Capítulo 17

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Estava organizando as roupas da Hope, dobrando as que tinham sido lavadas

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Estava organizando as roupas da Hope, dobrando as que tinham sido lavadas. Não reclamo de dobrar, porque muito pior é passar roupas. Roupas de criança são horríveis de passar, sempre acabo queimando meu dedo. Tenho agonia de ver bolhas de pus, é nojento e fico ansiosa para estourá-las logo. Deve ser idiotice minha.

Termino tudo e desço as escadas, vejo Hope e Danielle assistindo Rapunzel. Me seguro para não ir lá e sentar para assistir também. Como eu queria voltar a ser criança! Vou para a cozinha e vejo Keyla lavando a louça do lanche da tarde e uma panela que imaginei ser a que fez a pipoca para as meninas. Sua filha, Jasmin, estava sentada mexendo no celular. Ah, o celular, esse que eu só ando tendo tempo para mexer à noite, perto da hora de dormir. "Folgada" era o que eu pensava. Sua mãe trabalha duro e ela não pode simplesmente ajudá-la? Ela pelo menos tinha uma mãe que se importava e dava tudo que ela queria, e nem parecia dar o devido valor.

— Pode ir, Keyla, eu termino tudo por aqui – ela se virou e sorriu.

— Terminou de ajeitar as roupas dos meninos? – ela perguntou e confirmei com a cabeça.

— Como podem esses pestinhas sujarem tanta roupa? – disse Jasmin ainda olhando para o celular. Olhei para ela e me segurei para não dar uma boa resposta. Ela devia ter seus 18 anos, mas tinha aparência de ser muito mais nova.

— Gostaria que não os chamasse assim – falei. Ela, por instinto, parou de olhar para o celular e me olhou, até porque imagino que seja a primeira vez que alguém os defende — Eles têm nome, Jasmin.

Ela pensou em me responder, sei que sim, pois seu olhar era de raiva. Não gostou de ser chamada atenção, ainda mais por uma babá como eu. Sua mãe não se intrometeu ou a defendeu, afinal, nem poderia, ela estava errada.

— Obrigada, Candice. Faltam só as vasilhas que as meninas estão usando para comer pipoca – disse Keyla, secando sua mão no pano de prato.

— Não se preocupe, eu lavo. Pode ir descansar – ela sorriu e se retirou, levando sua filha com ela.

Fiquei sozinha na cozinha, refletindo sobre a casa. Hope e Danielle riam na sala, suas gargalhadas enchendo a casa de uma alegria contagiante. Observei a cozinha sentindo um misto de cansaço e satisfação.

Olhei a despensa, pensando no que poderia fazer para o jantar com o Senhor Morgan. Pensei em várias coisas fáceis; macarronada eu sabia fazer muito bem e era simples. Sendo muito sincera, eu odeio cozinhar. Sei cozinhar, mas não sou obrigada a gostar, certo? No fim, desisti. Tirei um peito de frango do congelador e uma carne. Coloquei-os para descongelar, uma dessas ele deve usar.

Fui para a sala e o filme estava quase no final. Sentei na cadeira da sala de estar e mandei uma mensagem para meu pai, informando que hoje eu chegaria mais tarde em casa. Olhei um pouco mais ao redor e vi uma tulipa roxa. Era a flor preferida da minha mãe. Lembrar dela trouxe à tona a raiva que ela começou a sentir de mim quando eu tinha nove anos. Lembro de um tapa que ela me deu no rosto, mas a ardência do tapa nem se comparou à dor que senti com suas palavras: "Tudo isso é sua culpa, Candice, sua culpa."

𝐀 𝐁𝐚𝐛𝐚́ - 𝐣𝐨𝐝𝐢𝐜𝐞Onde histórias criam vida. Descubra agora