14 - Nem Tudo Que Reluz, É Ouro

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Tudo o que eu passei nesses últimos dias está me deixando maluca. Sofri de tantos jeitos inimagináveis, que me pergunto "Será que agora só resta a parte boa?". Realmente estou tendo a mudança que eu tanto procurava. Só não esperava ter que perder tudo, para come

Eu realmente mandei mensagem para Pedro depois da conversa com Helô? Acho que sim. O que acredito ter sido uma grande burrice! Nada entre nós foi alterado, e a nossa situação continua uma das piores. Em vez de desconfiar de tudo e de todos, lá foi eu acreditando novamente na bondade alheia. E o que me impressionou mais foi ele retornar no segundo em que viu a mensagem. Definitivamente deveria irei atender! Isso já devia ter ficado no passado.

Deito o celular para baixo e ignoro. Já me arrependi da mensagem.

Mas ele insiste, e liga mais uma vez. Eu espero até que desligue, mas quando acontece, logo volta a tocar. Meu Deus! Eu respiro fundo, e atendo.

- Alô? — digo tentando parecer casual, mas estou com uma sensação de insegurança imensa.
- Você não ia atender. — me acusa, mas sua voz parecia brincar.
- Não, eu acho. — ficamos um tempo em silêncio e eu continuo — Não sabia o que falar quando atendesse.
- Eu também não sei muito bem o que fazer, isso tudo é muito diferente pra mim.
- Como assim? — pergunto ja com o coração acelerado. Afinal, parece que ele ainda me provocava arrepios.
- Eu queria te ver, pra gente conversar sobre tudo o que houve.
- Não temos o que falar sobre o que passou. Você pode ter a sua vida, é um homem livre.
- Quero resolver, Lu. Mesmo que não tenhamos um final como eu espero. Sei la, aquela nossa última conversa ainda ecoa na minha mente.
- Pedro...
- Luisa, me deixa ir te visitar...

Ficamos em silêncio por um minuto inteiro enquanto eu gaguejava alguma desculpa, por fim desisti e ficamos apenas ouvindo nossa própria respiração.

- Ta bem... mas eu estou péssima.
- Duvido muito, você é linda de qualquer jeito.
- Eu já aceitei, pare de tentar me ganhar. — respondo ja rindo.
- Assim que eu gosto de te ver, sorrindo.
- Obrigada por ter me feito sorrir, tenho tido dias bem difíceis. — lembro de todos os dias internada no hospital.
- Tava com saudades da sua voz. Obrigado por me dar a chance da gente conversar e ficar numa boa. — diz com uma voz mansa.
- Eu tam... — e desisto. Não quero que ele entenda mal a nossa conversa. — Quero ficar numa boa também.
- Não quero te pressionar, tá bem? — eu prefiro guardar o que sinto.
- Eu sei disso, e agradeço. Tá tudo bem intenso pra mim ultimamente.

Estranhamente ele me fez me sentir bem, acho que vai ser importante colocarmos um fim nessa história como deve ser. Podemos ser bons amigos, afinal temos amigos em comum. Conversamos mais um pouco para combinar um encontro, e ficou marcado para amanhã ao fim do dia. Assim tenho tempo de falar com a minha mãe, e tentar colocar meus pensamentos em ordem.

Quando minha mãe volta, sentamos e conversamos abertamente. Expliquei tudo o que a Helô me falou também, e que achava que ele merecia uma conversa para fechar esse assunto. Minha mãe concorda comigo, e me ajuda a preparar alguns petiscos para comermos quando ele chegar. Ela disse que gostaria de estar em casa, visto que ele é um estranho para ela. Eu concordei, ja havia pedido demais para ela e entendo a sua preocupação. Depois de tudo o que vivi, também não queria me colocar em mais riscos.

Ainda não conversei com Helô desde aquela noite, e acho que por agora será melhor assim. Eu realmente me senti traída por ela, pois achei que éramos transparentes entre nós. Entre irmãs. Mas percebi que cada uma tem suas convicções e seus segredos, então também terei os meus a partir de agora. Não vou mais expor minha vida em todos os detalhes, para não criar expectativas em receber o mesmo. Só de imaginar que ela foi mais amiga dele do que minha, ainda me dói.

Logo chega a hora de Pedro vir, mas ele ainda não mandou nenhuma mensagem. Por isso me assusto quando escuto a campainha, e minha mãe vai o receber. Eles se cumprimentam, se apresentam e ela o trás até mim na sala.

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