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🐺

Nunca se sentiu tão suja quanto no momento em que saiu daquela bendita reunião da madrugada.

Se tivesse a oportunidade de se bater, com toda certeza faria sem pensar duas vezes.

Pensamentos ruins e maçantes sobre o que fez rodavam a mente. Onde teve vontade de chorar por estar se comparando com uma vagabunda.

Não foi intencionado encarar os olhos verdes, não mesmo, mas acabou acontecendo. Primeiro levou um baita susto com a voz grossa soando atrás do ouvido, a curiosidade obviamente me fez olhar para o dono.

Só não imaginou que os olhos verdes daquele homem poderiam ser tão verdes, verdes da cor de um campo que toma muita chuva, um verde quase surreal para ser verdadeiro.

E como ele não desviou o olhar, eu também não desviei. Chegou a ser uma atitude quase ingênua que nos arremeteu o constrangimento logo em seguida.

Onde se sentiu suja com o olhar que estava recebendo de Cheryl, que com toda certeza devia estar me comparando com uma meretriz. Ou apenas com alguém sórdida o suficiente para deixar um belo clima no ambiente.

Clima esse que ficou pior quando o rapaz retirou a blusa, e quis o amaldiçoar por sempre encontrar meus olhos em meio àquele aglomerado de pessoas.

Era humana, e assim como todos do recinto, acabou olhando as ações dele. Não negaria, ele era de fato muito bonito, mas não o encarou só por aquilo.

Acabou vendo a cicatriz que estava em seu ombro, quase apagada, e ela acabou me chamando mais atenção do que os três lobos em suas costelas.

Mas claro, talvez ninguém mais tenha percebido a cicatriz, apenas o fato dele estar despido na cozinha e ser "Um pedaço de mal caminho" como Melissa muitas vezes proferiu.

— Idiota — Quase tropeçou em Simba, que dormia no corredor — Isso, imbecil, agora pisa no cachorro e deixa sua consciência pior... Meus parabéns, Chloe.

Quem passasse pelo corredor e me visse falando sozinha, com certeza me acharia uma maluca de mão cheia.

— Desculpa, Simba — Acariciou a cabeça do cachorro, o único que talvez não teria uma ideia errada sobre minha pessoa.

O fato de estar guardando o choro me fazia querer desmoronar no mesmo segundo.

Era algo particular, uma sensação que apenas eu poderia resolver. Nem mesmo conseguiu falar com Lilith quando voltou para o quarto.

E a garota percebeu que não devia abordar nada, preferindo ficar em silêncio e me consolar da maneira que ela julgou que eu gostaria.

Me deixando dormir com ela, não reclamando quando usei seu ombro como apoio. Onde sua mão segurou a minha e ela acariciou o dorso com o polegar.

Ato que apreciou, pois seria o mesmo que tia Enid faria. Lilith de fato era como uma versão dele com tia Wednesday, não tinha como negar.

A questão é que estava tão envergonhada com tudo, tão saturada com a própria mente que olhar para a cara dos outros se tornou uma tarefa difícil.

Fez exatamente o que a frase "É preferível afrontar o mundo para servir a sua consciência, do que afrontar sua consciência para servir ao mundo." dizia.

Mas algo naquela frase não fazia sentido na situação atual. Porque estava se sentindo com a consciência pesada por tentar fazer o certo, por querer algo verdadeiro e não iludir ninguém.

Ia voltar a caminhar quando um pequeno choro chamou atenção, palavras desconexas sendo dita por uma voz infantil. E por pura curiosidade a seguiu.

Era uma criança, não tinha dúvidas, mas os primos estavam dormindo no andar de cima e não chamariam o nome "Josh" quase em desespero.

My Big Sister - Spin-offOnde histórias criam vida. Descubra agora