uma mulher. 

Next time I'll fall in love with youOnde histórias criam vida. Descubra agora