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Aidan Benett

   3 meses antes do desaparecimento

Desde jovem, sempre me senti fascinado pelo lado obscuro das coisas. Enquanto os outros se concentravam nas virtudes da luz e da justiça, eu me interessava pelos mistérios das sombras. O poder que emana do desconhecido, do proibido, sempre me chamou. E foi esse fascínio que me levou a procurar as Sombras do Crepúsculo.

Ao contrário do que os outros podem pensar, nunca fui movido por um senso de justiça ou dever para com meu povo. A verdade é que sempre desejei mais. Mais poder, mais conhecimento, mais controle. O reino, com suas regras rígidas e moralidades sufocantes, nunca me serviu. Eu queria liberdade, queria explorar os extremos do poder, e as Sombras do Crepúsculo eram a chave para isso.

Tudo começou quando encontrei aquele antigo templo nas fronteiras do reino. As inscrições nas paredes falavam de um poder ancestral, um poder que prometia infinitas possibilidades. E foi lá que conheci Eamon, um emissário das Sombras do Crepúsculo. Sua presença era imponente, seu olhar penetrante, e suas palavras ressoavam com a promessa de poder absoluto.

- Aidan Benett, sei o que você deseja. Posso sentir a fome por poder em seu coração - disse Eamon, com um sorriso cruel. - Você quer mais do que este reino pode oferecer. Junte-se a nós, e lhe darei tudo o que sempre quis.

Não hesitei. Sabia que aliar-me a eles significava trair tudo o que o reino defendia, mas isso não importava. O que importava era o poder que eu poderia obter. Eamon me introduziu aos segredos das Sombras, ensinou-me feitiços antigos e proibidos, mostrou-me como manipular as forças das trevas. A sensação de poder era intoxicante, e eu queria mais.

A cada dia, eu mergulhava mais fundo no conhecimento sombrio. Aprendi a controlar as forças que os outros temiam. As runas antigas que haviam sido esquecidas pelo tempo eram minhas para decifrar e utilizar. As Sombras do Crepúsculo me deram acesso a poderes que poderiam devastar cidades, manipular mentes e torcer a realidade.

Eu sabia que meu envolvimento com as Sombras levantaria suspeitas. Perséfone, minha irmã, com sua moralidade inabalável, jamais entenderia minhas escolhas. Ela sempre foi a preferida, a justa, a heroína do povo. Mas eu, eu estava cansado de viver à sombra dela. Queria criar meu próprio caminho, e se isso significava me tornar o vilão aos olhos do mundo, que assim fosse.

Os outros líderes das legiões também começaram a desconfiar de minhas ações. Eu estava sempre à frente, sempre com respostas e soluções que ninguém mais tinha. Mas ao contrário do que eles pensavam, eu não estava interessado em proteger o reino. Estava apenas usando essa posição para ganhar mais poder, para me aproximar ainda mais dos objetivos das Sombras do Crepúsculo.

Eamon me deu uma missão: enfraquecer as defesas do reino, facilitar a invasão das Sombras. O plano era simples, mas brilhante. Enquanto todos pensavam que eu estava protegendo o reino, na verdade, estava preparando-o para a queda. Utilizei os feitiços que aprendi para abrir brechas nas defesas, manipular informações e causar divisões entre as legiões.

Minha lealdade nunca foi para com o reino ou seu povo. Eu era leal apenas a mim mesmo e ao poder que podia obter. As Sombras do Crepúsculo eram uma ferramenta para alcançar meus objetivos. Não me importava quantos precisariam sofrer ou morrer para que eu obtivesse o que queria.

E agora, com tudo em movimento, a invasão das Sombras estava próxima. O reino estava vulnerável, exatamente como eu planejei. O caos e a destruição eram inevitáveis, e eu, no meio de tudo isso, estava pronto para reivindicar o que é meu por direito.

Os outros veriam o verdadeiro poder que eu havia alcançado. E Perséfone, ela veria o erro de sua moralidade rígida. Quando as Sombras do Crepúsculo tomassem o controle, eu estaria ao lado deles, não como um servo, mas como um igual. Eu seria o arquiteto da nova ordem, onde o poder seria a única lei.

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