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Uma corda em volta do pescoço, era esse o sentimento que tinha ao estar em um carro a caminho do Shopping com a loba intrometida e o filhote de zangado no banco de trás do carro.

Ambos se uniram para me tirar o juízo desde o dia anterior, adentrando minha zona de conforto que era minha cama e me obrigando a aturar suas presenças. Williams não se importava tanto, era uma criança que por alguma razão gostava mais do que deveria.

Já Chloe era difícil colocar em palavras e pensamentos o relacionamento que tinha com ela. Até tentou na hora em que acordou sair de mansinho da residência, mas deu de cara com a matriarca que tinha uma beleza tão avassaladora que travou e não conseguiu se mexer.

O que aconteceu após aquilo foi ajudar a mesma no preparo do café da manhã, em silêncio e apenas fazendo o que me era designado. Agradeceu sua pessoa por não me obrigar a socializar, além do humor não ser um dos melhores pela manhã, não tinha a mínima ideia do assunto que teria com sua pessoa.

Mesmo aérea e estranhando completamente aquela casa que mais parecia um castelo, estava sendo tratada bem, tirando que percebia os olhares do rapaz mais velho, como se quisesse me afrontar e questionar o motivo da minha existência ali.

E ele quase fez, se não fosse por Chloe que surgiu atrás da minha pessoa e o olhou como um felino, fazendo ele retroceder cada gesto ou ação que quisesse fazer. Não ia mentir, viu a mesma enforcando ele no carro, não conhecia aquele lado da garota, mas achou bacana.

A rixa entre eles ficou nítida quando ela comentou sobre Enid, então não tinha dúvidas de que a agressão da parte dela tinha sido algo envolvendo a tia. Não ia negar, se escutasse ele falando de Enid, também ia querer lhe socar a cara.

Celline parecia bem a vontade com os donos da residência, e eles com ela, e ficava contente por ver a mulher que considerava demasiado se enturmando e tirando uns dias de descanso daquele trabalho misógino.

Percebeu a troca de olhares na mesa entre ela e Morticia na minha direção, tinha quase certeza de que a antiga babá contou para a mulher meu segredo. Já que quando estava saindo com Chloe e Williams, a matriarca sussurrou para o marido algo e ele falou " Oh, isso é maravilhoso, uma festividade a caminho".

Não culpava Celline por partilhar a data do meu aniversário para eles, em qualquer oportunidade dela fazer aquilo ela fazia, uma vez até a moça do açougue me desejou festas.

Ela era a única que se recordava da data, ou melhor dizendo, a única que se importava o suficiente para me desejar felicitações. Caso contrário, passaria, como em todos os outros anos, escutando música sozinha no quarto.

Era só mais uma data qualquer, com a diferença que estava completando mais um ano mais perto da morte. Talvez estivesse sendo um pouco mal-humorada, mas era aquilo que pensava.

Toda vez que o aniversário se aproximava, adentrava em uma crise existencial gigantesca. Tinha saudade de quando tinha seis anos, quando o pai ainda era vivo e a mãe ainda fingia se importar com minha presença. 

— Terra chamando Lilith — Dispersou quando os dedos de Chloe estalaram em frente ao meu rosto — Onde estava criatura, porque aqui não era.

— Já não basta invadir minha cama, quer invadir meus pensamentos também?

— Acordou com a bunda para lua hoje em — Williams riu no banco de trás — O que tá pegando?

— Nada, só não estou no meu melhor ânimo.

— E desde quando você está? — A olhou séria — Certo, desculpe...

Olhou pela janela, notando só então que estávamos em um estacionamento.

My Big Sister - Spin-offOnde histórias criam vida. Descubra agora