Terra De Luz E Sombra

XV

Yhasemin Donovan 

O vento frio da manhã fazia os cabelos voarem ao redor do meu rosto enquanto eu me fixava em Rikeln. A ansiedade e a expectativa misturavam-se em meu estômago, enquanto as ondas do mar refletiam a luz suave do sol nascente. A ideia de embarcar para Alfheim me deixava animada e apreensiva ao mesmo tempo. 

— Então, Alfheim, — murmurei, deixando que o nome rolasse em minha língua. — O reino dos elfos da luz. Dizem que é deslumbrante.

— É mais do que isso, —  Ele respondeu, olhando para o horizonte como se pudesse ver além das ondas. — Os elfos de Alfheim são conhecidos por sua habilidade mágica e por serem os guardiões de segredos antigos. Eles podem ter conhecimento sobre os artefatos que precisamos.

— E os elfos são amigáveis? — perguntei, não podendo evitar a cautela na minha voz. Sabíamos que nem todos os seres mágicos eram benevolentes. Ele sorriu, mas seu olhar continha uma seriedade que não passou despercebida. 

— Alguns são, outros nem tanto. O que importa é que precisamos convencê-los a nos ajudar. A magia deles pode ser a chave para proteger nosso reino.

Enquanto as palavras dele se fixavam em minha mente, meu coração pulsava com a ideia de estar em meio a elfos. Sempre imaginei como seria aquele reino místico, repleto de luz e beleza, um lugar onde a magia fluía como um rio sereno. Mas agora, essa viagem tinha um objetivo mais sombrio. 

— E quanto tempo a viagem vai levar? — perguntei, buscando um pouco mais de clareza sobre o que nos esperava.

— Em torno de três a cinco dias de navio, dependendo das condições do mar, — respondeu com a voz firme. — Devemos nos preparar para a longa jornada.

Um manto de silêncio caiu sobre nós enquanto continuávamos a cavalgar em direção ao porto. 

O som do mar batendo nas pedras proporcionava uma trilha sonora tranquila, mas as sombras que nos cercavam pareciam sempre presentes. 

Chegamos ao porto, onde a brisa do mar se tornava mais forte, levando com ela o cheiro do sal e do frescor do oceano. A movimentação dos marinheiros, preparando os barcos para a viagem, era uma cena familiar, mas em meio a esse cotidiano, havia uma sensação palpável de urgência no ar. Eles sabiam que estávamos em um momento decisivo, e a determinação em seus rostos refletia nosso próprio foco.

Rikeln subiu a bordo do navio, e eu o segui. O barco era robusto, construído para enfrentar as tempestades mais severas. O capitão, um homem de idade avançada com cabelos grisalhos e uma cicatriz que cruzava seu rosto, nos cumprimentou com um aceno de cabeça. O olhar dele era firme, como se já soubesse da importância da nossa missão.

— Prontos para partir? — perguntou o capitão, enquanto ajustava as cordas das velas.

— Sim, estamos prontos — respondeu Rikeln, demonstrando confiança. Eu me juntei a ele, observando enquanto a tripulação começava a preparar o barco para zarpar.

Assim que o navio se afastou do porto, a emoção de estar em uma nova jornada tomou conta de mim. O som das ondas e o movimento do barco criavam um ritmo hipnotizante, e eu me deixei levar pela beleza do oceano que se estendia até onde os olhos podiam ver.

— Yhasemin, venha aqui, — Rikeln chamou, e eu fui até ele. Ele estava observando um mapa estendido sobre uma mesa de madeira desgastada. — Precisamos planejar nosso caminho.

Estudamos o mapa juntos, as linhas representando rotas marítimas que levavam a Alfheim. Havia várias ilhas e recifes que precisávamos evitar, mas o traçado principal parecia claro. A viagem não seria apenas uma travessia; seria um teste de nossa capacidade de navegar com segurança em águas desconhecidas.