Comentem que eu volto...
*****
CAMILA
Sento-me à mesa de jantar, coloco a pasta parda na superfície à minha frente e apenas olho para ela. Vinte minutos se passam antes que eu tenha coragem de abrir a pasta e tirar os papéis. Pego uma caneta do copo, coloco a ponta no início da linha pontilhada no canto inferior esquerdo e começo a assinar meu nome. Minha visão turva e lágrimas caem dos meus olhos, caindo no papel abaixo e manchando a tinta. Merda.
Amasso o documento arruinado, pego outra cópia da pasta e começo de novo. Em algum lugar na terceira página, minha mão começa a tremer, mas continuo assinando. Na quinta, eu desmorono e começo a soluçar. Eu nem consigo mais ver o maldito papel, então me levanto e saio da cozinha para me acalmar.
Levo mais de duas horas para assinar as três cópias dos papéis do divórcio. Então, eu os selo em um grande envelope, escrevo o endereço de Lauren e ligo para o mensageiro.
LAUREN
— Isso acabou de chegar. — Varya me entrega um grande envelope branco. — É da Camila.
Rasgo a lateral do envelope, tiro uma pasta com um conjunto de papéis dentro e coloco na minha mesa sem abri-la.
— É melhor não ser o que eu acho que é. — eu grito com os dentes cerrados, abro a pasta e olho para o primeiro documento.
— Lauren? O que está acontecendo? — Varya pergunta e dá a volta na mesa para ficar ao meu lado.
— Ela quer o divórcio. — Eu agarro a mesa e lanço a maldita coisa em direção ao centro da sala, onde ela cai de cabeça para baixo, enviando o laptop e os papéis pelos ares. — Ela não vai conseguir a porra do divórcio! — Eu grito.
CAMILA
Os papéis voltam dois dias depois. De pé na porta, rasgo o envelope, tiro os papéis e olho para a linha no canto direito onde está escrito o nome de Lauren. Acima dela, na linha pontilhada onde deveria estar sua assinatura, um grande "Não" está escrito em tinta vermelha. Viro a página. O mesmo grande "Não" vermelho neste. E no próximo. E o próximo.
— Maldita seja, Lauren.
Pego meu telefone e ligo para meu advogado.
— Preciso de mais cópias dos papéis do divórcio.
Eu envio os papéis novamente no mesmo dia. Eles voltam um dia depois, mas em vez de sua assinatura, todo canto inferior direito está queimado.
Da próxima vez que recebo o envelope de volta, não há papéis dentro. Em vez disso, há um monte de cinzas brancas.
Quero gritar e rir ao mesmo tempo, mas acabo chorando de novo. Na manhã seguinte, decido que já chega, pego meu telefone e ligo para ela. Lauren atende no primeiro toque.
— Camila. Você recebeu minha resposta, eu presumo.
Só de ouvir sua voz me dá vontade de chorar, mas eu me preparo e tento o meu melhor para soar normal.
— Eu preciso que você assine os papéis do divórcio.
— Não.
— Lauren, por favor.
— Eu não estou dando a você a porra do divórcio! — ela grita ao telefone. — Você me deixou, e essa foi sua escolha. Então essa é a minha!
— Você quer saber o que eu quero Lauren? Você ao menos se importa?
Ela suspira.
— O que você quer, Camila?
— Eu quero pelo menos uma vida remotamente normal, Lauren. Quero alguém que não decida brincar de Deus e servir à sua própria justiça, matando pessoas de quem não gosta. Eu não quero testemunhar isso. Brian era um bastardo, mas eu não queria que ele fosse morto por minha causa. Eu nunca quis isso na minha consciência. Eu lhe pedi e implorei que deixasse estar. E você o estripou como um porco. Ainda tenho pesadelos com aquela noite, Lauren.
Respiro fundo antes de continuar.
— Eu não posso viver em seu mundo, Lauren, onde eu fico fodida de medo toda vez que você vai fazer algum acordo ou algo assim. Achei que podia, mas não posso. Você tem alguma ideia do que isso fez comigo, ficar sentada na janela a noite toda enquanto você estava fora a negócios? Imaginei você em uma vala em algum lugar e esperei que eles a trouxessem de volta, baleada ou morta! Mas acima de tudo, não posso viver com a possibilidade de que um dia você decida estripar outra pessoa só porque ele me olhou de um jeito engraçado, ou algo assim. Não posso! Está me destruindo de dentro para fora. O que você fez com Brian, está me comendo. Essa culpa, saber que alguém está morto por minha causa. Eu não posso aguentar. Eu não consigo dormir. Não consigo comer. Continuo vendo seu corpo coberto de sangue, pedaços de seus dedos no chão. Deus, Lauren... Não consigo desver todo esse sangue em suas mãos.
Estou soluçando tanto no final que não tenho certeza se ela entendeu nem metade do que eu disse.
— Você entende, Lauren?
Há apenas silêncio do outro lado da linha, e começo a me perguntar se ela cortou a conexão quando finalmente ouço sua voz.
— Sim. Eu entendo. — ela diz, e a linha fica muda.
Um dia depois, chega outro envelope. Eu abro e vasculho os papéis. Lauren assinou. Olho para a assinatura dela e dói tanto que, a princípio, nem vejo o bilhete escrito no topo da página.
Se você precisar de mim, você sabe o meu número. Se você não quer ter nada a ver comigo, ligue para Maxim ou Dimitri. Eu os instruí que, caso você ligue, eles devem fazer o que você pedir, e não compartilhar comigo. Por favor, ligue para Varya de vez em quando. Ela sente sua falta. Tome cuidado, malysh.
Agarro o bilhete no meu peito enquanto meu coração se quebra em um milhão de pedacinhos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Deal with the Máfia - Lauren Intersexual
Fiksi PenggemarConsigo tudo o que desejo. E eu quero esta pequena manipuladora perfeitamente imperfeita. O jeito que ela pode enganar qualquer um para acreditar que ela está loucamente apaixonada por mim, só me faz querê-la ainda mais. Ela ainda não sabe, mas eu n...