Golden State. (Revised)

Capítulo 4: Lista dos mais prováveis

— Quantas calorias tem nesse cachorro-quente? — Normani ficou na ponta dos pés para conversar com o atendente do trailer.

Minhas amigas e eu estávamos comprando comida no lado de fora do campo de futebol de Earwood High School enquanto o jogo não começava. Sorte a minha de ter trazido uma jaqueta, porque o tempo dava sinais de que desabaria a qualquer momento, mas nenhuma das equipes quis cancelar o jogo.

— Quantas calorias? Ahmmm... tem... uma salsicha e bastante ketchup. — Ele explicou, ajeitando a touca higiênica que protegia os seus cabelos. — Vai querer ou não?

— Vamos levar dois, por favor! — Me enfiei na frente de Kordei e o homem sumiu por alguns instantes, voltando com o meu pedido logo depois. Retirei a salsicha de um dos cachorros-quentes e a coloquei no outro, oferecendo o pão vazio à líder de torcida. — Toma, Normani, cachorro-quente light! Agora deixa a fila andar!

— Você é rude, Jauregui! — Apesar do xingamento, ela aceitou o pão. — Não é 'pra mim, eu não como isso! É 'pro Chad.

Chad Koldyke, o eterno namorado-ex-namorado de Normani. Os dois compartilhavam um relacionamento amoroso desde que pisei nesse colégio pela primeira vez, porém, era um maldito "ioiô". Isso porque Normani era do tipo de garota que precisava ser a coisa mais importante da vida do seu namorado, gostava de controlar até mesmo o corte de cabelo dele e escolher quantos carboidratos ele deveria consumir por dia — e Chad não era do tipo de garoto que queria a fama de "capataz" da sua "gata". Com certeza, pegaria meio mal no time de basquete.

Eu até entendia ele... imagina só, ter uma namorada no seu pé vinte e quatro horas por dia? Não, nem pensar. Eu gostava da liberdade que a Holly me dava. Se bem que única coisa que ela me deu e eu não curti muito, foi o chifre mesmo...

— Vocês voltaram? — Mordi o cachorro-quente, voltando o olhar para o homem no food truck e terminando de mastigar antes de prosseguir: — Vou querer uma latinha de Coca também, por favor.

— Ew, não! Nós ficamos juntos na festa dos Hawks ontem, mas eu não vou voltar com aquele mané. — Sim, ela vai. E, Deus, nem fale nessa festa... — Só fui atrás do Chad porque me contaram que a Peyton Mullins soltou a taramela para cima dele.

— Soltou a taramela? — Peguei a lata de refrigerante e estendi uma nota de dez dólares ao atendente, esperando pelo troco: — Obrigada!

— É, tipo, ficou de conversinha, sabe? Quem aquela garota pensa que é?! Se o Koldyke fizer uma coisa dessas comigo, eu acho que o mato!

— Uma coisa dessas? Tipo, ficar com uma menina meses depois de você ter chutado a bunda dele? Nossa, seria uma sacanagem enorme! Chad não pode fazer isso com você!

Minha ironia me rendeu um bom empurrão de ombro.

— Uma "menina", Laur?! A Peyton é uma ratazana!

Nós caminhamos juntas enquanto conversávamos sobre aquilo. Ou melhor, Kordei falava sem parar e eu escutava com atenção... certo, eu fingia escutar, maneando a cabeça positivamente e pensando em literalmente qualquer outra coisa que não fosse no seu relacionamento fadado ao fracasso.

Veronica e Hailee se juntaram a mim, e Normani foi procurar pela sua trupe de líderes de torcida para um rápido aquecimento antes do jogo. Nós escolhemos um bom lugar na arquibancada, onde poderíamos enxergar a apresentação das animadoras e, principalmente, a nossa amiga. No final de todo o show, ela faz perguntas sobre os seus passos de dança para saber se a gente realmente prestou atenção nela.

— Esse vento 'tá horrível. — Hailee reclamou, tentando fazer com que seus cabelos parassem de voar. O tempo continuava instável e algumas gotas gélidas d'água já pingavam nos meus ombros. — Eles deveriam cancelar a partida hoje.