Capítulo 30

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Último capítulo, espero que gostem!

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LAUREN 

Os olhos de Camila se arregalam com a minha proposta. Ela provavelmente está se perguntando se estou falando sério, e pode apostar que estou. Não importa os meios, vou recuperá-la. 

— Você está me chantageando para me casar com você. Novamente.

Não é uma pergunta, mas decido esclarecer assim mesmo.

— Sim eu estou.

Seus olhos encaram os meus, e eu os observo de perto. Eles estão vermelhos nas bordas, e as lágrimas ainda estão fluindo. Acho que ela nem percebe que ainda está chorando, e anseio por afastá-las com a mão. Esta será a última vez que ela chora por minha causa, prometo a mim mesma.

Eu preciso que ela diga sim. Não há como passar mais uma noite sem minha gata selvagem enrolada ao meu lado. Ela levou meu coração negro com ela naquele dia em que partiu, e se ela disser não, ela pode ficar com ele. Estou arruinada para qualquer outra pessoa de qualquer maneira. 

— Jesus, Lauren. — ela suspira e pressiona as palmas das mãos sob os olhos. 

Eu olho para suas mãos, que estão manchadas de tinta preta, e uma pequena chama de esperança sobe em meu peito.

— Você não tirou os anéis.

— Eu não podia. — Ela abaixa as mãos e suspira. 

OK. Estamos chegando a algum lugar. Eu alcanço sua mão e tiro os anéis de seu dedo. Eles saem com muita facilidade. Ela emagreceu. Eu vou estrangulá-la. 

— Devolva isso! — ela grita e agarra minha mão, mas eu a movo para trás. 

— Eu vou. Apenas me dê alguns segundos. — eu digo, e agarrando a bengala, lentamente começo a abaixar meu joelho esquerdo em direção ao chão. 

Camila olha para mim, com os olhos arregalados. Ela está chorando de novo.

— Merda, baby. Não faça isso.

Eu ignoro a dor gritante na minha perna direita e abaixo meu joelho esquerdo um pouco mais. Não é a pose exata que eu imaginei, mas é o mais próximo de ficar de joelhos que eu consigo. Eu levanto os anéis na frente dela. 

— Você quer se casar comigo, malysh?

Ela choraminga e exala, as lágrimas ainda escorrendo pelo rosto, então agarra a frente da minha camisa e me puxa para cima. Levo alguns segundos para me endireitar, e quando o faço, ela levanta a mão entre nós. 

— Você não vai se safar com a versão barata desta vez, Lauren. — Ela chora. — Eu quero um vestido, grande e fofo e brilhante. Quero uma tonelada de flores, uma orquestra tocando música chique e, claro...

Sinto meus lábios se curvarem em um sorriso. Estou apaixonada pra caralho pela minha esposa maluca. 

— Eu te amo! — eu sussurro, deslizo os anéis em seu dedo, então agarro seu rosto e a beijo.

***

Eu traço minha palma pelas costas de Camila, em seguida, a abaixo para apertar sua bunda, e refazer o caminho até a parte de trás de sua cabeça, onde meus dedos ficam presos em fios verdes escuros emaranhados.

— Isso vai sair?

Camila levanta a cabeça do meu peito e olha para a mecha de cabelo entre meus dedos.

— Não é fã de verde?

— Na verdade, não. Mas se você gosta, eu estou bem com isso. É horrível, no entanto.

— Ele vai sair em uma semana mais ou menos. Eu também odeio. — Ela dá de ombros e abaixa a cabeça novamente, bem sobre o meu coração. — Como você vai parar a guerra com os italianos?

— A maneira usual. Alguém vai se casar com uma doce e dócil italiana.

— Muito romantico. E quem será o noivo sortudo?

— Ainda não decidi. Provavelmente Kostya. 

— Tenho certeza que ele vai se emocionar. — Ela boceja e fecha os olhos. — Como está indo a fisioterapia?

— Terminei há duas semanas. Warren disse que atingimos o máximo do que poderia ser alcançado, então não há mais necessidade disso.

— Estou feliz. Eu sei o quanto você odiava aquelas sessões. Você é sexy com a bengala, assim como eu previ. — Ela sorri sonolenta. 

Eu levanto alguns fios de cabelo emaranhados de seu rosto, então olho para o lado da cama onde minhas muletas estão apoiadas na parede. Acho que ela não as notou quando entramos, pois estávamos preocupadas em tirar nossas roupas a caminho da cama. Ela descobriria pela manhã de qualquer maneira, mas eu prefiro contar a ela imediatamente e acabar com isso. 

— Camila... Eu tenho que te dizer uma coisa. 

— Mhm... pode esperar até de manhã?

— Não.

Sua cabeça se levanta imediatamente, seus olhos me encarando.

— O que você fez?

— Eu não fiz nada. É apenas algo que eu preciso que você saiba.

— Oh Deus… — Ela geme. — Apenas me diga o que diabos você fez.

Minha linda florzinha está me observando, com os olhos arregalados. Eu odeio que eu tenho que dizer a ela. Eu odeio tanto que me deixa doente. 

— Ainda estou usando as muletas, Camila. Meu joelho ainda está rígido de manhã e não consigo andar sem elas durante a primeira hora. — Cerro os dentes e continuo: — Às vezes também preciso delas à noite.

Ela está apenas me observando, seus olhos olhando nos meus. Eu preciso que ela diga alguma coisa. Qualquer coisa. 

— E? — ela pergunta finalmente. 

— E o que? É isso. — eu digo. 

Seus olhos se arregalam ainda mais. 

— Puta merda, Lauren, não me assuste assim. — Ela me bate na minha barriga com a palma da mão. — Achei que você ia me contar algo importante, tipo que você matou Igor enquanto eu estava fora. Cristo, baby.

Eu a encaro. Não a reação que eu esperava. Decepção, sim. Ou pelo menos algum desgosto quando ela percebesse que acabaria amarrada a uma mulher deficiente pelo resto da vida. Isso não é muito importante? Talvez ela pense que é apenas temporário. 

— Camila, você não entende. Não vai ficar melhor do que isso para mim. Me desculpe, malysh.

Ela se inclina para frente até que sua testa toca a minha e coloca as palmas das mãos em cada lado do meu rosto.

— Sim, você já me disse. Eu também vi suas muletas e deduzi isso, baby. E eu não poderia me importar menos. — Ela coloca um beijo em meus lábios. — Então, você não matou ninguém enquanto eu estava fora?

Decido ficar quieta sabiamente, mantenho minha boca fechada. 

— Lauren? — Ela estreita os olhos para mim. 

Eu suspiro.

— Eu matei Tanush, ok?

— Eu sabia. EU… — Ela balança a cabeça. 

— Foi ele quem armou a bomba com Leonid. 

Camila me olha, franze o nariz e assente.

— Ele mereceu. — Ela diz e retoma sua posição no meu peito. — Apenas, por favor, não mate mais ninguém por minha causa.

Eu escuto até que sua respiração se equilibre. Quando tenho certeza de que ela está dormindo profundamente, pego sua pequena mão do meu peito e coloco um beijo nas pontas de seus dedos. 

— Eu vou matar qualquer um que se atreva a te machucar. — eu sussurro. — Eu só vou me certificar de que você não descubra da próxima vez.

*****
Tem epílogo, comentem que eu posto...

A Deal with the Máfia - Lauren Intersexual Onde histórias criam vida. Descubra agora