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Para todo lugar que olhava, se sentia fora da caixa, mesmo com a presença de Celline. Focou no bolo no prato, porque o assunto que as mais velhas estavam tendo não era algo que me atraia.

Todo lance de música clássica e jantares, Celline gostava desses assuntos, gostava porque seu antigo marido era um romântico incurável. Se lembrava dele, Bob, era um cara legal, gentil e que sempre fazia macarrão com massa fresca porque sabia que eu gostava.

Um infarto acabou o matando dois anos após meu próprio pai morrer. Foi estranho receber a notícia, porque foi como sentir a perda paterna pela segunda vez.

Era difícil ter momentos felizes na vida, não se recordava muito deles para falar a verdade, era como uma página em branco. Uma pagina que a mãe com a presença do padrasto acabou queimando por completo.

Ainda era uma tortura saber que ela o escolheu, que eu estava sendo jogada ao monstro pelas suas próprias mãos. Não sabia o que seria da vida se não fosse Enid.

Talvez tenha mentido um pouco sobre não se recordar da felicidade, na verdade, passou a senti-la novamente quando a presença loira começou a frequentar minha vida.

Via nela uma esperança, desde que passou a estudar para a prova de história, não estudou para não apanhar da mãe, estudou porque não queria decepcionar Enid. Porque ela confiou em mim, me defendeu naquela escola onde a perversidade rondava até mesmo a diretora.

Algo nela me chamou a atenção desde que a viu pela primeira vez da janela do quarto, não que fosse uma sociopata que ficava observando, não era isso. Apenas gostava da visão, porque era algo bom de se ver no inferno que me cercava.

Viu o que ela fez pela moça ruiva, o cuidado que ela tinha toda vez que ela ia visitá-la. Enid era boa, ela era verdadeira.

De alguma forma, ela lembrava o próprio pai, sua mania de olhar falando nos meus olhos, assim como ele fazia. Seu modo de ver o que os outros não estavam vendo.

Depois Wednesday chegou, e o que estava incompleto em Enid acabou se completando, era algo dos introspectivos observar mais e falar menos. Por isso sempre notou a chama invisível entre elas, o cuidado mesmo estando as duas "separadas"

Gostava delas, e esperava que elas também gostassem de mim a ponto de não me deixarem. Era um medo que tinha, um pensamento ruim que a própria mãe colocou na minha cabeça.

Levantou o olhar quando se sentiu sendo observada, e a impressão se tornou verdadeira quando viu o rapaz de nome estranho me encarando. E uma coisa que odiava era olhares sobre mim, se sentia incomodada.

Foi por isso que acabou sendo ignorante com Chloe no primeiro encontro que tiveram, não ia negar, teve vontade de lhe socar a fuça quando ela me mediu dos pés a cabeça. Na verdade, às vezes ainda tinha aquela vontade invisível, mas que se tornou suportável no pouco tempo de convivência que tivemos.

Talvez com ela ali, não se sentiria tão deslocada naquela mesa, mesmo ela tentando puxar assunto. Sua presença seria melhor, mesmo no silêncio que estaria entre nós.

Um barulho embaixo da mesa bagunçou os pratos e o rapaz grunhiu em dor, colocando a mão na perna. Seus olhos focaram no menor ao meu lado, ele tinha levado um chute do mesmo e não precisava ser gênio para saber daquilo.

— Williams!

— Desculpe tio, não foi minha intenção.

Seus pequenos olhos se viraram na minha direção, ele sorriu e voltou a comer o bolo. Riu porque percebeu, tinha sido proposital seu chute e ele não estava arrependido coisa nenhuma.

My Big Sister - Spin-offOnde histórias criam vida. Descubra agora