VII

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Yhasemin Donovan

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Estava em um lugar escuro e frio, passei as mãos pelo meu corpo sentindo-o muito gélido. Tentei olhar em volta para tentar enxergar algo, mas era em vão. Esse lugar não me era estranho; eu já estive aqui antes, em algum momento da minha vida.

Respirei fundo e forcei minhas mãos no chão para me levantar. Segui andando, ou pelo menos tentando andar por aquele lugar. Não havia nada, absolutamente nada, apenas um breu e uma áurea sombria e estranha.

- Não se lembra de mim, barn? - uma voz estranha surgiu do breu.

- Quem é você? Onde estou? - disse, tentando manter a calma. Meu subconsciente me alertava: "é apenas um sonho."

- Isso não é um sonho, barn. Só estou aqui para te visitar. Já faz um tempo que não te via - a voz, agora mais clara, era grossa e um pouco rouca - claramente masculina - e parecia mais perto de mim.

- Claro que é um sonho. Esse lugar não existe!

- Como pode ter certeza disso, barn?

- Eu não te vejo e nem te sinto. Isso é um sonho! - Escutei uma risada rouca, quase inaudível, vindo do ser ainda desconhecido. - O que você quer? Quem é você? - perguntei de novo.

- Você me escuta, e isso para mim já basta. Já lhe respondi antes, amica mea. Apenas vim ver você. Não precisa saber quem sou agora.

Ao terminar de falar, senti uma presença logo atrás de mim. Logo depois, pude sentir garras grandes e afiadas em minha cintura. Seja lá o que for, era muito grande.

Senti aquelas garras subindo pelo meu corpo e parando no meu pescoço. Respirei fundo e fechei os olhos o mais forte que pude para evitar que as lágrimas caíssem.

- Não me machuque, por favor! - disse praticamente em um sussurro.

- Eu nunca faria nada com você, ást mín. Não quero que se sinta desconfortável comigo. Apenas se acalme. - Após dizer isso, senti a tal criatura vir à minha frente e passar algo úmido em meu rosto, como se estivesse lambendo minhas teimosas lágrimas.

- Pare de me torturar com isso, por favor!

A criatura riu novamente, uma risada que parecia ecoar nas profundezas da escuridão ao redor.

- Eu sou alguém que te conhece muito bem, Yhasemin. Alguém que esteve à espreita em suas sombras por muito tempo.

Tentei recuar, mas a criatura segurou-me firmemente, as garras enterrando-se ligeiramente em minha pele.

- Você não vai fugir de mim, mey. Não aqui.

Podia sentir o desespero crescendo dentro de mim, mas lutei para manter a calma.

- O que você quer de mim? - perguntei novamente, minha voz agora mais estável.

- Quero que você se lembre, ást mín. Lembre-se do que você perdeu, do que você é. - A voz era mais suave agora, quase reconfortante, mas ainda carregava um tom sinistro.

Tentei pensar, tentar me lembrar de algo que pudesse dar sentido a essa experiência aterrorizante. Sabia que esse lugar não era apenas um sonho, mas uma parte de minha memória, algo enterrado profundamente dentro de mim.

De repente, flashes de imagens começaram a inundar minha mente: uma batalha feroz, gritos de dor e desespero, e uma sensação esmagadora de perda. Vi uma figura sombria em meio a carnificina observando tudo com olhos brilhantes.

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